Escalada de velocidade faz diferença e revela domínio de especialistas na Olimpíada

Com transmissão narrada e comentada pela Revista Blog de Escalada no twitch, a escalada esportiva olímpica começou esta manhã (5:00 am às 10:00 am) sua consolidação como esporte olímpico. Após o desempenho dominante dos irmãos Mawem, não ficou claro quem sairá com o ouro mas, para quem assistiu, ficou nítida o impacto que a escalada de velocidade tem nas outras disciplinas.

O formato combinado ao lado do palco olímpico ofereceu algo único em relação à competição internacional convencional. A inauguração olímpica da escalada esportiva provou que muitas das previsões, incluindo as realizadas pela Revista Blog de Escalada, não passaram de hipóteses falsas.

Tomoa Narasaki continua sendo o favorito. Sua consistência e habilidade competitiva o tornam difícil de derrotar e, para isso, Adam Ondra terá que acordar pronto e com ‘sangue nos olhos’, caso queira ganhar o ouro olímpico.

Atletas avançando para as finais

  1. Mickael Mawem (FRA) – 33 pontos
  2. Tomoa Narasaki (JPN) – 56 pontos
  3. Colin Duffy (EUA) – 60 pontos
  4. Jakob Schubert (AUT) – 84 pontos
  5. Adam Ondra (CZE) – 216 pontos
  6. Alberto Gines Lopez – (ESP) -294 pontos
  7. Bassa Mawem (FRA) – 360 pontos
  8. Nathaniel Coleman (EUA) – 550 pontos
  9. Alexander Megos (GER) obs.: qualifica-se se Bassa Mawem tiver que sair devido a lesão – 684 pontos

Escalada de velocidade faz diferença

Escalada de velocidade

Foto: Leo Zhukov/IFSC

Enquanto os espectadores esfregavam os olhos na frente de suas telas de madrugada (enquanto a modalidade era formalmente esnobada pelas emissoras de TV), os aspirantes olímpicos avançaram para a parede de 15 metros de velocidade no lado direito do local. O evento de duas baterias teve os atletas dando o melhor de si, ao lado de várias tentativas frustrantes de alguns dos escaladores mais fortes da disciplina.

Embora o italiano Ludovico Fossali ostentasse o título de Campeão do Mundo de Velocidade de 2019, o escalador italiano não conseguiu repetir o desempenho ao longo da rodada. Sentindo muito a pressão de exibir um resultado que o corroborasse como favorito, Adam Ondra, da República Tcheca, conquistou a 18ª posição, empurrando sua classificação para o fim do pelotão.

Talvez a primeira disputa emocionante do dia veio de Bassa Mawem, da França, quando o campeão francês de velocidade se tornou o homem mais rápido de Tóquio na vertical. O francês, estabeleceu o que se tornou o recorde olímpico. Mawem cravou um 5,45 segundos na primeira bateria, conquistando a primeira posição naquela rodada da competição.

Seu companheiro de equipe e irmão Mickael Mawem, aniversariante do dia, se juntaria a Bassa em uma escalada de velocidade inferior a seis segundos, obtendo 5,95 segundos e a garantindo a terceira posição para a rodada.

O japonês Tomoa Narasaki definiu a diferença entre os dois irmãos, estabelecendo espantosos 5,94 segundos. Com confiança em seu tempo e posição, Narasaki declinou sua segunda bateria para economizar energia. Devido ao fato de Tomoa não ter chance de derrotar Bassa, essa decisão tática pareceu acertada.

As linhas ‘malucas’ do Bouldering

Adam Ondra | Foto: Dimitris Tosidis/IFSC

A rodada bouldering aconteceu na parede central do Aomi Urban Sports Park, em Tóquio. Embora a parede em si parecesse emocionante, as linhas de boulder eram um tanto simples. Os route setters prepararam quatro linhas que se mostraram difíceis de resolver para muitos dos escaladores e ninguém foi capaz de cravar quatro tops.

O francês Mickäel Mawem foi o único capaz de chegar no topo de três das quatro linhas, marcando 3T4z 4 5. Atrás dele, dois dos principais favoritos: o japonês Tomoa Narasaki (2T4z 6 7) e o tcheco Adam Ondra (2T3z 7 11), que ficaram com dois tops, assim como o russo Alexey Rubtsov (2T2z 7 4) e o jovem americano Colin Duffy (2T2z 17 12).

O restante dos participantes não chegaram ao top e a classificação foi realizada com base nas zonas alcançadas e no número de tentativas realizadas.

Portanto, o que se viu foi uma variedade de habilidades, tanto em movimento quanto em dimensionalidade relativa. A primeira linha de boulder (B1) parecia quase desanimadora que exigia que os atletas se estabelecessem em dois módulos triangulares colocadas quase simetricamente que desafiavam o equilíbrio e a fricção.

Já a segunda linha de boulder (B2) era abertamente desconfortável e forçou os escaladores a uma sequência de regletes invertidos balanceada que potencialmente oferecia várias soluções possíveis. Para escalá-la, no entanto, o atleta teria que pressionar os dedos em uma borda fina e inclinada e os ombros voltados para o lado esquerdo.

Em um dia inspirado Mickael Mawem foi o primeiro a conseguir a fazer top na linha. Embora Narasaki também concluísse a linha, foram necessárias quatro tentativas.

Vias guiadas

Mikael Mmawen | Dimitris Tosidis/IFSC

A disciplina de escalada guiada serviu para consagrar atletas como Colin Duffy (17 anos), Alberto Ginés (19 anos) e Nataniel Coleman. No final, a vitória foi para Jakob Schubert. O austríaco conseguiu chegar ao mesmo ponto que Colin Duffy, mas conquistou o primeiro lugar graças ao fato de o ter feito em menos tempo.

O ponto de destaque, além de triste, foi o fato de que o francês Bassa Mawem entrou em campo para o que se tornaria uma tentativa debilitante. O escalador estendia a mão por cima do corpo para segurar a agarra. Ao sentir o bíceps estendido, Mawem cairia com uma dor denotando uma séria lesão.

Bassa Mawem começou a puxar seu bíceps para baixo e parecia ter lesionado seriamente o tendão do bíceps. Em câmera lenta, é possível ver o que ocorreu a Mawem. Apesar disso, ele se classificou para as finais depois de competir tão bem na escalada de velocidade, pois seu desempenho impressionante mostrou outro nível de competição.

Caso não possa competir no dia 5 de agosto, Alex Megos assumirá a posição. De acordo com o jornalista do The New York Times John Branch, a IFSC se recusou a deixar Megos ‘herdar’ a vaga (leia o tweet abaixo).

A lesão abalou os espectadores e ficou evidente que esse formato combinado proporciona uma forma brutal de competição.

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