Uma das personalidades mais controversas do século XX é sem dúvida o médico argentino Ernesto Che Guevara. Seu nome é constantemente referenciado por revoluções socialistas.
De personalidade forte e uma capacidade intelectual acima da média acabou convencido da necessidade de estender a luta armada revolucionária a todo o terceiro mundo. Desta maneira Che Guevara impulsionou a instalação de guerrilheiros em vários países da América Latina e viveu entre a revolução (segundo ideologia de esquerda) e a marginalidade ou criminalidade (segundo a ideologia de direita).
Porém todo este seu devolvimento intelectual, para o bem ou para o mal, começou a florescer após uma viagem de moto que fez com seu melhor amigo Alberto Granado. Nesta viagem, realizada no ano de 1952, a dupla fez o que atualmente chama-se de viagem de mochilão.
Quem adere a uma viagem de mochilão de verdade, sem adotar luxos e exageros como atualmente se pratica, sabe muito bem a mudança espiritual que se passa a cada local conhecido. Cada etapa de uma viagem de mochilão é, sem dúvida, de auto-descoberta. E foi isso que esta figura história passou.
Nesta viagem Guevara colocou todas suas memórias e reflexões em um diário. Nestas memórias registradas, promovidas a livro, está cristalino a sua impressão a respeito da miséria que encontrava-se os americanos nativos (leia-se índios), seu espanto de conhecer o mar e o descobrimento de sua vocação.
Pela qualidade, além de panfletagem política quase nula, o livro serviu de inspiração para o filme “Diários de Motocicleta”, que ganhou ares de obra cult. A parte de qualquer ideologia política que o leitor tenha, além do rótulo que tenha colocado em cima do argentino Ernesto Che Guevara, a obra é uma envolvente narração aventureira (com pinceladas de política) de dois jovens de mochilão em uma continente em desenvolvimento econômico em meados do século XX.
Assim como o filme, que deve ser assistido sem desejo de fazer panfletagem ou apologia ideológica, o livro “De moto pela América do Sul” mostra o impacto sofrido por um jovem que uma viagem fora dos pacotes de agência de turismo e clichês que a sociedade parece impor a todos pode fazer.
A obra também é um convite ao leitor de sair de sua zona de conforto e buscar conhecer mais, e melhor, o continente americano ainda pouco valorizado e divulgado. Portanto olhando suas memórias de viagem aprende-se muito mais que Ernesto Che Guevara era antes de tudo um mochileiro de coração e não somente um rosto copiado insistentemente por universitários que querem “lutar contra o sistema” (seja lá o que isso signifique).
Ficha Técnica
- Título: De moto pela América do Sul
- Autor: Ernesto Che Guevara
- Edição: 2ª
- Ano: 2001
- Número de páginas: 144
- Editora: Sá Editora
Equipe da redação
Corrija acima: ” … pelo bem ou pelo mau …” deve ser “mal”.
Além disso, não confunda “sádico” com “controverso”.
Obrigado, já arrumamos Abs