Livro da semana: “Honouring High Places: The Mountain Life of Junko Tabei” – Junko Tabei e Helen Rolfe

Muito antes de começarem a aparecer marcas artificiais de ascensões no Everest, geralmente com dois ou mais adjetivos, havia um tabu: nunca antes uma mulher tinha chegado ao topo do mundo. A primeira mulher a mudar esta escrita foi a japonesa Junko Tabei em 1975. Além disso, a japonesa também foi a primeira mulher a ter escalado os Seven Summits, quando tinha 53 anos de idade.

“No Japão dos anos 1970, ainda era amplamente considerado que os homens eram os que trabalhavam fora e as mulheres ficavam em casa”, afirmava Tabei em entrevistas. “Mesmo as mulheres que tinham emprego, eram convidadas apenas para servir chá. Por isso, era impensável que eles fossem promovidos em seus locais de trabalho”.

Foto: https://www.rejectedprincesses.com

Junko Tabei nasceu em 1939 na cidade japonesa de Fukushima e aos 10 anos de idade descobriu o montanhismo ao subir, junto com um professor, o Vulcão Nasu (1.916 m). A montanhista sempre declarava que a experiência mudou a sua vida profundamente e desde então passou a dedicar-se à atividade. Enquanto cursava o ensino superior, no qual cursava literatura inglesa, integrou o clube de montanha universitário. Quando já era uma montanhista de nível internacional fundou no Japão, no ano de 1969, o Clube de Montanha Japonês para Mulheres na Universidade Feminina de Showa.

O livro “Honouring High Places: The Mountain Life of Junko Tabei” é uma coletânea de memórias da vida agitada de Junko Tabei. A própria montanhista escolheu cada um destes momentos baseando-se no que considerava mais importante, inspirador e interessante para a cultura de montanhismo. Até agora, seus trabalhos estavam disponíveis apenas em japonês. Mas com a ajuda de Helen Rolfe estas histórias foi traduzido para um idioma ocidental pela primeira vez.

A montanhista era autora de vários livros, incluindo uma biografia que se definiu como “uma dona de casa que escala montanhas”. Por sua carreira foi condecorada pelo instituto de montanha de Washington como “Mountain Hero Award”. Logo após o terremoto e tsunami de 2011, os quais arrasaram parte norte do Japão, Tabei começou a promover as escaladas nas montanhas na região de Fukushima (cidade natal e uma das áreas mais afetadas).

A japonesa fez fama mundial em uma expedição nipônica totalmente feminina quando conseguiu ser a primeira mulher a alcançar o cume do Monte Everest (8.848 m) em 1975. Antes de chegar ao teto do mundo Tabei já tinha subido o Annapurna III (7.555 m) em 1970. A montanhista japonesa também já tinha realizado os principais cumes dos Alpes e era considerada uma das melhores alpinistas de todo o mundo.

Não foi fácil sua carreira. Em uma de suas ascensões mais históricas, enquanto acampava a 6.300 metros, seu grupo foi pego de surpresa por uma avalanche, e Tabei ficou inconsciente e enterrada por seis minutos antes de ser resgatada. Ao todo, escalou mais de 70 montanhas de diferentes níveis de dificuldade. O sucesso da escalada ao Monte Everest fez de Junko Tabei numa celebridade. Tímida, ela se recusava conceder entrevistas e a participar de programas de TV.

Entretanto, ela abraçou causas mais relevantes e menos glamorosas como a preservação do ecossistema em torno do Monte Everest. Tabei passou os últimos 15 anos de sua vida defendendo a organização de sistemas de incineração do lixo largado na trilha do Everest.

A coletânea inicia com os relatos de sua conquista ao Monte Everest, onde a primeira expedição exclusivamente feminina encara um desastre, mas enfrenta todas as probabilidades. A história então muda para os primeiros anos da vida de Tabei, que reflete sobre sua infância no campo como uma menina frágil sem talento para o esporte, além das expectativas culturais que ignoravam sua paixão pelas montanhas.

Ficha técnica

  • Título: Honouring High Places: The Mountain Life of Junko Tabei
  • Autores: Junko Tabei e Helen Rolfe
  • Edição:
  • Ano: 2017
  • Número de páginas: 376
  • Editora : Rocky Mountain Books

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