História das marcas: Stanley – A marca que revolucionou as bebidas

Hoje a história das marcas destaca a empresa norte-americana Stanley. Este artigo faz parte de uma série de biografias das marcas mais famosas que a atuam no mercado de esportes outdoor.

São destacadas marcas nacionais e internacionais e, da mesma maneira que fizemos com as biografias dos principais nomes do montanhismo, o objetivo deste artigo não é fazer anúncio. O objetivo é disponibilizar a história empresarial para quem quer saber mais sobre ela.

Fica o aviso também que alguns fatos históricos podem não ser exatamente um elogio, mas fazem parte da história e não pode ser esquecido. O objetivo, portanto, é, além de trazer um pouco da história de empreendedorismo, traçar um paralelo com a história da humanidade.

Stanley é uma marca americana de recipientes para alimentos e bebidas que, de tão revolucionária que foi, tornou difícil imaginarmos fazer uma caminhada, acampamento ou viagem sem uma garrafa térmica com isolamento eficiente. Ao longo de mais de um século é, até os dias de hoje, sinônimo de qualidade e durabilidade.

A empresa é líder em inovação e trabalha continuamente para melhorar a durabilidade e a retenção térmica de seus produtos. De frascos e garrafas a vácuo a refrigeradores e potes, a Stanley garante seus produtos uma garantia vitalícia (sim, você leu certo, para a vida toda). As mais recentes adições da empresa também oferecem soluções para viagens, trilhas e bebidas “depois do trabalho”.

Desde que a marca introduziu a primeira garrafa a vácuo de aço em 1913, o nome da empresa passou a significar um produto confiável por gerações. Seja a garrafa térmica que seu avô ganhou no aniversário de 15 anos e que ele ainda usa até hoje, ou o elegante cromado e preto que você comprou para um acampamento de fim de semana prolongado, estas garrafas térmicas são feitas para toda a vida.

O início

William Stanley Jr

William Stanley, nasceu em em 1827 na cidade de Goshen, estado norte-americano de Connecticut. Elizabeth Adelaide Parsons, nasceu na cidade Durham em 1834, também do estado norte-americano de Connecticut. Ambos se conheceram e logo se casaram em 1856, em local desconhecido.

Dois anos depois, em Brooklyn, estado norte-americano de Nova York, tiveram um único filho: William Stanley Jr.. Parte de juventude do menino foi passada em Great Barrington com seus avós William e Clara Wadhams Stanley. William frequentou escolas em Great Barrington e em Bridgeport, Connecticut, onde sua família morou mais tarde.

Quando jovem, William Jr. frequentou a Williston Academy em Massachusetts, graduando-se em 1877, antes de se matricular na Universidade de Yale aos 17 anos, no mesmo ano em que Thomas Edison inventou a lâmpada elétrica incandescente (este fato gerou um impacto grane no psicológico do jovem). Depois de frequentar Yale por três meses, Stanley decidiu que a vida universitária não era para ele e partiu de volta para Nova York.

Assim William Jr. começou a estudar direito, que era a carreira do pai, aos 21 anos, mas menos de um semestre depois deixou a faculdade para procurar um emprego no campo emergente da eletricidade. Depois de passar um ano, ou mais, no negócio de niquelagem, tornou-se assistente de pesquisa de Hiram Stevens Maximn em uma empresa de iluminação elétrica dos EUA.

Hiram Maxim foi um inventor que começou por trabalhar como construtor de carroças numa fábrica em Fitchburg, no estado norte-americano do Massachusetts, e ao mesmo tempo registrou patentes de diversos inventos, como aparelhos a gás e lâmpadas elétricas. Sua invenção mais conhecida foi a metralhadora automática em 1884 (antes as metralhadoras eram operadas manualmente).

Hiram Stevens Maxim

A decisão de Stanley marcou o início de uma carreira produtiva, cujos destaques incluíram a invenção do tipo moderno de transformador e a criação da empresa que se tornaria a Pittsfield Works da General Electric.

Como assistente de Maxim, Stanley William dirigiu uma das primeiras instalações elétricas dos EUA, em uma loja na Quinta Avenida de Nova York. Stanley foi inspirado pelo trabalho de Charles Francis Brush sobre baterias que envolvia o estudo da força eletromotriz.

Foi assim que o jovem desenvolveu projetos de circuitos de alimentação, mas não teve a chance de construir protótipos. Isso lançou as bases para sua compreensão do eletromagnetismo – a base dos circuitos e aparelhos de corrente alternada.

Pittsburgh e Westinghouse

George Westinghouse

William Stanley Jr. se muda para Pittsburgh em 1884, no estado norte-americano da Pensilvânia, para trabalhar com George Westinghouse. Ele iria trabalhar na solução de problemas na distribuição de corrente alternada, mas não tinha alternador para trabalhar.

Ele “perdeu” muito tempo tentando converter energia de corrente contínua para alternada em experimentos. Mesmo assim, logo um ano depois de mudar, em 1885 George Westinghouse soube das realizações de Stanley e o promoveu como engenheiro-chefe em suas instalações em Pittsburgh. Foi nessa época que um transformador de corrente alternada foi desenvolvido pelo francês Lucien Gaulard e pelo inglês John Dixon Gibbs.

O transformador de Gaulard e Gibbs foi demonstrado pela primeira vez em 1883 no Royal Aquarium de Londres. Na época, o termo “transformador” ainda não havia sido inventado, então, em vez disso, era chamado de “gerador secundário”. Embora ele geralmente seja creditado igualmente com Gaulard, o papel de Gibb na invenção parece ter sido mais o de um financiador e empresário.

Stanley já detinha dez patentes referentes à lâmpada elétrica e sua fabricação por volta de 1885. O que possibilitou que George Westinghouse apoiassesuas ideias.

Assim, em 1885, Stanley construiu o primeiro transformador de corrente alternada prático, o qual era baseado no protótipo de Lucien Gaulard e John Dixon Gibbs de 1881. Este dispositivo foi o precursor do transformador moderno . Em dezembro do mesmo ano, sob um novo contrato com a Westinghouse, Stanley mudou suas operações para Great Barrington, Massachusetts.

Transformador de Stanley

Em 1886, Stanley demonstrou o primeiro sistema completo de transmissão de Corrente Alternada de alta tensão, composto por geradores, transformadores e linhas de transmissão de alta tensão. Seu sistema permitia a distribuição de energia elétrica em amplas áreas.

William usou o sistema criado por ele para iluminar escritórios e lojas ao longo da rua principal de Great Barrington (“coincidentemente” a localização da casa de sua família). O projeto do transformador de Stanley tornou-se um protótipo para futuros transformadores e seu sistema de distribuição formou a base da moderna distribuição de energia elétrica.

Em outras palavras o dispositivo permitia a transmissão de eletricidade a longas distâncias via corrente alternada (AC), em vez da impraticável corrente contínua (DC) em uso na época.

Em 1890, Stanley fundou a Stanley Electric Manufacturing Company em Pittsfield, Massachusetts. Mas o relativo sucesso da Stanley Manufacturing Company não foi suficiente para garantir a liberdade para atuar no mercado em relação aos dois “gigantes” de distribuição elétrica: General Electric (GE) e Westinghouse.

Portanto, em 1902, a empresa Westinghouse levou a Stanley Manufacturing Company ao tribunal por usar transformadores SKC, ironicamente citado como sendo a patente infringida, a qual Stanley havia criado para a Westinghouse em 1888.

O litígio teve o efeito pretendido: em 1903, a GE adquiriu a Stanley Manufacturing Company, que comprou o controle acionário da empresa. William Stanley Jr. obteve 129 patentes para uma gama de produtos e dispositivos elétricos.

Stanley e GE criaram, em 1906, o acordo que hoje chamamos de “paraquedas dourado” (Golden parachute), acordo entre uma empresa e um funcionário, especificando que ele receberá certos benefícios significativos se o emprego for rescindido. Assim a GE comprou 22 patentes de Stanley e ofereceu-lhe um salário saudável, mais apoio para um novo laboratório, onde Stanley poderia passar metade de seu tempo trabalhando para a GE e dedicar a outra metade a novos negócios, desde que não estivessem em “conflito” com a GE.

Mas e a garrafa Stanley?

O frasco de vácuo foi projetado e inventado pelo cientista escocês Sir James Dewar em 1892. O design de Dewar foi rapidamente transformado em um item comercial em 1904, quando dois sopradores de vidro alemães, Reinhold Burger e Albert Aschenbrenner, descobriram que ele poderia ser usado para manter bebidas frias e bebidas quentes e inventaram um design de frasco mais robusto, adequado para uso diário

O design do frasco Dewar nunca havia sido patenteado, mas os alemães que descobriram o uso comercial do produto o chamaram de Thermos. A fabricação e o desempenho da garrafa Thermos foram aprimorados e refinados pelo inventor austríaco Gustav Robert Paalen, que projetou vários tipos para uso doméstico. Paalen também patenteou e distribuiu amplamente, através da Thermos Bottle Companies nos EUA, Canadá e Reino Unido, que compraram licenças para os respectivos mercados nacionais.

Garrafas térmicas daquela época eram muito populares, mas eram frágeis, pois o isolamento a vácuo era de vidro de paredes finas. Estes produtos, como acontece até hoje, quebram quando caem e são relativamente caras para substituir.

Descobrir como criar isolamento a vácuo entre duas peças de aço exigiu um pouco de ajuste e cálculos. Foi aí que em 1913, William Stanley Jr. criou a garrafa icônica como resultado de seu trabalho com transformadores, durante o qual descobriu que um processo de soldagem que estava usando poderia ser utilizado para isolar uma garrafa a vácuo com aço em vez de vidro.

Dois anos depois, em 1915, Stanley começou a produção em massa de seu invento, quando adquiriu um prédio vazio, reformando-o e equipou-o com maquinário para produção de garrafas isolantes, jarros de bebidas e decantadores de mesa.

O produto, desde o seu lançamento, foi um sucesso gigantesco. Stanley comercializou sua invenção e a classificou como inquebrável. As garrafas com o icônico acabamento verde rapidamente se tornaram um marco na vida norte-americana.

Mas, aos 57 anos de idade, William Stanley Jr. morreu em 1916. Logo após sua morte uma empresa de investimentos da cidade de Nova York adquiriu a operação e contratou um engenheiro mecânico, Harry Badger, como gerente geral, que continuou a inventar e desenvolver novos produtos que expandiram a linha de produção da empresa.

Desde então a empresa passou por várias empresas e desde 2002 foi comprada pela Pacific Market International (PMI). As instalações de fabricação da Stanley foram então transferidas para a China.

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