A escalada brasileira vive uma avalanche de escaladoras femininas fortes e com feitos memoráveis.
A barreira do 10º grau feminino já foi quebrada a um bom tempo.
Os motivos são muitos e dos mais variados para que tantas mulheres abraçassem o esporte.
Porém se fosse possível apontar alguém que foi uma das primeiras a despontar em um esporte ainda predominantemente masculino é a carioca Raquel Guilhon.
Guilhon é sem dúvida uma das escaladoras mais fortes do Brasil, e caso existisse algum “Hall of Fame” de escalada no Brasil, uma quadro ou até mesmo estátua dela estaria figurando lá.
Não seria exagero nenhum afirmar que Raquel é um dos ícones brasileiros de escaladoras fortes, determinadas e de opinião.
O Blog de Escalada foi atrás desta guerreira para saber um pouco mais de sua vida, opinião e cotidiano.
O resultado você lê abaixo:
Raquel você é considerada uma das escaladora mais fortes do Brasil. O que isso significa para você?
É uma sensação boa ser reconhecida por um ou outro feito. Quanto a ser uma das mais fortes, isso não sobe à minha cabeça.
No Brasil não há mulheres que escalaram graduações como 10c ou 11a. Você acha possível ter esta marca em breve?
Só não sei o quanto em breve isso aconteceria.
Acho que estamos caminhando em passos modestos, talvez dentro de uns seis anos.
Para escalar em alto nível como você é necessário treinar. Você possui uma rotina de treinamento rígida? como é?
Sempre treinei bastante sim, eu gosto.
Além do treino no murinho, costumo dar bastante atenção a musculação, aeróbico e alimentação.
Em alguns momentos acontece de eu ter que parar de treinar e isso atrapalha a longo prazo, mas eu vou tentando manter o máximo que da.
No momento estou treinando no muro duas vezes na semana e musculação e corrida duas vezes também.
Você não participou de muitos campeonatos de escalada esportiva a nível nacional. Você poderia dizer qual o motivo?
Não tem um motivo específico.
Eu já participei mais de campeonatos no passado e sempre achei divertido.
Atualmente eu posso me interessar em participar de um ou outro, mas para isso eu gosto de estar na ativa, não estar focada em alguma via e não ter algum compromisso de maior prioridade.
No Brasil há muitas marcas de produtos outdoor que não patrocinam escaladores. Qual a sua opinião a respeito disso?
Olha eu não sou empreendedora, então vou falar o que eu acho mesmo.
O dono de uma marca, de uma loja ou um representante, deveria patrocinar um atleta se isso for interessante para o negócio dele. Se de fato isso trás algum tipo de retorno.
Por outro lado, acho importante apoiar atletas, como forma de valorizar e alavancar o esporte.
Então qualquer marca a princípio poderia fazer isso, dentro dos limites do seu orçamento e escolhendo atletas que se dedicam com afinco.
Eu escutei falar ou li sobre alguns exemplos bem legais no Brasil, o que mostra que já temos isso.
Já temos atletas que dão retorno positivo para as marcas e que merecem, por sua dedicação e importância, o patrocínio.
Você acredita que as federações e associações de escalada estão alinhadas com os interesses dos escaladores?
Do que eu estou acompanhando das discussões eu acho que as federações estão tentando crescer, fazer o esporte evoluir.
Mas o caminho para a evolução na maioria das vezes não é fácil.
Pessoas trabalham de graça e sofrem críticas.
Ainda há uma certa caminhada para que as coisas fiquem sólidas, estruturadas e difundidas no meio da escalada.
E nessa caminhada as pessoas deveriam optar entre três opções: Fazer, contribuir com ideias ou não fazer nada .
Sem desmerecer nenhuma das três opções.
As opção ruins são, desrespeitar os esforços de quem está tentando melhorar e reclamar muito, demonstrando falta de paciência com um esporte que ainda engatinha no Brasil.
Na sua opinião, quais são os melhores lugares de escalada do Brasil? porque?
Dos que eu conheci, gostei muito de Sabará, Cipó e Sete Lagoas.
O Ano de 2013 está por acabar, você já possui algum projeto pessoal para 2014?
Quando eu voltar à forma, quero pensar em fazer mais volume em vias abaixo do meu grau limite.
Nos últimos anos no Brasil houve um crescimento acentuado no número de escaladoras. A que você deve este aumento?
Na minha opinião esse aumento foi geral, logo o número de escaladoras também aumentou.
Talvez as academias e a tecnologia sejam as maiores responsáveis por esse aumento.
Você teria alguma mensagem para as mulheres que estão iniciando, ou até mesmo que querem começar a escalar?
Sim. Que escalem mesmo, porque é muito bom! Escalem mais e falem menos.
Se possível ajudem. Respeitem a natureza, os locais de escalada e as pessoas.

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.