Escaladores resgatados na Itália terão de pagar € 12.600 pelo resgate

Um casal de escaladores espanhóis, de 45 e 36 anos e que possuem residência em Barcelona, estavam na parede Tre Cime di Lavaredo nas Dolomitas, Itália, por três dias quando um helicóptero foi em sua direção resgatá-los. O casal se recusou a embarcar duas vezes e disseram preferir seguir escalando.

Por que então o resgate foi chamado? A mãe de um deles, que estava esperando o casal no refúgio de Auronzo, foi quem deu o alarme, solicitando o serviço de resgate. Como as condições climáticas eram muito adversas, a mulher ainda não tinha notícias do casal e se preocupou.

As Dolomitas são uma cadeia de montanhas que fazem parte dos Alpes, localizadas no norte da Itália. É um lugar considerado único, que reúne todo tipo de escalada, de todos os estilos e éticas, com acesso bastante fácil e vias para todos os níveis. É uma escalada em calcário geralmente sólido, atlética, com vias de difícil leitura e proteção boas.

A manobra de um helicóptero para aproximar-se da parede é considerada difícil. No caso do casal espanhol, ambos estavam no ponto mais alto: 2.750 metros acima do nível do mar. Ao serem abordados, se negaram a entrar no helicóptero, pois pensavam que conseguiriam terminar a escalada.

A mãe de um dos escaladores solicitou mais uma vez e, apesar das condições climáticas adversas, os dois espanhóis se recusaram a entrar no helicóptero novamente. Após pedidos adicionais sobre a necessidade de obter ajuda para um eventual resgate, não responderam mais. Quando o helicóptero voltou e o Serviço de Resgate continuou a monitorar a operação.

Foto: https://corrieredelveneto.corriere.it/

Segundo o jornal Corriere del Veneto, em uma terceira tentativa o helicóptero de resgate alpino voltou a se aproximar. Foi então quando o técnico do helicóptero pediu que se deslocassem para um ponto mais fácil para embarcar que, enfim, foram resgatados.

De acordo com o jornal italiano, o escalador, que não teve o nome revelado, afirmou que “não houve emergência. Estávamos parados pelo mau tempo, havíamos estabelecido um acampamento e estávamos esperando, com o nosso tempo, sem pânico“.

Ao terminarem a aventura, foram autuados e enfrentarão multa que pode chegar a mais de € 12.600. O casal se recusa a pagar a multa pois, nas palavras de um dos resgatados, “não chamamos o telefone de emergência”. “Mas não somos tolos, como eles acreditam, somos montanhistas experientes” concluiu o homem em entrevista ao jornal Il Gazzettino. O caso terá de ser resolvido na justiça.

Porém, o prefeito de Veneto, Luca Zaia, afirmou em entrevista ao Corriere del Veneto que “As operadoras de telefonia registraram mais ligações da mãe e nossa assistência interveio porque nesses casos elas são obrigadas a fazê-lo“.

Por que a multa?

Diferentemente do Brasil, que os resgates são realizados independentemente da imprudência ou imperícia dos resgatados, em alguns países da Europa, sobretudo os que possuem cadeia montanhosa como a Itália, instituíram multas para os resgates desnecessários. As multas são aplicadas somente no caso de os resgatistas avaliarem que houve imprudência, imperícia ou desobedecimento de área isolada.

Na Itália, no caso de duas pessoas decidirem, por exemplo, ligar para o resgate de helicóptero e se constatar posteriormente que as roupas não eram adequadas para a atividade, ou houve falta de equipamento, o resgatado paga uma multa. A conta pode atingir preços exorbitantes que, no entanto, não excedem € 7.500 no caso de ser um habitante da região. Mas se você é um estrangeiro, a história pode ser diferente.

De acordo com a lei italiana, no caso da pessoa, ou pessoas, resgatada não tiver sofrido danos físicos, e isso é avaliado pelo médico presente, ou mesmo quando entra em uma área reservada sem passar pelos controles de acesso, o serviço de resgate é cobrado.

Os valores da multa variam de € 200, o equivalente à compra para cada equipamento que estiver faltando, com € 50 adicionais para cada hora de operação (a partir da primeira hora). De acordo com a lei italiana, o custo máximo que a multa pode ter é de € 1.500. Entretanto, essa taxa sobre se incluir operações de helicóptero. O valor é de € 90 euros por cada minuto de voo.

Vale uma observação importante: estas tarifas se aplicam somente aos residentes de Veneto e de italianos.

No caso de cidadãos estrangeiros, como o casal espanhol, a conta pode chegar a valores consideráveis, já que o helicóptero custa € 140 euros por minuto e não há limites de valor máximo. Como a intervenção dos espanhóis envolveu aproximadamente 1h 45min de voo, o valor exigido pela cidade italiana é de € 12.600 (O equivalente a R$ 57.043 em valores de hoje).

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