Muitos consideram que a escalada é um mundo dominado por homens e não há igualdade de gênero em termos de desempenho. Mas um estudo científico publicado este mês, coloca essa teoria por água abaixo afirmando que mulheres possuem o mesmo potencial de nos esportes que os homens
De acordo com um artigo recente na revista Current Research in Physiology, intitulado Female excellence in rock climbing likely has an evolutionary origin, a paridade de gênero na escalada é muito acima de outros esportes. Várias mulheres podem ser encontradas na lista dos 100 melhores atletas, implicando em uma tendência não encontrada em nenhum outro esporte importante.
igualdade de gênero
Considerando somente escalada em rocha e a cadena em vias acima de 9a+ francês (12a brasileiro), temos Angela Eiter (9b francês / 12b brasileiro), Margo Hayes (9a+ francês / 12a brasileiro), Anak Verhoeven (9a+ francês / 12a brasileiro), Josune Bereziartu (9a+ francês), Ashima Shiraishi (9a+ francês) e Laura Rogora (9a+ francês).
Ao todo, por volta de 81 escaladores, homens e mulheres, afirmam ter escalado acima de 9a+ francês (12a brasileiro). Não parecem muito em termos quantitativos, que representa pouco mais que 7%, até analisarmos outros esportes.
Igualdade de gênero no esporte
A norte-americana Colin Carroll, que é a autora do artigo da Current Research in Physiology e também escreveu o livro Fitness by Darwin (que pode ser baixado gratuitamente), olhou para a lacuna de desempenho de mulheres e homens em determinados esportes. A lacuna de desempenho no esporte pode ajudar a determinar quais movimentos foram mais essenciais para a evolução humana.
Os homens superam as mulheres em esportes que exigem força e resistência muscular, mas a magnitude dessa lacuna de desempenho não parece ser constante. De acordo com Carroll, o valor da lacuna de desempenho entre homens e mulheres é maior em alguns esportes do que em outros.
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Colin Carroll começou analisando os valores da lacuna de desempenho dos 100 metros rasos, onde os tempos dos homens e das mulheres são relativamente mais próximos do que em a maioria das outras disciplinas de atletismo. Nos 100 metros rasos, em nível mundial, nenhuma mulher está entre as 2.000 velocistas mais rápidas de todos os tempos.
A autora analisou então o outro extremo: a maratona. Na modalidade, também não há mulheres entre os 2.000 melhores atletas. Mas durante a sua pesquisa, notou que na escalada em rocha havia várias mulheres na lista dos 100 melhores atletas e apontava a uma tendência não encontrada em nenhum outro esporte.
O que chamou a atenção da pesquisadora foi exatamente esse número na escalada em rocha. Para Colin Carroll, a escalada em rocha é o esporte mais parecido com o arvorismo, movimento fundamental para o desenvolvimento humano.
A pequena diferença de gênero na escalada em rocha fornece evidências de que os primeiros humanos enfrentaram pressão de seleção externa, provavelmente de predadores, para escalar bem. Assim, a importância da escalada para a sobrevivência dos humanos, mesmo após o surgimento do gênero Homo (Homo habilis, Homo erectus, Homo neanderthalensis e Homo sapiens) foi vital para a sobrevivência da espécie.
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O Homo habilis foi a primeira forma humana, surgida há 2 milhões de anos. Para Colin Carroll a excepcional habilidade das mulheres escaladoras em relação aos homens é mais uma evidência da existência de adaptações musculoesqueléticas independentes ao sexo e que se desenvolveu ao longo da evolução humana, como resultado de forças de seleção externas (não sexuais), para facilitar os movimentos essenciais.
Essas adaptações diminuem parte do dimorfismo sexual físico geral que existe nos humanos. O artigo fornece também evidências de que o corpo humano foi moldado, em parte, pela pressão para escalar bem.
A autora, em um outro artigo, defendeu que a lacuna de desempenho (performance gap) no esporte pode ajudar a determinar quais movimentos foram mais essenciais para a evolução humana. No artigo, a pesquisadora conclui que a tendência de seleção favorecendo em humanos deve ser explorada mais adiante para determinar se a lacuna de desempenho no esporte pode de fato ser usado para determinar os movimentos aos quais o corpo humano está mais .adaptado
O artigo Female excellence in rock climbing likely has an evolutionary origin pode ser lido na íntegra (ou baixado em PDF) em: https://www.sciencedirect.com
O artigo The Performance Gap in Sport Can Help Determine Which Movements Were Most Essential to Human Evolution pode ser lido na íntegra (ou baixado em PDF) em: https://www.frontiersin.org
