Estudo conclui que atividades outdoor diminui impactos negativos à saúde mental pela pandemia

Um estudo da North Carolina State University descobriu que recreação outdoor e atividades feitas na natureza ajudaram a diminuir alguns dos impactos negativos à saúde mental da pandemia de COVID-19 para adolescentes.

Os pesquisadores disseram que as descobertas, publicadas no International Journal of Environmental Research and Public Health, apontam para brincadeiras ao ar livre e atividades realizadas na natureza como uma ferramenta para ajudar os adolescentes a lidar com os principais fatores de estresse, como a pandemia de COVID-19, bem como futuros desastres naturais e outros estressores globais. Os pesquisadores também ressaltam as implicações para a saúde mental de restringir as oportunidades de recreação ao ar livre para adolescentes e a necessidade de aumentar o acesso à áreas naturais

“As famílias devem ser encorajadas a pensar que a construção de padrões em recreação ao ar livre pode dar às crianças ferramentas para enfrentar as tempestades que estão por vir”, disse Kathryn Stevenson , co-autora do estudo e professora assistente de parques, recreação e gestão de turismo na North Carolina State University. “As coisas acontecem na vida, e levar as crianças para fora regularmente é uma maneira fácil de construir alguma resiliência mental’, completou.

Detalhes da pesquisa

Na pesquisa, realizada de 30 de abril a 15 de junho de 2020, os pesquisadores pediram a 624 adolescentes com idades entre 10 e 18 anos que relatassem sua participação em recreação ao ar livre antes da pandemia e depois que medidas de distanciamento social estivessem em vigor nos EUA. Os pesquisadores também perguntaram aos adolescentes sobre seu bem-estar subjetivo, seu nível de felicidade e saúde mental.

Os resultados revelaram que a pandemia teve um impacto no bem-estar de muitos adolescentes da pesquisa, com quase 52% dos adolescentes relatando declínios no bem-estar subjetivo. Os pesquisadores também verificaram declínios na capacidade dos adolescentes de sair de casa, com 64% dos adolescentes relatando que sua participação em atividades ao ar livre caiu durante os primeiros meses da pandemia.

Apesar desses declínios na participação em atividades ao ar livre, quase 77% dos adolescentes pesquisados ​​acreditam que passar um tempo ao ar livre os ajudou a lidar com o estresse associado à pandemia de COVID-19.

Os resultados mostraram que as tendências de bem-estar e recreação ao ar livre estão relacionadas, e os impactos negativos da pandemia afetaram o bem-estar e a participação dos adolescentes em atividades de recreação, independentemente de sua raça, sexo, idade, tipo de comunidade de renda ou região geográfica. Crianças que não saíam de casa viram declínios no bem-estar, mas aquelas que saíram antes e durante a pandemia conseguiram manter níveis mais elevados de bem-estar.

Os adolescentes que tinham altas taxas de brincadeiras ao ar livre antes da pandemia eram mais resistentes a mudanças negativas no bem-estar social. Aqueles que saíam com frequência antes da pandemia tinham maior probabilidade de experimentar um declínio menor no bem-estar, independentemente da participação durante a pandemia.

Para os adolescentes que puderam brincar ao ar livre ou se envolver em atividades baseadas na natureza durante a pandemia, seu bem-estar estava em pé de igualdade com os níveis pré-pandêmicos.

Para acessar o estudo: https://www.mdpi.com

Transtorno de déficit de natureza

Pesquisas estatísticas mostram que 80% da população brasileira vive em cidades e que as crianças que moram nos grandes centros urbanos passam 90% do seu tempo em locais fechados dentro de casa. Ao ficarem dentro de casa, passam várias horas por dia frente da televisão, jogando vídeo games, ou nas escolas dentro de salas de aula.

Quando saem com os pais vão ao shopping ou restaurante. Uma pesquisa recente mostrou que 40% das crianças brasileiras passam uma hora ou menos ao ar livre.

Transtorno de Déficit de Natureza é uma expressão criada pelo jornalista e escritor norte-americano, Richard Louv, em seu livro “A última criança da natureza” (The last child in the woods). A obra foi publicada em Abril de 2005 e já foi traduzido para 15 idiomas em aproximadamente 20 países.

O autor explica que o uso dos sentidos, tanto os fisiológicos quanto os psicológicos, está sendo limitado pela falta de contato com a natureza. Hoje em dia praticamente usamos apenas a visão para olhar para uma tela e a audição para ouvir o que sai dela, seja no computador, no celular ou na televisão.

O escritor define que “as crianças estão menos vivas”, e questiona que ‘pai ou mãe quer que seu filho esteja menos vivo?”. O norte-americano também fundou a Children and Nature Network onde divulga pesquisas e promove campanhas de incentivo ao contato com ambientes menos urbanizados.

Embora o déficit de natureza não seja um conceito científico estabelecido, ele também afeta adultos. Por isso, Richard se preocupa mais com as crianças, não apenas porque elas passam cada vez mais tempo em ambientes fechados, mas porque isso pode prejudicar seu desenvolvimento.

Como dito, o Transtorno de Déficit da Natureza não é um diagnóstico médico mas, o estudo publicado pela North Carolina State University serve como evidência científica de que a exposição de crianças a ambientes naturais desperta interesse na administração ambiental e traz bem estar pessoal a elas.

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