Marca cria tingimento de camisetas somente com tinta de algas marinhas

A marca de roupas Vollebak usou uma tinta derivada de algas spirulina (anteriormente conhecida como “algas azuis”) para colorir camisets, em uma tentativa de mostrar como indústria têxtil poderia se afastar de sua dependência de pigmentos pretos feitos de petróleo bruto pesado. Lembrando que 60% das roupas produzidas em todo o mundo hoje contêm fibras baseadas em combustíveis fósseis como poliéster, spandex, acrílico e elastano.

O petróleo é essencial para a criação de roupas, pois ajuda a fazer roupas coloridas e não inflamáveis. Conforme explicado no artigo sobre fibras sintéticas na Revista Blog de escalada, fibras como poliéster, raiom, nylon e algumas peles falsas usam petróleo bruto pesado.

A tinta à base de algas é criada pelo tratamento térmico da biomassa de algas para transformá-la em um carvão enegrecido, que retém o carbono sequestrado pelas algas ao longo de sua vida. Isso cria um pigmento de pó preto concentrado que, segundo o fabricante Living Ink é carbono negativo uma vez que cada quilo produzido remove 4,16 quilos de CO2 da atmosfera e foi absorvido pelas algas.

Misturado a um aglutinante, o pigmento é então transformado em tinta e serigrafado na camiseta, a qual é feita de linho (uma fibra vegetal) com certificação FSC e liocel derivado da polpa de madeira. Quando a roupa chega ao fim de sua vida útil, ela se biodegradará no solo ao longo de 12 semanas.

De acordo com o co-fundador do Living Ink, Scott Fulbright, o pigmento preto permanecerá estável e continuará a armazenar o carbono atmosférico por centenas ou mesmo milhares de anos. Ao mesmo tempo, o uso da tinta de algas também evita as emissões associadas à produção do pigmento preto convencional, conhecido como carbon black (preto carvão), que é usado para colorir de tudo, desde roupas a pneus, plásticos, tintas e até cosméticos.

O carbon black é criado pegando petróleo pesado e submetendo-o a um processo chamado pirólise, no qual é queimado em um ambiente controlado na ausência de oxigênio para produzir um pó fino e altamente pigmentado que é quase carbono puro. Este carbono fóssil não renovável gera emissões ao longo de sua extração e várias etapas de refinamento.

A Fulbright afirma que, em média, 4 kg de equivalente de dióxido de carbono (CO₂) são liberados na atmosfera para cada quilo de pigmentação carbon black produzido. Já o pigmento preto usado por Vollebak é feito de algas espirulina, que são cultivadas pela indústria de corantes alimentares naturais em enormes tanques ao ar livre para a proteína ficocianina que produz sua cor azul esverdeada.

Uma vez que esse corante é extraído, a biomassa de algas remanescente é submetida a um processo de pirólise semelhante, sendo queimada sem oxigênio, o que significa que o carbono sequestrado pelas algas não pode formar dióxido de carbono durante a combustão.

Quando a camiseta for finalmente compostada, tudo, exceto a tinta, irá biodegradar. Embora isso armazene o carbono no solo, também deixa para trás o aglutinante acrílico, que o Living Ink está procurando substituir por uma alternativa à base de plantas.

A empresa também está trabalhando em como melhorar a pigmentação da tinta reduzindo o tamanho das partículas em uma tentativa de se aproximar mais do verdadeiro preto criado por pigmentos fósseis. Para alcançar reduções de carbono atmosféricas significativas, o pigmento precisaria ser produzido e utilizado em escala de massa.

A tinta preta de algas do Living Ink já foi usada para imprimir um guia da cidade de Boulder, nos EUA.

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