Crítica do filme “Quebrando o Tabu”

quebrando_o_tabu_posterQuando o assunto de qualquer conversa é sobre o uso de drogas, seus perigos e motivos de proibição haverá sempre discursos inflamados , especialmente por quem possui ponto de vista radicais (para ambos os lados).

Reações típicas de quando se está discutindo um assunto que é tabu.

O desafio de ter uma conversa madura a qual necessite de que toda e qualquer pessoa esteja despida de toda resistência e atitude radical a respeito do assunto das drogas demanda esforço hercúleo.

Consciente desta dificuldade, e mesmo assim disposto a enfrentar os riscos de “pedradas” e “troladas” o diretor Fernando Grostein Andrade usa um aliado peso pesado para abordar o assunto sobre o uso de drogas: Fernando Henrique Cardoso.

O ex-presidente da república do Brasil abraça o desafio junto com Andrade realizando o polêmico (mas necessário) “Quebrando o Tabu” o qual documenta uma reflexão sobre o uso de drogas e procurando abrir discussão aberta e franca sobre o tema da descriminalização.quebrando_o_tabu_5
Tendo FHC como condutor da linha de raciocínio sobre como lidar com os usiários de drogas a produção realiza entrevistas com convidados como Bill Clinton, Jimmy Carter, Anthony Papa, Ruth Dreifuss, Paulo Coelho, Drauzio Varela, Ethan Nadelman entre outros

Todos estas personalidades convidadas pelo ex-presidente e que aceitaram de prontidão.quebrando_o_tabu_7

“Quebrando o Tabu” começa a exibição no melhor estilo: “pé na porta e tapa na cara” quando aborda o que é e quando se criaram as drogas.

Colocando perguntas importantes de porque uma droga “x” é considerada legal, e outra “y” não.

Esta introdução ousada aborda o nebuloso histórico da convivência do ser humano com as drogas.

Nesta primeira parte muitos reacionários (de ambos os lados) tiveram convulsões devido à maneira pouco convencional e bastante direta com que contesta a discriminação de quais drogas podem, ou não, serem consumidas

Conduzindo a construção da definição da idéia  com boa direção de Fernando Andrade o filme o faz de maneira didatica a principal  pergunta do filme: o que é, e o que significa, descriminalizar o uso de drogas.

Este esclarecimento é fundamental para que a “galera legalize” contenha o entusiasmo e entenda que “liberdade” e “descriminalização” são conceitos distintos.

Apesar de soar tendencioso para a condução do raciocínio proposto pelo filme deixa bem claro que nada tem a ver com “liberou geral”, muito pelo contrário.

quebrando_o_tabu_4Por utilizar muito o recurso de  histórias (sem abordar o outro lado da moeda) o filme torna-se um pouco maçante pelo uso repetitivo da exemplos semelhantes e com a mesma mensagem.

O filme “Quebrando o Tabu”, entretanto, peca por não ter voltado também a visão para os ditos “usuários recreativos” optando por focar apenas na esfera de legalidade e criminalidade.

Como o objetivo do filme é discutir sobre a criminalização, ou não, de certas drogas, não teve uma amplitude de situações de todos os tipos de usuários.

Ponto de vulnerabilidade explorado ao extremo e por isso duramente apedrejado por críticos (muitos deles conservadores e de nariz empinado) .quebrando_o_tabu_2
A grande quantidade desta resistência foi devido à abordagem de colocar em um caldeirão só todos os tipos de drogas.

A potencialidade de cada tipo de drogas  é um outro assunto que transcende análise cinematográfica de documentários.

Durante a exibição perguntas pertinentes como “quem fuma um cigarro logo de manhã, necessita de ajuda?” causou calafrios para liberais foi pouco explorada abrindo brecha para gritaria  em vez de reflexão.

Importante salientar que em alguns momentos i filme alterna críticas com tons conservadores e outros com caráter liberal.

Esta abrangência de opiniões deixa margem para críticas de quem imagina que a produção está tomando lado de alguém ou alguma filosofia.quebrando_o_tabu_1

Mesmo se estendendo na elaboração do tema a conclusão do filme consegue realizar o seu objetivo principal que é o espectador refletir sobre um assunto polêmico e delicado.

“Quebrando o Tabu” serve para todas as idades e classes sociais mas seria ingenuidade acreditar que agradaria qualquer uma das partes interessadas seja o “usuário recreativo” como o conservador reacionário.

Este tipo de desagrado é seguramente pela maneira aberta (e sem nenhum rodeio ou eufemismo) com que trata o uso de drogas e a sua criminalização.

“Quebrando o tabu” é sem dúvida uma produção corajosa e com objetivo de alertar a sociedade da necessidade de uma discussão aberta sobre o uso de drogas em contrapartida das soluções equivocadas que são adotadas a algumas décadas.

Uma conversa necessária para que os conceitos da sociedade atual esteja tão moderna quanto a tecnologia que utiliza, o que não acontece.

Nota do Blog de Escalada:

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