Estudo científico conclui que a voz humana pode impactar e mudar ecossistemas inteiros

Saber ficar calado é uma arte e exige esforço e experiência. Infelizmente, com a constatação de que a educação social, aquela que os pais deveriam se preocupar antes de qualquer outro tópico, tem falhado constantemente, as pessoas estão frequentando lugares de trilhas, escalada e outros ambientes naturais sem a preocupação de ficarem quietas. Por exemplo, trekkings com grupos de pessoas barulhentas, muitas vezes conhecidas por adjetivos como “farofagem” e semelhantes, argumentam que não há motivo para ficarem em total silêncio, nem mesmo serem comedidas na conversa.

Se estas pessoas necessitavam de uma evidência científica de que devem ficar em silêncio em ambiente outdoor, a espera acabou. Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, mostrou que a fala humana, em áreas raramente visitadas por pessoas, é perturbador até para o puma. No estado norte-americano da Califórnia o puma é considerado o maior predador da região. O equivalente no Brasil seria a onça.

Existe a lenda de que os predadores, como a onça ou o puma, têm mais medo de nós do que nós deles. O estudo realizado comprova esta teoria, embora não tenha quantificado quem tem mais medo de quem, ele sugere que há verdade nessa teoria.

Os cientistas que conduziram a pesquisa deixaram gravações de pessoas falando através de alto-falantes, os quais estavam escondidos nas árvores, e observaram a resposta dos animais a estes ruídos. Foi assumido no estudo que ruídos dos sons industriais já expulsa os animais selvagens, por isso houve a preocupação de somente haver o som da fala humana transmitida. O resultado obtido na pesquisa é que nossa mera presença já é suficiente para assustá-los e perturbá-los.

No início, foram ouvidos clipes de rádio de conversas sobre políticas. Quando os animais ouviram, rapidamente fugiram pela floresta. Posteriormente, os pesquisadores colocaram sons de pessoas lendo suavemente em livros de poesia e acompanharam a resposta. Ainda assim, os animais ficavam nervosos, vigilantes e tendiam a fugir. Os sons não eram tocados o tempo todo, mas os animais da área aprenderam a se manter afastados. Em algumas áreas os animais começaram a mudar aos hábitos, aumentando a atividade noturna ou comendo menos, por exemplo.

Este tipo de impacto é sensível, especialmente na rotina dos animais. Os ratos e outros roedores se aproveitam da falta de predadores e seus números poderiam aumentar, criando um desequilíbrio na fauna de uma região. Obviamente que esse tipo de impacto comportamental acontece nos ecossistemas onde quer que os seres humanos estejam presentes. Pois animais que vivem próximos de onde temos uma presença massiva, acabam tornando-se habituados. Mas em lugares mais selvagens, como parques nacionais e reservas florestais? Caminhadas ao longo de trilhas e riachos, podem estar gerando um impacto ambiental maior do que pensamos.

Para saber mais sobre o estudo: https://onlinelibrary.wiley.com

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