Fornecimento de material esportivo: Quais são as equipes de escalada que aproveitam esta oportunidade

Vivendo em um momento em que marcas procuram ficar em cima do muro todo o tempo, conseguir um patrocínio esportivo está cada vez mais difícil hoje em dia. Para esportes de grande apelo popular, como o futebol, muitas empresas preferem não ligar a sua imagem a uma equipe.

Além disso, já é um padrão cultural em quase todo veículo de comunicação de massa no Brasil considerar que somente existe um tipo de esporte e os outros (mesmo que não o sejam) são “amadores”. Esta visão míope a respeito do esporte por parte da mídia, também contaminou quem deveria patrocinar ou ceder material esportivo.

Patrocínios em backdrop e uniformes de atletas | Foto: Eddie Fowke

O despreparo educacional, falta de educação social e de postura, sem dúvida, também são fatores que restringem a decisão de uma empresa em escolher um determinado atleta X ou Y como o embaixador de sua marca. Não é raro vermos um atleta brasileiro, um representante de federação ou Liga independente sem postura ao falar com a imprensa. Este tipo de atitude parece repelir patrocinadores.

Onde há pluralidade de modalidades esportivas na mídia e a escalada fazendo parte das Olimpíadas, muitas federações identificaram a oportunidade de negócio que é o patrocínio de material esportivo. Assim como acontece com o futebol, uma determinada marca patrocina todo o enxoval que os atletas usarão nas competições. No dia de ontem foi anunciado que o Comitê Olímpico Internacional terá a marca chinesa Anta como nova fornecedora de uniformes.

Isso significa que nenhuma marca brasileira será o fornecedor de material esportivo para a delegação olímpica. O contrato, válido até o final de 2022, inclui vestuário, calçados e acessórios, e transforma a Anta na primeira empresa do país asiático a acertar uma parceria deste tipo com o COI. A marca fornecerá uniformes a todos os membros do COI nos Jogos de Inverno da Juventude em Lausanne em 2020, Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, Jogos de Verão da Juventude em Dakar em 2022 e Jogos de Inverno de Pequim em 2022.

Fornecimento de material esportivo

Treino da seleção francesa

Para explorar as oportunidades, é importante saber os tipos de contrato de fornecimento de material esportivo existente no mercado e praticado em território brasileiro. Inicialmente é necessário fazer uma conta relativamente simples para calcular o valor do material esportivo: A entidade (clube, federação, equipe, clube, etc) multiplica o número de cada peça (camiseta, calções, meias, agasalhos, etc.) pelo valor de cada unidade.

Portanto, é necessário definir a visibilidade da marca do material esportivo nas campanhas de marketing, nas entrevistas para a imprensa, nas reportagens de veículos que cobre o esporte, etc. A entidade que insiste em não ter um bom relacionamento com a imprensa, de qualquer que seja o seu tamanho e envergadura, é fadada a não ter fornecimento de material esportivo.

Mas para que a conta de quantidade de material esportivo? Por dois motivos: para que o fornecedor saiba de que montante de roupas está sendo negociado e quais os ganhos de publicidade ele irá ganhar. No futebol, assim como outros esportes de massa, a venda de camisas das equipes entra como atrativo de negócio. Mas isso é uma realidade tão longe de esportes de nicho, como a escalada, que é melhor nem comparar.

Mas quais os tipos de fornecimento de material esportivo possíveis para a escalada esportiva no mundo.

  • O patrocínioTambém chamado de taxa de licenciamento. Representa uma verba que a empresa paga à entidade para que ganhe o direito de ser sua parceira.
  • Fornecimento de materiais esportivosSão as peças de roupa que serão utilizadas por toda a equipe da entidade. Não apenas a de adultos, mas também as categorias de base.
  • Verba de marketing é um dinheiro que é usado pela entidade e pela fornecedora para realizar ações promocionais, eventos, entre outros, com o intuito de promover ambos.

Como a escalada é um esporte que movimenta um volume menor e, por isso, incomparável com outros esportes como o futebol, as práticas de royalties (porcentagem sobre as vendas de uniformes), bônus por resultado e luvas (valor pago em dinheiro na assinatura do contrato) ainda sequer são discutidas nas mesas de reuniões. Mesmo com pouco apelo, é interessante para marcas brasileiras, como Olympikus, Penalty, Solo, Topper e Luppo, as quais todas são brasileiras, começar a observar outros esportes considerados “menores”. A atitude poderia impulsionar a visibilidade no marcado brasileiro de maneira criativa.

Para as seleções de países que possuem maior destaque dentro da escalada, já existe fornecedor de material esportivo. Nestes países, inclusive, já existem atletas que possuem patrocínio de material esportivo diferente do que a seleção de seu país possui. Sim, é uma realidade muito distante da brasileira e latino-americana. Mas que poderia ser monitorada por quem deseja fazer negócio dentro do marcado esportivo. Claro que o amadorismo explícito de quem organiza o esporte atrapalha, mas usar isso como desculpa não irá fazer o negócio vencer a concorrência.

Como o marketing esportivo no Brasil ainda está longe de ser tão bem-sucedido quanto em outros países, como nos EUA, comparar com o que existe no país atualmente é injusto. Se servir de consolo, este problema também faz parte de quase todos esportes olímpicos brasileiros, como remo, esgrima, tênis de mesa, badminton, boxe, etc. Mas é importante salientar também que um país como a Eslovênia, República Tcheca e Ucrânia, que são infinitamente menores que o Brasil, já possuem esta realidade de apoio esportivo para as seleções de escalada e para seus atletas.

Foto: IFSC/Eddie Fowke

Portanto, é justo fazer a pergunta: como está o patrocínio para os atletas que se destacam no exterior? Até o fechamento dessa reportagem, basta dizer que de vento em popa. Praticamente todos os atletas classificados para participar das olimpíadas são de equipes com vários patrocinadores e fornecedores esportivos. A visibilidade que a escalada teve ao ter os direitos de contrato de transmissão comprados por um grande canal a cabo na Europa e EUA, sem dúvida, ajudou muito. Na América Latina ainda não aconteceu e isso atrapalha bastante o crescimento do esporte como negócio.

Os contratos da marca norte-americana The North Face com os times da Áustria e Japão rendeu muitas manchetes nos sites de marketing esportivo. A movimentação fez com que a Adidas fechasse com a Eslovênia (atualmente a seleção mais forte do mundo) e a La Sportiva com a Itália. Entre as principais fornecedoras de material esportivo para as seleções estão:

  • The North Face: Áustria, EUA, Japão e Coreia do sul
  • La Sportiva: Itália
  • Adidas: França e Eslovênia
  • Edelrid: Alemanha
  • MEC: Canada
  • Ducco: Inglaterra
  • Montura: República Tcheca

Onde conseguir um patrocínio esportivo?

Para atletas e entidades realmente interessados em ter um patrocínio esportivo, é preciso ir dar a cara a tapa. Na Revista Blog de Escalada há um artigo completo abordando o assunto. Mas qualquer outro conselho será sempre o mesmo: Não adianta esperar que alguém veja o potencial e talento de alguém.

Para isso é preciso mostrá-lo, ir atrás do que você deseja, até ser reconhecido pelas marcas. Se não tiver bom relacionamento com a imprensa e acreditar que comprar seguidores em redes sociais substitui esta divulgação, está pensando errado. Tentar emular transmissão de streaming com estrutura caseira e público restrito também não ajuda.

Divulgar é fazer “os outros falarem de você” e não somente você falar de você mesmo (que é o caso das redes sociais). Tenha projetos sérios que mostrem como a empresa poderá se beneficiar de patrociná-lo. Procure por empresas de marketing esportivo para que lhe auxilie a fazer uma intermediação. Elas são importantes para realizar todo o processo de cuidados com a imagem do atleta, de criar estratégias para o aumento da visibilidade e conseguir patrocinadores.

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