Pesquisa sugere que o uso de maconha pode ajudar na manutenção de peso

O consumo de maconha é ilegal em território brasileiro. Além deste tipo de proibição, o produto é cercado de preconceitos, lendas e de certo ativismo por quem o consome. Nos EUA, os estados da Califórnia, Colorado, Oregon, Massachusetts, Washington, Maine e Nevada legalizaram o uso recreativo da maconha para adultos com 21 anos ou mais. O uso recreativo da maconha passou a ser legal no Canadá a partir do final de 2018.

Mesmo permita para o uso recreativo, da mesma maneira que o álcool, algumas atividades como dirigir, trabalhar e fazer exercícios sob efeito da cannabis é passível de punição. Da mesma maneira que beber afeta a coordenação motora (colocando em risco a sua segurança, como também as pessoas à sua volta), a maconha produz o mesmo efeito. Além disso, a substância é proibida para atletas e é considerada doping pelo COI.

Importante também observar um outro aspecto a respeito da liberação, que possui um controle tão rígido quanto o de bebidas alcoólicas: O consumo recreativo da maconha também ajudou a iniciar uma série de pesquisas científicas. Muitas para entender a sua influência no corpo humano, como para também desmitificar lendas e sofismas levantados ao longo do tempo a respeito da droga.

Em uma pesquisa científica realizada pela Universidade Estadual de Michigan, baseada em dados do National Epidemiologic Survey of Alcohol and Related Conditions, (programa patrocinado, projetado e dirigido pelo Instituto Nacional sobre Abuso de Álcool e Alcoolismo dos EUA), mostrou que usuários de cannabis ganharam menos peso do que os não usuários a longo prazo. As descobertas, publicadas no International Journal of Epidemiology, pode colocar à prova o mito de que usuários de maconha ganham mais peso por causa do consumo da droga.

“Em um período de três anos, todos os participantes mostraram um aumento de peso, mas curiosamente, aqueles que usaram maconha tiveram um aumento menor do que aqueles que nunca usaram”, disse a principal autora do estudo Omayma Alshaarawy. Os resultados também sugerem que usuários novos e persistentes, são menos propensos a estar acima do peso ou obesos, no geral. Os pesquisadores usaram dados do National Epidemiologic Survey of Alcohol and Related Conditions e analisaram o Índice de Massa Corporal, ou IMC, de 33.000 participantes acima de 18 anos e compararam os números.

Embora a diferença real de peso entre usuários e não usuários fosse modesta, cerca de 0,50 kg para um participante de 1,70 metros, pesando cerca de 90 kg no início do estudo, a variância era prevalente em todo o tamanho da amostra.

Podemos afirmar que com este estudo, a maconha que parece afetar o peso? Alshaarawy pondera e explica que ainda a conclusão é relativamente desconhecida, mas poderia fazer parte de vários fatores. “Pode ser algo mais comportamental do que alguém se tornar mais consciente da ingestão de alimentos, já que eles se preocupam com a fome após o consumo de cannabis e o ganho de peso”, disse Omayma Alshaarawy. A principal autora do estudo complementa que o resultado obtido “pode também ser pelo uso de cannabis em si, que pode modificar o modo como certas células, ou receptores, respondem no corpo e afetando o ganho de peso. Entretanto, mais pesquisas precisam ser feitas”.

Alshaarawy adverte, que a maconha não deve ser considerada uma ajuda de dieta. Além disso, como é de conhecimento geral, para emagrecer é necessário uma dieta alimentar baseada em dados científicos. Como o estudo faz questão de esclarecer todo o tempo, ainda há muito o que descobrir em termos de ciência sobre o uso de canabis. Sobretudo na dieta alimentar.

Para acessar o artigo: https://academic.oup.com