Revista impressa européia é cancelada na Espanha

Seguindo a tendência mundial, e ao que parece inevitável, as revistas impressas deixarão de existir. Com exceção de apenas grandes títulos que disponibilizam edições para colecionadores saudosistas, serão em breve peças de museu. Por conta desta realidade, a revista impressa “Escalar”, pertencente à espanhola Desnivel, anunciou seu cancelamento junto da publicação de seu último número.

Criada por José Manual Velázquez e publicada desde 1997, era uma espécie de ramificação da Desnivel que se dedicava quase que exclusivamente à escalada esportiva. Ao todo foram 113 edições ao longo de mais de 20 anos de publicação. A revista espanhola enfrentou o que várias publicações em todo o mundo enfrenta, que é a morte de um modelo de negócio insustentável: as revistas impressas.

Desde a sua fundação, vários escaladores passaram pela editoria da publicação. Em uma carta ao público, a editoria afirma que as notícias e reportagens seguirão no meio digital.

Revistas impressas no Brasil

No Brasil, grandes editoras fecharam publicações que, assim como o modelo de negócio, muitos se perguntavam como se sustentavam em tempos de internet e redes sociais. A revista espanhola Escalar ainda tinha um grande diferencial (o que não acontece no Brasil), que era ser capitaneada e escrita por pessoas que realmente praticavam o esporte. Este diferencial, que podia ser visto em todos os textos, foi o que garantiu a sobrevida da publicação espanhola.

O fechamento de títulos no Brasil é questão de tempo, ainda mais com mudanças em propaganda pública que o novo governo que assume em 2019 promete implementar. Isso porque, muitas destas publicações sobrevivem de acordos com estado, para rolar dívidas, vender exemplares para escolas e bibliotecas, além de venda de publicidade. Além disso, especialistas apontam o que os próprios leitores já perceberam há algum tempo, que foi a perda de relevância perante o público-alvo.

Os motivos de tanto desinteresse, tanto de leitores quanto de anunciantes, são muitos, sendo os mais lembrados: jornalistas de publicações sem qualquer identificação com o conteúdo, ou mesmo um respeito à inteligência ao leitor, panfletagem barata e rasa de temas complexos, insistência em tornar felicidade em um produto de marcado, além das redações apenas se dedicarem a traduzir textos de franquias, ou mesmo reescrever textos de qualidade disponibilizados gratuitamente na internet sem o menor pudor.

Um espelho desta realidade no Brasil é que as 10 fontes mais relevantes para praticantes de esportes outdoor e com maior engajamento com os leitores e público-alvo, não são nenhuma publicação impressa. A pesquisa foi realizada pela organização da Adventure Sports Fair, que apostou, com sucesso, nestes mesmos veículos na edição de 2018.

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