Entrevista Otavio Bitencourt

 Via Dilúvio, em Cotiporã-RS | FOTO: Simone Milesi

Via Dilúvio, em Cotiporã-RS | FOTO: Simone Milesi

De tempos em tempos, em qualquer meio, seja ele profissional, esportivo e político, toda uma geração é substituída por outra. Geralmente esta nova geração vêm com idéias novas, ideais novos e, inevitavelmente, com expectativas novas.

No final desta segunda década do século XXI os esportes de montanha, em especial a escalada, está experimentando exatamente isso: uma avalanche de novos praticantes e, como não poderia deixar de ser, novos rostos que em curto espaço de tempo substituirão os velhos, e já calejados, nomes nas manchetes de meios de comunicação.

Otávio Bitencourt é um destes nomes que embora seja muito conhecido no seu estado, ainda é um ilustre desconhecido por quer que visite para poder escalar. Com apenas 17 anos de idade já tinha encadenado TODAS as vias de 9a na Gruta da Terceira Légua (local de escalada no estado do Rio Grande do Sul). Hoje com 19 anos já encadenou uma via de graduação 9c em Cotiporã (cidade considerada a joia da Serra Gaúcha).

Sem dúvida nenhuma Otávio é dos escaladores jovens com gigantesco potencial para ser considerado em médio prazo como dos melhores da América do Sul. Por isso a Revista Blog de Escalada o procurou para uma entrevista para saber mais deste diamante bruto.

Otávio, você recentemente encadenou mais um 9b no Rio grande do Sul. Como foi a sua caminhada para escalar em tão alto nível?

A minha relação com a escalada foi de amor a primeira vista. Desde o começo, escalando indoor, em 2014, já me dedicava bastante, treinando no mínimo duas vezes por semana incluindo bastante exercícios físicos, que na minha concepção de iniciante era o que me faria evoluir.

Assim que comecei a frequentar a rocha pouco percebi que a essência da prática em si está intrinsecamente ligada à mente, relacionada à consciência corporal, técnica e não necessariamente à quantas barras de um braço se consegue fazer. A partir daí tudo mudou, a tendência era a enfase na habilidade e coordenação motora, aprender a se mover e principalmente a frequência em rocha (fins de semana).

Poder ter contato e escalar junto com escaladores tão bons e experientes como Jimmerson Martta , Thiago Balen, Ramiro Ruschel com certeza é muito especial e o principal fator de todo meu aprendizado como escalador.

Você pensa em se dedicar mas à esta modalidade agora que tornou-se esporte olímpico?

Estou sempre pensando em um jeito de me dedicar mais, mas no momento não penso muito em olimpíadas, e sim na escalada em rocha e superação pessoal.

Apesar de não simpatizar muito com o modelo proposto para os jogos olímpicos e me considerar abaixo da média quando se trata de escalada indoor a nível de elite, com certeza, se houvesse a oportunidade, agarraria para representar o Brasil.

Treino com os colegas e amigos Ramiro e Eduardo(bode) | Foto: Acervo Pessoal Otavio Bitencourt

Treino com os colegas e amigos Ramiro e Eduardo(bode) | Foto: Acervo Pessoal Otavio Bitencourt

Como a sua família enxerga a sua dedicação à escalada?

Minha família , fundamentalmente desde o início, sempre me apoiou. Além da importante parte financeira sempre deram todo o suporte emocional que me mantém motivado. Minha irmã, Bibiana, no caso, merece enfase, pois foi ela quem trouxe a escalada à nossas vidas, sempre muito motivada para a “apertação”.

É o meu porto seguro, pois além de ser minha maior influência na escalada é na vida também, sempre me acudindo, dando conselhos e incentivos, puxões de orelha e principalmente a motivação para evoluir.

Não faz muitos anos algumas academias de escalada inauguraram no estado, você acha que isso ajudou a popularizar o esporte na região?

Acho que sim, que apesar de ser um esporte recente para nós brasileiros, a abertura de “muros” faz um papel importantíssimo quando se trata de difundir e conscientizar a prática.

Creio que além da mídia, a construção de academias eleva consideravelmente a popularização da escalada.

Campeonato Gaúcho de Boulder | Foto: Neison Hoffmann

Campeonato Gaúcho de Boulder | Foto: Neison Hoffmann

Você não tem muito tempo de escalada e já está escalando em alto nível. Quais são seus projetos para este ano de 2016?

Meu principal projeto, no momento, é treinar forte para visitar minha irmã em Lençóis nas férias de verão.

Sem um projeto de via concreto, tal se torna a procura por fluidez, habilidade e flexibilidade na escalada, que ao meu ver, é o meu deficit e o da grande parte dos escaladores amadores.

Você tem apenas 19 anos. Como equilibra os estudos com a escalada e seus treinamentos?

Frequento faculdade à noite normalmente, em alguns dias da semana estudo por conta, como não trabalho, consigo distribuir bem o meu tempo.

Dedico quase todo meu tempo integral a escalada em conjunto com exercícios complementares e aos fins de semana busco ir para rocha.

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