Todas as pessoas do mundo possuem um lugar preferido.
Alguns tem a sorte de este mesmo lugar ser perto de suas casas, ou sua cidade natal.
O carinho pelo “lugar preferido” é difícil até mesmo explicar, e às vezes de mensurar.
Uma das formas mais singelas e eficientes de difundir o carinho e admiração além de prestar uma homenagem é através de um documentário que conte as histórias de lá.
Motivados pelo objetivo de divulgar a todos o lugar de escalada chamado “Lander” localizado no estado americano do Wyoming.
O resultado de horas a fio de filmagens das mais diversas vias e dos mais variados setores típicos do lugar resultou no filme “Wind & Rattlesnakes”.
O filme inicia com trilha sonora no melhor estilo “hard rock” lembrando muito o estilo utilizado nos “Master of Stone” dos anos 80, mas optando também por alguns efeitos especiais que lembram muito filmes de faroeste.
Muito disso por ser lá mesmo no Wyoming possuir histórias clássicas de cowboys, gangues, assaltos a diligências e etc.
Após uma introdução divertida e com bons efeitos especiais (cada vez mais presentes em filmes outdoor) vai contando a importância que Lander teve para a escalada esportiva dos EUA.
Lembrando didaticamente que à época somente se pensava em escalada tradicionais no país, e a escalada esportiva ainda estava engatinhando no país.
Com a consolidação da escalada esportiva no lugar, sua popularização não tardaram aparecer os “heróis locais”.
Entenda “heróis locais” escaladores que levam o esporte local a um nível mais alto do que se encontra.
Até a primeira metade do filme, a sua didatica agrada bastante e serve como um excelente documentário histórico.
Entretanto “Wind & Rattlesnakes” a partir da sua metade começa a se tornar repetitivo e aparenta ser dois filmes distintos, tamanha a diferença de contexto e enredo entre as duas partes.
A segunda parte há uma mudança na temática, e começa-se a discutir mais a filosofia da escalada esportiva, e o futuro do esporte, além de documentar todos os escaladores que passaram a trabalhar com isso na região.
Esta mudança de estratégia e enredo causa certa confusão no espectador.
Próximo do fim a produção começa a homenagear os grandes nomes que passaram por lá, como o já falecido Todd Sckiner, conhecido escalador americano especializado em “livrar” vias de alta dificuldade no país.
Esta homenagem em ritmo mais frenético do que o início faz com que as homenagens pareçam ser feitas às pressas.
A destacar ainda a escolha da trilha sonora, de muito bom gosto e levemente eclética que em alguns momentos conseguiu dar o tom saudosista que pede o filme.
“Wind & Rattlesnakes” é um bom filme de homenagem a um lugar, e que poderia ser dividido ainda em duas partes, dada a diferença entre as duas primeiras metades.
A produção mostra a todos os escaladores (em especial aqueles que acham que não irão envelhecer nunca) que o tempo passa para todos, porém os lugares ficam e devem ser cuidados para que geração futuras desfrutem.
Somente por essa mensagem o “Wind & Rattlesnakes” merece todos os elogios.
Nota Revista Blog de Escalada:

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.