Crítica do filme “The Last Ice Merchant (El Último Hielero)”

931429_389106724535584_2113768673_n[1]Com o passar do tempo algumas profissões ficam obsoletas.

Este é o “preço” da evolução tecnológica e da sociedade como um todo.

Profissões como coletor de esterco, ferrador de cavalos e assim por diante foram esquecidas com o tempo.

Da mesma maneira que algumas profissões que conhecemos hoje deixarão de existir.

Procurando documentar o olhar de resignação de alguém que tem o seu ofício extinto, o produtor Sandy Patch foi até as montanhas do Equador filmar o drama pessoal de Baltazar Ushca.5697925758_66709b2ab2[1]

Ushca é o último dos coletores de gelo da montanha Chimborazo.

O processo de Baltazar é rústico e simples: ir ao cume, cavar em lugares altos, procurar blocos gigantes de gelo, enrolar em palha coletada no cume, carregar no lombo de mulas e vender o gelo natural na cidade.

5697925532_f15b54290c[1]Este processo artesanal esbarra em um detalhe: já existem casas que fabricam gelo na cidade onde vive.

Por ser o processo de fabricar gelo em frigoríficos muito mais fácil, simples e prático a profissão de coletor de gelo foi sendo extinta com o tempo.

Uma metáfora que serve para muitas profissões.

Baltazar Ushca ainda insiste em ir semanalmente à montanha coletar grandes blocos de gelo natural e vende-los para a indústria de sorvete.438211679_640[3]

O roteiro ,que parece muito ter saído de um conto literário, é muito bem escrito e conduzido por Patch que documenta de maneira às vezes cruel outras sensível os pensamentos e angústias de Baltazar.

Muitas emoções são despertas no decorrer do filme com declarações dos irmãos de Baltazar e seus clientes.

São pensamentos simples mas que servem para que o espectador vá meditando sobre o sentido da vida, das tecnologias e de nossas teimosias pessoais.

429945_381099468568152_1373874097_n[1]Com pouco mais de 14 minutos tem duração na medida certa e potencial para agradar público de montanha, praieiros e entusiastas de cinema dada a qualidade apresentada.

Agrada por trazer pontos interessantes sobre profissões, suas utilidades e o futuro que as aguarda.

O filme em si trata de um homem simples do Equador assistindo de maneira resignada a profissão aprendida com os pais sumir frente aos seus olhos, mas emociona por trazer-nos a sensação de impotência diante da evolução.

Algo parecido com o que ocorrerá com revistas e jornais em breve, principalmente os pequenos e médios que possuem publico difuso e pouca identificação de seu público alvo.

Meios estes que quando deixar de existir ninguém sentirá falta, porque já existe algo equivalente e de qualidade semelhante.

“The Last Ice Merchant (El Último Hielero)” é uma verdadeira obra de arte e inspiração segura a quem pretende fazer filmes de montanha com cunho mais social e filosófico.

Nota do Blog de Escalada:

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