Crítica do filme “The First 70”

Qual seria a sua reação se soubesse que por uma economia de 2% no orçamento o seu estado fecharia quase 1/4 dos parques existentes? Acredito que somente por esta pergunta muitas pessoas estariam em polvorosa.

Pois foi exatamente esta situação que o estado da Califórnia, que é um dos estados mais ricos dos EUA, colocou para a sua população. Seria o equivalente ao estado de São Paulo tomar a mesma decisão fechando locais como PETAR ou a Pedra do Baú. O mais irônico nesta “economia” de orçamento é que a quantia poderia ser facilmente economizada sob outros aspectos, como por exemplo, o corte de gastos e mordomias na câmara de deputados.

Análises à parte a decisão tomada foi: fechar as portas dos parques. Com o fechamento estes ficariam expostos a vandalismo, degradação e até mesmo destruição clandestina. Os produtores do filme “The First 70” resolveram não ficar só lamentando e realizaram um documentário em que captaram imagens de cada um destes parques que iriam ser fechados.

 

Foram visitados todos os parques em um espaço de três meses. Nesta viagem os produtores aproveitaram para além de captar imagens entrevistar funcionários dos parques, frequentadores assíduos e líderes comunitários. O resultado deste esforço foi um filme tocante, e mesmo possuindo várias críticas contundentes às decisões políticas em questão.

Procurando durante a execução realizar uma reflexão filosófica do impacto disso tudo. O resultado disso é um filme poético e emocionante. A decisão de ser um filme que conscientizasse, mas sem possuir um cunho ativista ambientalista foi a escolha correta. Com boas animações gráficas, e uma narração em que não há alteração do tom, o filme é desde já um excelente exemplo de que como fazer um filme de ativismo ecológico sem desagradar ou cansar. Ficou claro que nele não há espaço para os “eco-chatos”.

O filme “The First 70″ tem como seu maior mérito ser poético sem ser piegas. A todo o momento o filme se esquiva de realizar muitas lamentações e procura mostrar soluções para os problemas. Com isso o filme usa de técnicas conhecidas de autoajuda e de motivacional de maneira sutil e eficiente. Com uma sequência de imagens de beleza estética indiscutível, o filme transcorre em seus pouco mais de 30 minutos de maneira a passar a sua mensagem de que é possível sim fazer este tipo de decisão ser revertida.

A produção tem como grande qualidade também o fato de também retratar os exemplos em alguns parques que encontraram soluções e reverteu o fechamento. Estas soluções foram as mais diversas: desde parceria com empresas de cidades próximas aos parques e até mesmo um abaixo-assinado entregue por crianças e filmado pela mídia para pressionar políticos. Com uma edição primorosa o filme ensina de maneira bem suave e emocionante como é possível fazer o próprio sistema funcionar a favor da ecologia.

Seria algo a poder melhorar usar o recurso de legendas para que identificasse qual lugar estavam retratando, já que foram percorridos cada um dos 70 parques estaduais que estariam ameaçados. A produção do filme foi totalmente bancada utilizando um site de “crowd found”. O site Kickstart.com teve participação fundamental na realização do projeto. Quando postularam para a realização a intenção era arrecadar cerca de US$ 35.000 para cobrir os gastos.

O valor total arrecadado foi mais de US$ 57.000. Até o momento o filme foi exibido em sessões de cinema especiais e pela internet para quem colaborou com a iniciativa. Valor este que os produtores assumiram o compromisso público de utiliza-lo para a produção integralmente.

Produção como esta engrandece enormemente a realização de filmes outdoor, e de cunho ecológico. Conseguido com a sua elegância de imagens e simplicidade de roteiro mostrar que é possível sim fazer um filme ativista que agrade desde os moderados até os mais radicais.

Nota do Revista Blog de Escalada:

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