Histórica ascensão de Lynn Hill ao “The Nose” faz 25 anos

O acontecimento considerado um dos marcos da escalada livre mundial, além de também ser sobre a escalada feminina, foi a ascensão de Lynn Hill na vida “The Nose”. No início dos anos 1990, Hill se dedicava aos circuitos de campeonatos de escalada, quando disputava com Catherine Desteville o título de melhor escaladora do mundo. Era o início dos campeonatos de escalada, muito antes de existir IFSC, copas do mundo e campeonatos mundiais.

Forjada como escaladora nas paredes de Yosemite, Lynn Hill respirava muito da cultura e contracultura que existia no lugar. Fez parte desta contracultura começar a explorar possibilidade de escalada, quando começou a aparecer a escalada livre (free climbing). Uma maneira diferente e mais natural de subir paredes, sem utilizar recursos artificiais para realiza-la. Lynn era uma destas pessoas que rapidamente aderiram a este estilo que hoje corriqueiramente conhecemos somente como “escalada”. Anteriormente a isso, os escaladores praticavam largamente o que hoje conhecemos como “escalada artificial”.

A via “The Nose”, era mítica e desde a sua conquista no ano de 1958 por Warren Harding, ninguém a considerava “escalável” em estilo livre. Os quase 1.000 metros de via pareciam gritar o que muitos acabaram acreditando: era impossível. Isso porque na sua conquista, Harding levou quase um ano de esforços e preparação, durante 45 dias de escalada, 900 metros de escalada com cordas fixas, 800 pitons e muita força de vontade, para chegar ao topo da via.

Escalando em um estilo misto, mesclando escalada em livre e artificial, Lynn Hill demorava aproximadamente 4 dias. Entretanto em setembro de 1993 isso tudo mudou. Junto com Brooke Sandahl, usando somente os pés e pernas (ou seja em escalada livre) escalou a via. Reconhecidamente um universo masculino, o universo da escalada testemunhou uma mulher quebrar a barreira do impossível e estabelecer um marco histórico no esporte.

Não bastasse este detalhe, além de ironizar todos os homens que estavam boquiabertos com sua façanha, soltou um “It goes, boys” (“Saiu fácil, garotos”, em uma tradução livre). Não contente, a escaladora voltou uma no mais tarde e conseguiu realizar a via em estilo livre em menos de 24 horas. Uma outra marca inimaginável para a comunidade de escalada. Além disso, somente quase 10 anos depois que uma dupla conseguiu realizar a via em estilo livre. Além disso, a dupla “reclamou” que o grau sugerido para o “The Nose” por Hill não correspondia à realidade, sendo muito mais duro o que anunciado.

Mas o que fazia esta via ser tão difícil de ser escalada? A resposta a esta pergunta é: o “grande teto” (“Great Roof”), uma passagem intimidadora da 20º enfiada, com uma fenda na emenda do teto com a parede e absolutamente nenhum pé. Muitos afirmam que Lynn Hill conseguiu passar pelo “grande teto” por ter trabalhado sua preparação mental durante o tempo que ficou na Europa, se dedicando à competições e escaladas no sul da França.

De acordo com declarações de Hill a veículos de imprensa à época, afirmou que a última enfiada, quando estavam próximas de fazer história, foi de muita emoção. Lynn afirma que ” a última enviada, antes do cume, foi uma das mais excitantes da minha vida”. A escaladora via os 3.000 pés (914,4 metros) abaixo dela serem finalmente escalados em estilo livre. Lynn Hill simplesmente pulverizava assim qualquer barreira de gênero que ainda houvesse no universo da escalada.

“Tudo foi questão de paixão e convicção. Cultivar estas emoções foi o que me abriu a porta ao imenso poder do espirito humano”, afirmou Lynn Hill. Não somente para as mulheres, mas também para toda história da escalada mundial, havia uma nova norma e determinação ética que estava estabelecida com a conquista.

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