Vivemos em um mundo que está em constante evolução.
Tudo mesmo, e desde sempre.
Não faz muito tempo as tecnologias e culturas passaram a evoluir a uma velocidade espantosa para todos, não importando a idade.
A produção de filmes de escalada passa por esta evolução e vem desde as imagens contemplativas para histórias mais elaboradas e com conteúdo mais inteligente.
Dentro do conjunto de filmes de escalada, a que mais oferece praticidade para filmagem e edição é o da prática de boulder.
Por existir uma quantidade muito grande de produções do gênero, os erros e vícios dos praticantes ficaram mais em evidência do que outros gêneros.
Foi apelidado por muitos de “rock porn”
Procurando realizar algo mais inteligente e sensível os produtores David Schickengruber e Stefan Köchel planejaram uma abordagem diferente e mais adulta para filme de escalada em boulder.
Seu cuidado com pequenos detalhes importantes resultou no surpreendente “Finisterre”, um filme sensível e que consegue agradar aos mais fanáticos praticantes da modalidade.
O filme documenta a viagem de uma dupla de austríacos (Dentre os quais os próprios David Schickengruber e Stefan Köchel) desde Graz até a região da Galícia na Espanha.
Nas terras galegas exploram um pouco da história e seus desbravadores da prática de boulder na região.
Com roteiro bem escrito e executado, e com uma preocupação ímpar em construir cada personagem apresentado, a produção “Finisterre” é uma das gratas surpresas do gênero para 2013.
Com captação de imagens criativas (com boa dose de inspiração no seriado “Breaking Bad”) detalhes de viagem como pessoas, boulders , clima e etc, faz o filme fluir em pouco mais de 1h15 min de sua exibição.
Um grande acerto da dupla também foi a preocupação de mostrar a internet ser um personagem coadjuvante e sempre presente na vida de todos, o que raramente é visto em filmes de escalada.
Procurando retratar os principais blogueiros galegos e sua importância para a comunidade local revelam como o acesso à informação contribuiu para a popularização do esporte, além de criar infinitas possibilidades de viagem.
Além, é claro, de aproximar as pessoas com interesses em comum.
O filme “Finisterre” é uma produção madura e que mostra a grande evolução por que estão passando produções de escalada em boulder.
Uma evolução que há muito era necessária para inspirar pessoas a conhecer outros lugares diferentes, e aprenderem que o mais importante de poder viajar e escalar é conhecer lugares novos e pessoas interessantes, não apenas fazer força.
“Finisterre” não é somente um filme de boulder, é um filme de pessoas que praticam boulder e gostam de viajar, e este detalhe de abordagem fez toda a diferença.
Nota do Blog de Escalada:
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.