Faz parte do processo evolutivo de qualquer pessoa ou profissional amadurecer com o tempo.
Cada indivíduo possui seu tempo para isso.
Algumas pessoas tomam mais tempo do que o habitual.
Entretanto é prazeroso ver quando algum profissional evolui e amadurece seu estilo e linguagem.
Este é o caso do produtor Chuck Fryberger autor de “The Scene”, “Core ” e “Pure”.
Filmes estes que priorizavam em demasia imagens contemplativas e não tinha preocupação com a história ou roteiro.
Muito por isso foi considerado uma versão do cineasta “Michael Bay” dos filmes de escalada.
A constante comparação foi devido ao uso e abuso de cenas de efeito em sua maioria em câmera lenta. e um resultado final que deixava a desejar.
Após um período em que ficou sem divulgar muitas produções Fryberger meditou sobre seu estilo, e aprendeu a importância de dar uma história às suas produções.
O estilo de filmar herdado do marketing era evidente em seu trabalho, e parecia atrapalhar seu modo de dirigir.
Seu novo filme “The Network” lançado mostra que seus tropeços trouxeram também amadurecimento.
A produção que teve alto investimento é um filme entretenido e que agrada várias tribos de escaladores, e, porque não, de admiradores de filmes outdoor.
Focando a rede de contatos entre escaladores espalhados pelo mundo inteiro protagoniza os escaladores Kilian Fischhuber e Anna Stohr passeando por lugares de escalada.
Cada local é escolhido de acordo com a “rede de escaladores” (daí o nome do filme ‘The Network”).
Chuck leva o filme em um ritmo mais lento do que o seu habitual, o que permite a apresentação dos personagens mais adequadamente.
A cada viagem lugares interessantes de escalada são mostrados com boa fotografia, além de apresentar cada ponto da “rede”.
Cada pessoa citada tem o seu devido destaque e sendo assim desfila ao longo do filme um “elenco” de peso como: Dave Graham, Paul Robinson, Daniel Woods, Sean McColl, Ian Dory entre outros.
A história se desenrola naturalmente até a metade da produção quando suas filmagens de escalada voltam ao seu velho estilo Fryberger (contemplação excessiva, closes em demasia e câmera lenta).
Nesta “volta” ao velho estilo o filme perde muito em qualidade e fica próximo de ser uma peça publicitária.
Bancada pela Red Bull, a produção também inova com efeitos especiais gráficos na medida certa e sem exageros.
Ao menos durante a produção a exibição da marca foi bem comedida, ao contrário de outras produções.
Apesar de cenas de escalada longas em demasia o resultado final não é comprometido totalmente por isso, porém chega muito perto.
Alguns “vícios” de publicidade do diretor são explícitos, e podem até mesmo incomodar os mais puristas.
Tendo destaque principal o nítido amadurecimento de Chuck Fryberger , “The Network” mescla dois estilos considerados opostos e obtém um resultado interessante, e que seguramente deve inspirar o público.
Inspiração muito mais por ter documentado uma história, e menos por tentar insistentemente produzir imagens de efeito como o produtor insistia fazer em produções passadas.
Apesar do filme se assemelhar muito a uma peça publicitária longa, a preocupação em documentar uma história merece destaque, relevando os tropeços de roteiro e continuidade.
Nota do Blog de Escalada:
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.