Vamos falar de menstruação em ambiente outdoor? Guia básico com alternativas para mulheres que estão “naqueles dias”

Precisamos falar sobre menstruação em ambiente outdoor.

Cada vez mais as mulheres têm conquistado seu espaço no mundo e por que não almejar os topos do mundo também?

O público feminino tem crescido em diversos esportes, entre eles o montanhismo, e seja por questões culturais ou fisiológicas, acabamos por lidar com particularidades no desempenho dessa atividade.

Você agendou aquela travessia dos sonhos com os seus amigos e se deu conta de que justamente naquela data vai estar em seu período menstrual? Ou então nem estava previsto o início do ciclo, mas por questões psicológicas ou emocionais, ele acabou vindo de maneira antecipada? E agora?

Será mesmo necessário cancelar a tão esperada trip ou então ter que passar por desconfortos pontuais para não perder a experiência? E se eu disser que nenhum nem outro?

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Tudo pronto, vamos

A seguir discorrerei acerca do período menstrual e sobre quais alternativas podemos recorrer para driblar os possíveis incômodos dessa condição biológica feminina.

Se assim como eu, você gosta de ter fácil acesso aos itens usados com maior frequência, sugiro colocar os dispositivos listados a seguir dentro de uma necessaire ou num saco estanque (compartimento encontrado em lojas do segmento outdoor e que além do armazenamento, oferece também proteção contra a água).

Guarde-os preferencialmente no seu topo de sua mochila ou nos bolsos frontais e laterais.

Lembrando que se faz importantíssimo manter a higiene das mãos no manuseio desses itens para não haver o risco de nenhuma infecção, portanto também deixe separado lenços umedecidos e álcool em gel.

Feito tudo isso, você já ouvir falar no…

Coletor menstrual (também conhecido como “copinho” menstrual)

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Ainda pouco conhecido entre as mulheres, é uma excelente opção para ser usado inclusive no dia a dia na cidade.

Trata-se de um dispositivo de silicone (hipoalergênico) que, por ser de material e estrutura maleáveis, é inserido no interior da vagina ficando preso através de suas paredes. Como um cálice fica encarregado de armazenar o sangue menstrual.

O conteúdo recebido no interior do coletor deve ser descartado, em média, a cada 8 horas. Se usado durante as viagens, o sangue também pode ser depositado na terra. Entretanto, para isso, é necessário enterrá-lo num buraco com cerca de 30 centímetros.

O motivo dessa prática é para que não se afete a fauna e flora da região onde você estiver.

O sangue também pode ser despejado em algum recipiente, como uma garrafa envelopada com silver tape ou alguma fita adesiva similar, caso julgue necessário.

Economia sustentável

Essa é uma opção que além de econômica também agrega, e muito ao meio ambiente, uma vez que o dispositivo é reutilizável e tem durabilidade de até 5 anos.

Dessa forma, produz um menor impacto ambiental, reduzindo a produção de resíduos gerados durante o ciclo.

O coletor menstrual custa em média R$ 90,00 a unidade e pode ser encontrado em farmácias e em empresas do segmento farmacêutico.

Vale observar que o uso do coletor menstrual exige uma fase de adaptação. Portanto, se pretende usar em alguma de suas próximas viagens, use o coletor no ciclo anterior para adquirir certa prática em seu manuseio.

“Já uso o absorvente interno há tempos… também é indicado?”

Absorvente interno

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O absorvente interno é uma opção já bastante conhecida e utilizada por mulheres durante a menstruação.

Sua colocação é similar ao do coletor menstrual citado acima e as posições mais confortáveis para colocá-lo são as de cócoras ou de pé (com uma das pernas flexionada).

Deve-se então puxar o fio de segurança, mantendo-o por entre os dedos e inserí-lo lentamente no interior da vagina.

De formato cilíndrico, sua presença não deve ser sentida. Caso haja qualquer incômodo, é sinal de que a colocação não foi bem executada.

Após colocado, o fio deve permanecer para o lado de fora da vagina, possibilitando a posterior retirada do absorvente, que deve ser trocado em média, a cada 4 horas.

Detalhes importantes

É importante ressaltar que seu uso prolongado pode causar alteração da flora vaginal, uma vez que o sangue parado muito tempo na região pode contribuir para a proliferação de bactérias.

O absorvente interno é vendido em farmácias e possui diversos tipos e tamanhos. O critério para escolha ideal se dá principalmente pela intensidade do fluxo menstrual.

Essa alternativa pode ser usada por pessoas que possuem o DIU (dispositivo contraceptivo inserido no útero) e na maioria dos casos também por mulheres virgens, isso porque a colocação se dá em regiões diferentes, tanto do útero quando da película que forma o hímen.

Vale observar que algumas mulheres possuem essa película que forma o hímen um pouco mais resistente, impossibilitando assim a colocação do absorvente interno. Nesse caso, é necessário visita ao ginecologista para confirmar a possibilidade de utilização.

Após o uso, o descarte dos absorventes também pode ser feito em uma garrafa envelopada.

É recomendável que no interior do recipiente seja colocado aspirina triturada, ou alguns grãos de café, para que haja neutralização do odor gerado entre o contato do sangue com os aditivos químicos presentes no absorvente.

“Minha ginecologista sugeriu o DIU, é uma boa opção?”

DIU

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Falando em DIU, a opção hormonal também é uma alternativa para quem deseja diminuir o fluxo menstrual (ou dependendo do organismo até mesmo cessá-lo durante o período em que está sendo utilizado), podendo ser usado por até 5 anos ininterruptos.

Sua colocação se dá em clínicas ginecológicas ou em hospitais, podendo ser colocados gratuitamente tanto no SUS (Sistema Público de Saúde) e em hospitais particulares, devendo-se consultar a rede de atendimento credenciada.

O DIU também exige uma fase de adaptação, pois até cerca de três meses após sua colocação, podem ocorrer cólicas e escapes menstruais.

Nesse caso, o hormônio fica concentrado no útero, tendo circulação de apenas 1% no organismo.

Essa é uma das opções hormonais que trazem menores efeitos colaterais, tornando quase zero a incidência de menstruação.

“A tão famosa pílula…”

Pílula contraceptiva

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Ainda no quesito contraceptivos hormonais, existem mulheres que se utilizam da ingestão ininterrupta da pílula, para que não haja menstruação durante determinada viagem, eu mesma já fiz isso.

Essa é uma maneira imediatista para resolução do “problema”, porém o uso contínuo de métodos hormonais podem acarretar em muitos efeitos colaterais e o pior: problemas de saúde, como o risco de trombose.

Os hormônios presentes na pílula alteram a circulação sanguínea, interferindo na coagulação do sangue e na dilatação dos vasos sanguíneos.

No caso do montanhismo, que é um esporte de altitude, há o agravamento dessa questão pois a alteração cardíaca gerada nessa atividade aumenta o número de glóbulos vermelhos.

Esse aumento acaba por deixar o sangue mais espesso, aumentando ainda mais o risco de trombose, avc, entre outras coisas.

Um outro efeito colateral bastante negativo da pílula contraceptiva, é a queda do rendimento nas atividades físicas.

Essa queda é gerada pela diminuição da testosterona no organismo, causada pelos hormônios que ela possui.

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E aí, qual a melhor opção para você?

Claro que em cada uma das alternativas existem prós e contras, mas antes de decidir qual método será escolhido, pense com muito carinho no meio ambiente e principalmente na sua saúde.

Com planejamento e os devidos cuidados, podemos curtir nossas viagens sem grandes preocupações e empecilhos com a menstruação.

Bora pensar no próximo destino?

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