Livro da semana: “My Life as an Explorer” – Sven Hedin

O geógrafo, topógrafo, fotógrafo, escritor de viagens e ilustrador sueco Sven Hedin é considerado por muitos como o maior viajante e explorador de seu tempo. Desde partir de 1888 Hedin empreendeu numerosas viagens e expedições de investigação e exploração.

Hedin cresceu em uma família grande (tinha um irmão e cinco irmãs), calorosa, bem unida e politicamente conservadora, onde o realismo, o patriotismo e a fidelidade à igreja estatal constituíam valores cardeais. Sua família era “bem relacionada” (eufemismo para rica e influente) que participava ativamente da vida social e cultural de Estocolmo, sendo Sven o principal provedor e os demais como seu secretariado.

Sua renda foi obtida principalmente com os royalties dos muitos livros que escreveu e os honorários de inúmeras palestras que ministrou em todo o mundo. O sueco nunca ocupou nenhum cargo oficial ou acadêmico, embora lhe oferecessem cátedras, e optou por permanecer um estudioso independente.

Suas conquistas foram exemplares, pois passou quase 20 anos em solo asiático, realizando ou liderando expedições e pesquisas nas áreas mais proibidas do continente, e escreveu cerca de 65 livros e volumosos relatórios científicos, bem como milhares de artigos acadêmicos e políticos.

Mas porque este autor não tão cultuado e falado como outros de sua época? As simpatias pró-alemãs de Hedin durante a Primeira Guerra Mundial lhe custaram amigos influentes e a confiança dos governos indiano, russo e chinês. E no caso de exploradores, suas amizades e preferências políticas podem impactar seu estilo de vida.

Seu livro “My Life as an Explorer” é considerado obrigatório para todo aquele que deseja fazer viagens de exploração. Isso porque Sven Hedin não foi apenas um dos maiores exploradores do século XIX, mas também um brilhante contador de histórias. Seu lema sempre foi que se n representa o desconforto do escritor, 10n representa o prazer do leitor. Seus sofrimentos foram tão agudos, e seu livro de memórias “My Life as an Explorer”é uma peça de época fascinante.

Importante lembrar ao leitor, especialmente aquele que faz parte da geração Z (nascidos a partir de 1995 até aproximadamente 2010), Hedin viveu em uma época em que os mapas realmente tinham grandes espaços em branco. À época ele decidiu que era sua vocação preencher alguns desses espaços. Um problema adicional para o leitor atual é que nossa sensibilidade cultural é diferente da de Hedin, portanto, às vezes, a arrogância europeia de Hedin pode ser irritante.

Um dos prazeres de ler livros de viagem muito antigos é que eles forçam o leitor, que hoje possuem Google Maps na palma da mão quando quer saber de um lugar longínquo, a procurar as estações de passagem em um mapa tentando redesenhar mentalmente as fronteiras nacionais e combinar os nomes dos lugares.

Assim, no início do século XX, Hedin pelo deserto de Taclamacã (onde quase morre e descreve detalhadamente como é quase morrer de sede no deserto) e pelo Tibet (onde mapeou várias montanhas que batizaram a cordilheira com seu nome) e uma época que Lhasa estava fechada para os ocidentais e se disfarçou de tibetano.

O resultado? Ele foi o primeiro a explorar a cordilheira Trans-Himalaia do Tibet e a preparar um mapa detalhado do país (1905-1908).

Mesmo estando no “fim do mundo”, o autor sueco procura contar uma história de emoção, aventura, perigo, viagem e fuga de arrepiar. “My Life as an Explorer” foi escrito em um estilo anedótico envolvente e Hedin explica como foi para a Pérsia em 1885, em uma primeira viagem que foi cheia de percalços (quase perdeu a vida cavalgando pelo monte Elbrus (5.642 m) durante tempestade de neve), passou a conhecer o Xá da Pérsia (título dos monarcas da Pérsia e do Afeganistão).

O tamanho e a complexidade da bibliografia do explorador sueco Sven Hedin rivalizam com o escopo de suas explorações. Em suma, Hedin viveu uma vida tão cheia de aventuras e fugas que apenas ler sobre isso é exaustivo. Ilustrado com dezenas de seus próprios desenhos, este continua sendo o livro de viagem de aventura mais emocionante escrito no início do século XX.

Ficha técnica

  • Título: My Life as an Explorer
  • Autor: Sven Hedin
  • Edição:
  • Ano: 1925 (reimpressão em 2003)
  • Número de páginas: 548
  • Editora: National Geographic

Comente agora direto conosco

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.