O evento de escalada organizado por uma empresa de bebidas européia está causando polêmica na Espanha e motivou parte da população realizar uma petição para cancelar o evento.
Programado para ser realizado em “Puente de La Reina”, uma construção quase milenar, e um dos grande símbolos do Caminho de Santiago, tem como atração grandes nomes da escalada européia patrocinados pela empresa.
Fosse apenas uma escalada simples em edifícios urbanos (Urban Climbing), não haveria barulho, mas os organizadores do evento munidos de furadeiras e parafusos, cravaram na estrutura da ponte agarras de escalada.
O evento, batizado de RB Creepers, sua primeira edição aconteceu em 2014 e chamou a atenção por tamanha modificação a um monumento histórico.
A edição do ano de 2015 foi anunciada para junho e a discussão a respeito do evento voltou à tona com mais força.
Liderado pelo espanhol Ignácio “Natxo” Hernández, um abaixo assinado eletrônico foi criado pedindo o cancelamento do evento, assim como a retirada das agarras da “Puente de la Reina”, além de explicações a respeito da modificação aplicada ao monumento.
A ponte em estilo romântico foi construída no século XI e é um dos monumentos de arquitetura espanhola mais carismática do Caminho de Santiago.
No Caminho de Santiago , Puente de La Reina, é um símbolo para todos os peregrinos, além de ser considerado um cartão postal do estado de Navarra.
Na estrutura da ponte há sete arcos romanos com 110 metros de diâmetro.
Argumentos de “Natxo” Hernández
O madrilenho Ignácio após investigação independente apurou que o monumento é um patrimônio do estado de Navarra, e não nacional como acreditava.
De acordo com as leis da Espanha, o estado de Navarra possui a obrigação de proteger e conservar de maneira adequada o monumento.
Natxo pediu ao governo da Espanha resposta para as seguintes perguntas:
1 – Se realizou um estudo de impacto na estrutura antes de realizar a competição?
2 – Que tipo de ancoragem se utilizou para prender as agarras de escalada?
3 – Que tipo de acordo chegou à administração de Navarra com a Empresa organizadora?
4 – Se realizou ou vá ser realizado um estudo de impacto que a competição ocasionou à estrutura?
5 – No caso da realização da atividade tenha causado dano ao monumento, haverá responsabilização política? Existem sanções definidas à empresa que realizou a atividade?
Em resposta direta de parlamentares do governo espanhol, a competição não faz parte do calendario oficial da Federação Espanhola de Montanha e Escalada, o que faz com que a competição não tivesse obrigatoriedade de ser supervisionada pelo Ministério da Educação, Cultura e Esporte da Espanha.
O abaixo assinado já possui 44% do objetivo atingido.
Pode ser assinado, por pessoas de qualquer nacionalidade em: https://www.change.org
O Outro lado
A empresa organizadora do evento não se pronunciou oficialmente sobre a repetição do evento no ano de 2015.
O Governo do estado de Navarra também não se pronunciou, nem cedeu qualquer declaração quando procurada por meios de comunicação para esclarecimentos.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.