Esportes outdoor: Esportes radicais? Como a mídia de massa nos vê?

Por Sofia Arredondo

Segundo a mídia de massa, os esportes outdoor são “radicais”, mas será somente a adrenalina e o risco a única coisa que nos atrai e o que realmente os define?

No México, assim como no Brasil, temos a sorte de contar com uma grande variedade de espaços naturais onde você pode praticar todos os tipos de esportes outdoor: surf, caiaque, mergulho, escalada em quase todas as suas variantes, montanhismo, mountain bike, caminhadas, espeleologia, slackline, paraquedismo e um longo etc.

Agora, você já prestou atenção na maneira em como as atividades recreativas ao ar livre são divulgadas e veiculadas na mídia, bem como a realidade de quem pratica esses esportes?

Provavelmente parece irrelevante fazer estas perguntas e pode-se pensar que está tentando criar um problema onde não existe nenhum. Mas não é assim. Por quê?

Foto: Yuriy Rzhemovskiy | Unsplash – @yuriyr

A resposta é simples, a linguagem é a ponte através da qual construímos e damos sentido ao nosso mundo. Usamos certas palavras, e não outras, para nos referir a questões específicas. O papel dos meios de comunicação quando se fala em esportes outdoor é fundamental na construção do que se entende socialmente por esportes ao ar livre, pois em grande medida eles determinam, por meio do que comunicam, o que é o público.

Você vai entender por esse tipo de atividade e isso, necessariamente, tem certas consequências.

Para ser mais explícito e entrar totalmente no assunto, no México (e em muitos outros países) é muito comum se referir às atividades outdoor como “esportes radicais”, mas o que significa esporte radical? Quantos de nós, que praticamos qualquer um desses esportes diariamente, realmente o consideramos extremo ou radical?

De um modo geral, “esporte radical” significa algo movido a adrenalina e praticado por viciados em risco que buscam a emoção máxima na tentativa de viver rápido, morrer jovem e deixar para trás um cadáver atraente. Isso nos faz pensar diretamente em Alex Honnold, um dos maiores escaladores em escalada solo, que subiu os mais de 900 metros da via “Freerider”, em El Capitan, Yosemite.

Honnold esclareceu posteriormente: “Não, não sou viciado em risco e não tenho vontade de morrer fazendo isso. As razões pelas quais subi esta via são mais para um desafio físico e mental, para provar que era possível, e não para abordar irracionalmente a morte”.

Qualquer um que assista ao filme Free Solo (um documentário que captura a aventura definitiva de Alex Honnold nessa escalada integral) e que não seja praticante de nenhum esporte outdoor vai pensar: “Honnold é louco, diga o que disser, ele quer morrer”. Mas essa não é a perspectiva de quem está inserido no esporte.

Definitivamente, muito poucos, para não dizer apenas Honnold, são capazes e ousariam subir uma via sem corda como a que fez no El Capitan. Mas mesmo que estejamos longe de tentar, podemos vir a entender a emoção e o desafio físico e mental que Honnold representou nesta aventura.

Foto: Fionn Claydon | Unsplash (@fclaydon)

Na verdade, mãos tremendo e suando, batimentos cardíacos disparados, pensamento turvo e respiração mais rápida são sintomas que não queremos quando praticamos nosso esporte favorito ao ar livre. Sabemos que o medo e o risco estão latentes, mas queremos controlá-los da forma mais racional possível. Na verdade, o que nos atrai nesses esportes, como qualquer outro tipo de atividade física é o aumento dos níveis de dopamina, endorfinas e serotonina.

Por que então, a mídia de massa tende a preferir o uso da palavra “extremo” para falar de esportes que vão além dessa definição e que consolidam uma cultura muito mais sofisticada e transcendente do que se entende por um simples “vício em a adrenalina”?

O que acontece quando o público, que ainda não experimentou um esporte outdoor, ouve esse termo? Os observadores casuais verão apenas o risco, a impossibilidade e, portanto, as consequências dolorosas imaginadas, se tiverem que “tentar”. E é isso, provavelmente o uso do “esporte radical” tem um objetivo mais sensacional e enganoso.

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