Escaladoras reclamam de imprudência na organização do Master de Boulder no Chile

Os organizadores do Master de Boulder no Chile através de uma parceria com uma empresa comerciante de bebidas, investiram pesado na 10º edição do torneio. Com estrutura megalomaníaca e várias ações de marketing desde o início do ano convocavam a todos escaladores, sobretudo do Chile, a competir e prestigiarem o evento.

Entretanto algumas decisões tomadas por parte da organização impactaram negativamente nos atletas. Particularmente a decisão de erguer uma estrutura para a competição de boulder em uma altura muito acima das estruturas dos anos anteriores, resultou em uma explosão de fraturas graves e outros tipos de lesões. Pela altura elevada vários atletas, mesmo os de elite, optavam por desescalar, ou mesmo descer por trás da estrutura.

A atleta chilena Javi León Vega foi uma das vítimas das inúmeras fatalidades que aconteceram pela altura da estrutura armada pelos organizadores. Vega, enquanto realizava a primeira tentativa  no 4º boulder da fase classificatória, caiu enquanto tentava um movimento dinâmico próximo ao final da linha. Javi sentiu dor no pescoço, mas ao observar que ainda tinha 30 segundos para outra tentativa, resolveu continuar tentando. A atleta teve uma segunda queda e logo que chegou ao solo reclamou de fortes dores no pescoço e avisou aos árbitros. Foi levada para trás das estruturas quando foi imobilizada e levada de ambulância ao hospital. Diagnóstico: Entorse cervical. Desde então Javi León Vega está com um Colar Cervical de Espuma e várias sessões de fisioterapia.

O número de ocorrências de acidentes relacionados com a altura, que superava os 4,5 metros, não é pequeno e inclui vítimas como a chilena Gaby Sandoval, amiga de Vega, teve queda semelhante, mas saiu da competição com uma lesão mais grave na cervical. Javi, foi enviada ao hospital mais próximo logo que foi atendida, já Gaby foi dias depois do evento. Um outro acidente, este mais impressionante, foi com a escaladora uruguaia Laura Ferro que teve fratura no cotovelo devido à queda em um movimento dinâmico no alto do muro.

A argentina Cintia “Hormiguita” Percivati, uma das maiores escaladoras da América do Sul, teve rompimento dos ligamentos em uma queda. Percivatti persistiu em escalar, mesmo com a lesão, chegando à semifinal. Entretanto a atleta optava por descer por trás da estrutura de boulder para evitar mais lesões. As lesões não foram exclusivas às mulheres, vários atletas do masculino também romperam os ligamentos do tornozelo pelo mesmo motivo: movimentos dinâmicos e botes no alto da estrutura.

Foro: Gonzo Riobbo http://rocanbolt.com

Especificação IFSC

A altura do muro, segundo afirmou Javi León Vega, estava próximos dos 5 metros de altura. Os muros de competição do IFSC, entidade máxima que organiza os campeonatos mundiais, possui altura máxima de 4 metros (com um máximo de 10 movimentos por linha) com acolchoamento também seguindo regulamentações rígidas.

Pelo Master de Boulder não pertencer ao calendario do IFSC, além de ser um torneio festivo mas não classificatório, não é obrigado a seguir as normas de segurança da entidade internacional. Por ter este tipo de “independência”, dentro das regras de torneios de boulder do IFSC, nem mesmo os route setters tinham a obrigatoriedade de serem certificados pela entidade.

Entretanto todos os atendimentos médicos realizados para qualquer fatalidade no evento foram realizado pelo staff. Após pesquisa com os atletas acidentados a resposta foi quase unânime: o suporte pós trauma, especialmente para atletas estrangeiros, deixou a desejar e em alguns casos beirou o descaso.

Contactada pela Redação da Revista Blog de Escalada, a organização do evento não respondeu nem emitiu um comunicado sobre os acidentes.

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