Conheça o projeto “Latitud Cero” – Incentivando a escalada feminina na América do Sul

A América do Sul possui uma inegável cultura machista. Entenda que cultura machista é muito mais profundo que apenas apenas ceder participação às mulheres. A prática de esporte, de qualquer modalidade, também é impactada neste aspecto.

Possuir um número maior de mulheres praticando montanhismo e escalada é um aspecto positivo, mas não é o único a ser avaliado quando se o machismo é mais, ou menos, impactado pelo machismo.

Ainda é muito incomum em locais de escalada pela américa latina ver grupo de mulheres viajando e escalando juntas. No Brasil esta prática é testemunhada esporadicamente e é, mesmo em feriados prolongados como páscoa e carnaval, praticamente inexistente. Os motivos são muitos e precisam ser analisados com frieza, pois vislumbrar apenas grau de dificuldade de vias e número de praticantes seria miopia intelectual.

Utilizando um outro país sul-americano para análise, talvez chegaríamos próximos do que deve ser combatido. A Bolívia, um dos grandes destinos para montanhistas e escaladores no mundo, é o país de América Latina com maior número de casos violência física contra as mulheres e o segundo com mais violência sexual.

Os dados são das Nações Unidas. Uma reportagem do diário britânico Daily Mail dá ao Brasil o segundo lugar em uma lista de países mais perigosos para mulheres que vão viajar sozinhas. O Daily Mail é indiscutivelmente o jornal britânico mais popular depois do The Sun.

Projeto Latitud Cero

Neste contexto nasceu o Projeto Latitud Cero, uma equipe feminina de escalada que busca impulsionar projetos de escaladoras e, claro, motivar mais mulheres a alcançar seus objetivos. O projeto já possui três anos, mas suas integrantes deixam bem claro que apesar de serem uma equipa de escalada feminina, não tem como propósito o feminismo. O objetivo é empoderar as mulheres na escalada.

Para isso pretendem contar histórias de mulheres que escalam, para motivar outras mulheres a escalar. O primeiro projeto como equipe esportiva foi elaborar uma websérie chamada “Latitud Cero Climbing Rocktrip Ecuador”, realizado em 2016 e 2017. Além disso pretende fazer com que mais e mais pessoas do mundo inteiro visite Equador e interaja com as comunidades locais, muito semelhante ao que acontece com Piedra Parada, na Argentina, e Valle de Los Condores, no Chile. O ponto forte dos locais, segundo Andre afirma, é o clima pois Equador “possui o melhor clima do mundo”.

O projeto teve iniciativa no Equador e contou inicialmente com as equatorianas Andre Castillo e Mafer Cevallos. Cevallos após um tempo foi morar nos EUA, sendo substituída pela colombiana Alejandra “alita” Contreras.

A dupla busca uma coisa simples, mas totalmente relevante, criar um espaço para as mulheres crescerem juntas. Além disso o objetivo do Latitud Cero Climbing Rocktrip Ecuador é mostrar os lugares de escalada no Equador que ninguém conhece (nem mesmo os locais). Desta maneira, conseguem mostrar às pessoas do Equador, assim como todo o mundo, os lugares de escalada do país.

Ao todo são 14 episódios da websérie, que pode ser acompanhada no canal de youtube de Castillo e Contreras. Cada novo episódio são publicados no domingo à noite, assim como no canal EpicTV (que disponibiliza legendas em inglês). A websérie já está no quarto episódio e já cobriu os lugares equatorianos San Juan, Baños, Zumbahua e Tangan.

Paralelamente a este projeto, a dupla pretende em cada um destes setores escalar uma via graduada em 7a+ francês (8a brasileiro). Mas Andre confessou que durante as filmagens conseguiram encadenar vias mais difíceis do que pretendiam.

Para o projeto a dupla se preparou durante cinco meses, pois ambas escalavam por volta de 6º grau francês (6º/7º brasileiro). Neste período se dedicaram intensamente aos treinos nos quais tinham um personal e atividades intensas em ginásios de escalada em rotinas que duravam, em média, 6 horas diárias.

As viagens para a realização da websérie começou em dezembro de 2016 e terminou em janeiro de 2017. Ao todo foram 34 dias de escalada, filmagem e dedicação ao projeto. Para ajudar no visual da websérie, a dupla contou com a colaboração de uma produtora de vídeos.

Além da websérie, haverá um documentário que será disponibilizado por volta do meio do ano de 2018. O filme participára de alguns festivais de filmes de montanha. No Equador o filme já ganhou um prêmio. As apresentações realizadas no país teve salas cheias e teve boa aceitação do público.

Para contato: [email protected]

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