[EXCLUSIVO] Entrevista com Flora Kesselring Zugaib

Foto: Tayssa Xavier

Foto: Tayssa Xavier

O Brasil está vivenciando uma avalanche de mulheres escalando forte, e realizando marcas até pouco tempo atrás consideradas raras.

Hoje não são poucas as mulheres brasileiras que ultrapassam a barreira do 8º ou 9º brasileiros e que conseguem encadenar boulders de dificuldades acima de V8.

A escalada feminina cresceu tanto que seguramente em breve voltaremos a ter fortes escaladoras de expedição.

Flora Zugaib é uma destas representantes deste “girl power” que está fazendo com que pelo menos o esporte esteja ficando mais florido.

Zugaib mora no Paraná, e pelo que contou à nós, seguramente está acontecendo uma invasão feminina,  um exército de mulheres na realidade, fortes e determinadas como ela.

Para saber mais sobre esta escaladora o Blog de Escalada procurou Flora para uma entrevista e fomos gentilmente atendidos.

Foto: Ruddy Proença

Foto: Ruddy Proença

Leia a entrevista abaixo.

Flora, sendo mulher, a que você acredita ao “boom” dos números de escaladoras que aconteceu nos últimos dois anos?

Credito a um novo ponto de vista, vejo que muitas mulheres já estavam no meio, mas se conformavam em ser “a mulher do fulano” e começaram a ver que poderia ser “a fulana escaladora”, poderiam mandar suas vias, evoluir , sair da zona de conforto…

Agora a mulherada tem projetos, treinam, viajam juntas, cordadas femininas…

Até encontro feminino de escalada!

Irado!

Neste ano de 2013 somente no Brasil foram lançados dois filmes sobre escaladoras (“Elas na Pedra” e “Amigo Imaginário”). Você acha que esta que vai ser a tendência para os próximos anos?

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Foto: Tomi

Com certeza!

É bonito de ver mulher escalando.

Filme de escalada feminina mistura força, beleza, vias de altíssimo nível e um lugar bonito.
Muito plástico.

Invariavelmente escaladores praticam mais um estilo do que outro. Qual o estilo de escalada que mais você gosta de praticar?

Pratico mais o boulder, por ser mais prático e como treino é ótimo.

Consigo escalar sozinha, sem depender de combinar com ninguém, surge um tempo livre, vou escalar meus projetos.

Só que o boulder me da vontade de fazer parede , que da vontade de fazer esportiva, que me da vontade de fazer boulder…

Agora tem a escalada Alpina, que me apaixonei também…

Gosto de todas as modalidades, não sei dizer qual gosto mais…

Maioria das marcas de equipamentos outdoor existentes no Brasil não investem em atletas nem no crescimento do esporte. Qual motivo você credita esta omissão?

Acho que o cenário está mudando desde ano passado, quando houve as três etapas do brasileiro de boulder, investimento pesado da Adrena (marca nacional) e lá tinha vários atletas apoiados e patrocinados, inclusive eu.

Foto: Tomi

Foto: Tomi

A Campo Base, empresa que me apoia, esse ano disponibilizou para os atletas fisioterapeuta, acho um grande investimento!

Também tenho visto bastante nas redes sociais: escaladora “tal” atleta do “tal” marca.

Poxa, é um começo!

O ano de 2013 está por acabar, você conseguiu realizar algum projeto pessoal neste ano?

Como 2012 foi incrível na escalada, fiz Presto Barba V8, Nostradamus (via) 9b e Cume da Guillomet (alpina).

Este ano o projeto pessoal foi e está sendo profissional por isso não coloquei nenhuma meta na escalada, mas o ponto alto, foram às idas para o Marumbi-PR, fiquei feliz de avistar vias em móvel, de me sentir forte de corpo e psico, lá é bem exigido.

Recentemente foi divulgado que as federações do Brasil não se interessam por promover um campeonato de escalada. Qual a sua opinião a respeito disso?

Foto: Miykell Kawamura

Foto: Miykell Kawamura

Campeonato traz visibilidade para o esporte, é uma pena porque complementaria o movimento crescente da escalada.

Algumas pessoas valorizam em excesso o valor do escalador pelo grau que escala.O que você pensa deste tipo de filosofia?
Para mim está é a filosofia do deslumbrado.

Olha, é admirável ver um escalador ou escaladora mandando alto grau , uma via difícil, mas isso não torna ninguém melhor que ninguém , todos tem o seu valor.

Eu valorizo boa “vibe”! E não escolho amigos, companheiros de escalada pelo grau que eles mandam.

Quais são as escaladoras que mais inspira você?

Gosto muito do estilo da Francine Borges.

Escala muito!

Foto: Ruddy Proença

Tranqüila, amiga de todos.

Silvia Vidal, muito casca grossa!

Roberta Nunes, penso sempre nela…

Você possui uma rotinas rígida de treinos?

Corro 13 km, três vezes por semana com duas amigas escaladoras, das 6 as 7 da manhã, endorfina, terapia, me deixa leve para o “climb” e finger duas vezes por semana.

Estes são sagrados. Muros e campus para complementar, mas sem rotina, nem horário…

Os incidentes com escaladores que desrespeitam locais de escalada cresceram muito nos últimos dois anos, a que você deve este fato?
Falta de educação, aquela educação que vem ou não, de casa.

Qual a mensagem que você teria para as mulheres que tem interessem em começar a escalar?

Foto: Ruddy Proença

Foto: Ruddy Proença

Mulherada comece a escalar, porque é um esporte incrível, uma filosofia de vida.

Evoluam, apavorem e nunca esqueçam de se divertir!

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