Crítica do filme “Spice Girl”

spice_girl_1Não é segredo para ninguém que a escalada é um ambiente predominantemente masculino.

Por motivos variados a quantidade de mulheres que se dedicam a escalar, especialmente profissionalmente, é escassa.

Como consequência disso o  desejo de escaladores em possuir uma namorada que escala fica às vezes somente na esfera dos devaneios.

Entretanto este quadro vem mudando radicalmente nos últimos anos (ao menos no que se refere à escalada, não ao desejo de um parceiro do sexo oposto) aparecendo mais e mais escaladores de todos os cantos.

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Outrora somente dominado pelos mesmo nomes (e que faz o público ter a sensação de ver “mais do mesmo”) o cenário da escalada está gradativamente mudando de cara e de proporção entre mulheres e homens.
Aproveitando esta mudança (necessária diga-se) os produtores da Sender Films realizaram o filme “Spice Girl”, o qual fez parte do pacote de filmes do Reel Rock Tour 2013.

A produção documenta a escaladora britânica Hazel Findlay, à primeira vista uma loirinha pequena e frágil em seus joviais 24 anos.

Entretanto Findlay é hoje uma escaladora respeitada em toda Inglaterra não temendo nenhum desafio, mesmo com suas quedas visualmente impressionantes.spice_girl_4

Particularmente nos primeiros minutos é retratado várias quedas próximas ao Fator 2 de queda.

Sua determinação é tão grande que até mesmo os temidos “hard grits” do Reino Unido já fazem parte de seu curriculum.

Hazel é filha de um escalador que faz parte da “velha guarda” inglesa e escala desde pequena na chuvosa Inglaterra, sendo sempre frequentadora dos locais mais populares britânicos.
Hazel Findalay mostra que escala vários estilos passando por escalada em móvel, fendas, esportivas e tradicionais.

Uma pessoa que não tem medo de sair de sua zona de conforto (qualidade imprescindível a um atleta de elite)

Até a primeira metade do filme o desenrolar é impecável, e o desafio enfrentado com o auxílio de seu pai na sua segurança oferece um toque dramático.

As cenas de Hazel à beira-mar em uma via exposta e agarras podres (graduação E9 Inglesa) mostra que é seguramente uma garota de nervos de aço.

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Mas a partir da conclusão desta escalada “Spice Girl” muda totalmente de foco, e ritmo, saindo da Inglaterra e indo para Marrocos encontrar Emily Harrington.

A explicação sobre o desafio, e todo o desenrolar da dupla de loiras em uma via de 800 metros é bem filmada e editada.

Entretanto as duas partes parecem ser dois filmes totalmente diferentes e sem relação um com o outro.

spice_girl_7Um recurso que vem se tornando recorrente por parte da Sender Films nos últimos anos, e que vem se tornando em uma debilidade evidente.

Uma decisão precipitada já que o filme “Spice Girl” em sua primeira metade é um excelente debut de Hazel, já que não haviam muitos filmes com ela.

A segunda parte com a escalada no Marrocos é bem executada, apesar de abusar um pouco da linguagem publicitária e ter evidente cunho comercial.

Tivessem os produtores terem feito a escolha de contar uma história por vez, “Spice Girl” seria ao menos mais dinâmico e menos desconexo.

Esta pressa em produzir várias histórias de uma nova geração de atletas parece mais uma ordem oriunda dos patrocinadores do que de produtores.

Realmente uma pena este tipo de decisão.

Nota do Blog de Escalada:

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