Federação Italiana de Escalada Esportiva oferece apoio a atletas ucranianos

A Federação Italiana de Escalada Esportiva (FASI) ofereceu apoio e acomodação em Arco, Itália, para todos os atletas da Federação Ucraniana de Escalada Esportiva. Há cinco dias o presidente da FASI, Davide Battistella e toda a Federação telefonaram para Anna Yasinkskaya, presidente da Federação Ucraniana de Montanhismo e Escalada (UMF), e expressou apoio e condolências em relação ao conflito e condenou totalmente a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Também foi oferecido ajuda e asilo a todos os atletas da UMF que, mediante solicitação, podem ser acolhidos na cidade de Arco di Trento, Itália, nas instalações adjacentes ao centro de treinamento ialiano, na esperança de que isso proporcione um pequeno grau de serenidade e permita que o treinamento de ucraniano continue até o fim das hostilidades em Kiev e em toda a Ucrânia.

Enquanto isso no Brasil, diversos escaladores emitiram opiniões diversas, exibindo muito desconhecimento do tema e explicitando estarem imersos no identitarismo. Frases vazias de escaladores e montanhistas com expressões como “é necessário escutar os dois lados” pululam nas redes sociais.

Alheios ao identitarismo, outros países oferecem refúgio a ucranianos

ucranianos

Foto: Maxim Shemetov

 

Desde o início da guerra, mais de 2.000 civis ucranianos foram mortos, diz serviço de Emergência do Estado da Ucrânia. O número de refugiados da guerra na Ucrânia chegou a 1 milhão de pessoas, segundo novo informe da Organização das Nações Unidas (ONU). Os números são relativos a apenas uma semana de conflito.

Não somente a FASI, mas também a Federação Tcheca de Escalada (LANO) garantiu hospedagem e educação para dois jovens escaladores ucranianos. A ajuda não ficou somente na Europa: Kimanda Jarzebiak, presidente do The Boulders Climbing Gym, no Canadá, escreveu cartas de convite para apoiar os pedidos de visto para escaladores e suas famílias.

O atleta olímpico francês Bassa Mawem ofereceu publicamente espaço em sua casa em Colmar, na França.

Marcas de outdoor (principalmente aquelas baseadas na Europa Oriental) estão levantando sua voz e fazendo doações de equipamentos de sobrevivência para civis, combatentes e refugiados. “Apoiamos a Ucrânia em sua luta por liberdade e justiça”, postou a fabricante de paredes de escalada Walltopia, com sede na Bulgária. A suíça Mammut está enviando sacos de dormir e roupas para organizações que trabalham com refugiados em países vizinhos.

O European Outdoor Group, associação da indústria do esporte outdoor da Europa, compartilhou um “chamado à ação” incentivando outras empresas outdoor a oferecer doações materiais ou monetárias à causa da Ucrânia.

Escaladores ucranianos se preparam para lutar

ucranianos

Foto: https://www.bbc.com

Os escaladores que mais se sacrificam pela Ucrânia são, é claro, aqueles que estão lutando na linha de frente para defender suas cidades natais. Todos os homens entre 18 e 60 anos estão agora sujeitos à lei marcial e estão impedidos de deixar o país.

Homens e mulheres estão se juntando às Unidades de Defesa Territorial da Ucrânia e enchendo as ruas com suas armas, incluindo alguns dos atletas dos circuitos de competição da IFSC e UIAA e montanhistas cujas conquistas e escaladas estão sempre destacadas na Revista Blog de Escalada.

Na manhã da invasão, Jenya Kazbekova, membro da seleção ucraniana, escreveu: “Hoje acordamos às 5 da manhã com as explosões em Kiev… E dizem que há explosões por toda a Ucrânia. A Rússia começou a invasão… Deus nos ajude.”

A repórter Angela Benavides do site Explorersweb falou recentemente com alguns montanhistas ucranianos sobre suas vidas durante os primeiros dias da guerra. O que Benavides escutou é, no mínimo, espantoso em se tratando de conversa com montanhistas.

O guia de montanha Valentyn Sypavin, que já escalou o Monte K2 (8.611 m) e chegou ao cume do Monte Everest (8.848 m) em quatro ocasiões, disse que ajudou os vizinhos da cidade de Kharkiv cujas casas foram destruídas por um ataque de mísseis. “Foguetes voam para bairros pacíficos nas cidades ucranianas. Não é falso, são foguetes russos!” Sypavin disse ao site Explorersweb.

ucranianos

Foto: https://www.bbc.com

Paralelo a isso, mais de 1.000 montanhistas russos assinam cartas contra a guerra na Ucrânia. Muitos deles também estão reagindo nas redes sociais., não se omitindo de emitir seu protesto e opinião.

Uma carta aberta dos montanhistas da Rússia contra a guerra na Ucrânia afirmava que:

“O nosso mundo esportivo não nos separa. Crianças, adultos e idosos treinam e escalam juntos. As crianças crescem ao lado dos mais velhos, e os velhos crescem mais jovens ao lado das crianças.

Nossas conquistas esportivas não nos separam. Campeões mundiais e iniciantes escalam nas mesmas academias. Nós nos apoiamos, torcemos um pelo outro, somos amigos. Nós realmente não nos importamos com quem é melhor no esporte.

Em nosso esporte as fronteiras internacionais não nos separam.

Subimos nas mesmas rochas. Encontramos amigos de todo o mundo. Confiamos nossas vidas uns aos outros, mesmo que não falemos a mesma língua. Nós nos entendemos sem palavras, por linguagem de sinais.

Torcemos por nossos atletas nas competições e logo em seguida torcemos por atletas de outros países. Temos o melhor esporte e as melhores pessoas, as melhores relações sem fronteiras. Mas hoje a guerra nos divide.

É impossível olhar para ele e é impossível desviar o olhar. Não queremos esta guerra, é terrível e repugnante, não há desculpa para isso.

O ataque à Ucrânia envenena a alma e parte o coração. Envenena nosso esporte e quebra nossos sonhos.

Exigimos o fim desta guerra.

Além disso, também foi publicada uma carta aberta ao presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, em nome dos montanhistas e escaladores russos:

Nós, os escaladores da Rússia, nos opomos às ações militares que o exército russo está realizando no território da Ucrânia. Sabemos em primeira mão como a vida humana é frágil.

Consideramos um crime que o exército russo invada o território da Ucrânia, pelo que os povos de ambos os países sofrem. Esta é uma mancha na história da Rússia, com a qual não apenas nós, mas também nossos filhos teremos que viver.

Os ucranianos são nossos irmãos, com quem temos uma história de mil anos. Os ucranianos são nossos amigos, lado a lado com quem passamos pelas mais terríveis provações e compartilhamos dificuldades nas montanhas.

Não podemos aceitar a perda injustificada de vidas de ambos os lados e a incitação ao ódio entre os nossos povos e exigir a cessação imediata das hostilidades.

Comente agora direto conosco

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.