[EXCLUSIVO] Entrevista com Bruno Senna

OBS.: Por algum erro da nova plataforma do Blogger, toda e qualquer foto está sendo postada deformada. Em qualquer momento quando a nova plataforma estabilizar será corrigido o erro

O fotógrafo e escalador Bruno Senna, residente em Belo Horizonte, é um dos grandes expoentes nos vídeos e fotografias de escalada.

Seu talento e criatividade conseguiu emplacar um projeto de vídeo e fotos para a North Face do Brasil intitulado “My First Mountain”.

Bruno foi pela primeira vez a uma alta montanha na Bolívia escalar, e a retratou com seu experiente olhar fotográfico e experiência desde preparação até o final da sua escalada.

Somente pelo teaser liberado por ele já se pode visualizar a qualidade dos filmes. Seu vídeo publicado está no mersmo nível dos melhores que estão sendo postados na internet ultimamente.

O Blog de Escalada procurou o fotógrafo ,que gentilmente concedeu entrevista, onde falou sobre fotografia, filmes com DSLR e, claro, seu projeto e escaladas.

Para saber mais sobre seu projeto patrocinado pela North Face:
http://firstmountain.blogspot.com/

Para saber mais sobre Bruno Senna visite:
http://www.brunosennaimagens.com
http://brunosennaphotos.blogspot.com

Acompanhe entrevista abaixo:

1 – Bruno, a quanto tempo você trabalha com fotografia?Como foi que começou?

Tem mais ou menos 5 anos que trabalho com fotografia.

Comecei quase que como todo fotógrafo, fazendo um curso, bem básico, comprando a minha primeira câmera, tirando muitas fotos ruins.

É engraçado porque quando olho as minhas primeiras fotos e penso, se alguém me mostrasse essas fotos, o que eu pensaria? Ainda bem que a evolução é uma prerrogativa de todo ser humano.

Sempre pesquisei muito, e depois do quarto curso, percebi que não tinha muitas opções adequadas para me profissionalizar aqui em Belo Horizonte, então comecei a importar livros e ler muitos blogs de fotografia e fazer alguns cursos online.

No começo fiz muitos trabalhos “no amorzinho” (termo inventando pelo fotógrafo Pedro Kirilos, para trabalhos que fazemos sem cobrar), e honestamente penso que é melhor não cobrar nada do que cobrar uma miséria pelo trabalho, para que o cliente saiba o verdadeiro valor daquelas fotos, ao invés de achar que pode sempre pagar pouco.

E sempre me dispus a entrar de cabeça quando uma boa idéia surge.

Dinheiro é consequência, ouvi uma frase uma vez e concordo muito, se você só clica o que te pagam para fotografar, como vão te contratar para fazer aquilo que você gosta se o seu portfólio só tem os seus trabalhos.

Agora se você fotografa aquilo que gosta, chegará o momento em que vão te contratar para fazer aquilo que você mais gosta.Fotografia é um mercado de referências, seu portfólio é o seu currículo.

Transformei em filosofia da minha fotografia o TBC (tira a bunda da cadeira), resumindo, saia de casa e vá fotografar, mas não aleatoriamente, criei alguns projetos, reuni uma equipe talentosa e transformei em realidade, como é o caso da série Klowns (Klowns 2), as bailarinas voadoras ou algumas fotos de escalada.

Sempre mantive meu blog (http://brunosennaphotos.blogspot.com) com as minhas fotos, os making of, minhas idéias e conversas sobre fotografia.

Em março de 2008 fui chamado para ser colaborador da revista Ragga e depois de um mês fui contratado.

A fotografia é uma carreira lenta, no começo você gasta bem mais do que ganha, por muito tempo tive um outro emprego para ir alavancando minha carreira, meu nome e meu portfólio de clientes.

2 – A pergunta mais típica para fotógrafos: Nikon ou Canon? E porque?

Atualmente Canon!

já fui Nikon, e troquei no início da minha carreira, na época as cameras digitais da Canon eram muito superiores e as lentes de ponta eram e continuam com um preço mais acessível do que as similares da Nikon.

E depois de um tempo o investimento em lentes transforma sua escolha num casamento, e como todo casamento, tem horas que você ama a sua escolha e tem horas que você pensa como seria ter algo diferente. Hehehe.

O mercado funcina em ciclos, existem gerações de cameras de uma marca que são melhores, e os ciclos em médias duram 2-3 anos.

A verdade é que as duas marcas são excelentes, mas ao mesmo tempo as duas marcas não lançam nada de interessante para o mercado profissional há 3 anos.

Atualmente penso que as Canon são mais rápidas e as Nikons tem mais funções fun embutidas nas câmeras.
A real é que não é o equipamento que garante uma boa foto, mas o fotógrafo. O equipamento tem que te dar a segurança de trabalhar e esquecer dele para que possa se focar na parte criativa, que é a divertida do processo.

3 – Quado foi que começou a escalar?

Comecei a escalar em 2006, na Crux, talvez a menor academia de escalada que já existiu, mas ao mesmo tempo o lar de grandes escaladores de minas e com certeza uma das mais divertidas de toda a história da escalada.

Era um esquema de personal de escalada e a família Ouriques fazia milagres com o pequeno espaço do lugar, era como a vila do chaves, uma grande família, onde todo mundo se conhece é unido. Sinto saudades dessa época.

Me apaixonei pelo esporte, pelo estilo de vida e a maneira como a escalada mudou a minha vida. Mudei minha alimentação, meus hobbies e isso com certeza influenciou a minha fotografia e a minha escolha de carreira.

Eu penso que a escalada é a porta para um universo alternativo, que poucas pessoas tem acesso.

Me lembro quando escalei o Pão de Açucar e sentado numa das paradas, admirando aquela vista incrível de 180 graus da cidade do Rio de Janeiro, senti meio que uma melancolia, pensando, quantos dos meus amigos nunca vão ter essa oportunidade.

É algo muito único, poder escalar, acessar lugares remotos e estar em contato tão direto com a natureza. É um esporte único.

4 – Há algumas pequenas produções de vídeos seus em DVD com amigos? Porque eles não são divulgados?

Tem um filme muito legal da viagem da Rokaz de 2010, Rokaz France Trip, que fui como fotógrafo e cinegrafista. Ficou lindo, foi editado pelo Robério Carneiro, que é muito competente.

Tenho alguns outros videos de escalada, de um projeto de um filme de boulder, mas ainda não foi finalizado.

Porque eles não são divulgados? Não sei responder, pensamos em colocar na net ou talvez inscrever no Banff, mas nada foi feito efetivamente.

5 – Como surgiu a idéia de fazer o projeto da North Face?

Em 2007 estive na Bolivia e desde então fiquei fissurado com a idéia de escalar o Huayna Potosi.

No começo do ano o Leonardo Santiago me falou que estava indo, e a data coincidia com a saída do meu segundo e secreto emprego. Me juntei a viagem e chamei mais dois amigos, pensando na época somente na possibilidade de fotos e videos e pela experiência claro.

Depois numa conversa com a minha editora da revista Ragga falei sobre a possibilidade de uma matéria e ela disse: acho ótimo, como chama o projeto? Na hora me veio a resposta “my first mountain!”

Logo depois percebi que excelente idéia estava nas nossas mãos esperando para ser explorada. Montamos o blog, começamos a documentar tudo e corremos atrás de patrocínio.

E nessas horas você percebe como algumas marcas tem uma mentalidade muito diferente das outras.

A The North Face Brasil foi muito receptiva e apoiou o projeto logo de cara, assim como a Ragga, a Academia de Escalada Rokaz e a Red Bull.

E da noite pro dia o My First Mountain virou um projeto com projeção nacional.

6 – Como foi para você o resultado obtido?

Tem sido bem melhor do que eu esperava.

Várias novas portas se abriram.

O projeto My First Mountain também vai ter continuidade.

Já estamos preparando as próximas aventuras, e a cobertura vai ser cada vez melhor e com mais qualidade.

7 – Após terminado este projeto há algum outro que deseja fazer e que poderia falar?

Existem vários.

Como disse já estamos preparando a continuidade do My First Mountain.

Estamos desenhando um blog novo e pensando nas próximas aventuras. Além do que estamos também nos capacitando no processo de captação e edição de videos para que a qualidade dos próximos seja ainda melhor.

Tenho também dois projetos de videos de escalada. Um curta, mais conceitual sobre a ascensão de um boulder e todo o processo mental que o escalador passa para chegar a cadena e um longa sobre a escalada no Brasil.

Esses dois projetos estão apenas esperando verba e apoio para se tornarem realidade. São projetos muito sólidos, e vão se tornar realidade, é só ter paciência.

8 – Você possui um olhar apurado de fotógrafo. Isso ajudou na execução do filme?

Ajuda e atrapalha.

A mentalidade do fotógrafo foca apenas na estética e tenta capturar o maior número de ângulos possível, já o videomaker tem que captar conteúdo para que a história tenha continuidade e sua preocupação maior é ilustrar visualmente a história.

O meu background de fotógrafo ajuda muito na estética do filme, mas atrapalha porque tenho a chamada “sindrome do dedo ansioso”.

Acho um angulo lindo, filmo por alguns segundos e já mudo para outro. Na hora da edição sofremos com meus takes super curtos.

9 – Alguns de seus vídeos irão participar de algum festival?

Pretendemos entrar no Banff do ano que vem. Não conseguimos editar o filme para que entrasse no festival desse ano.

10 – Hoje a produção de vídeos DSLR é uma realidade. Como você visualiza este novo mercado?

Há 1 ano atrás conheci um dos maiores fotógrafos de escalada da atualidade, o americano Corey Rich, ele me disse “Bruno, no último ano meus trabalhos passaram de 100% fotos, para 50% fotos e 50% videos”.

Passei 3 dias com ele e foi uma experiência intensa que considero como um marco na minha carreira. Ele me fez enxergar que video é uma realidade, agora somos profissionais audiovisuais, trabalhamos com fotos, videos e áudio.

Dominar essas técnicas é uma exigência do mercado.

Com a tecnologia de video das DSLR’s temos uma camera de cinema nas mãos.

E de repente profissionais que passaram anos estudando estética, tem a possibilidade de fazer imagens em movimento.

É uma época muito empolgante de se poder fazer parte.

E ao mesmo tempo é um grande desafio, pois ao mesmo tempo que essas cameras fazem imagens lindas, todo o resto é péssimoO foco é manual, o áudio tem que ser captado externamente, a movimentação tem que fazer uso de tripés, sliders e gruas, mas quando bem feito, o resultado é fantástico.

Visualize o trailer de se projeto aqui:

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=glTwEC_-c5Q?rel=0&hd=1]

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