Entrevista com Valentina Aguado

Você já escutou falar de Valentina Aguado? Não? Então decore o nome desta pequena argentina que vem conquistando todos os campeonatos que participa. Tanto em seu país como nos torneios organizados por empresas no Chile.

Valentina Aguado despontou como grande promessa da escalada quando em Santiago, com apenas 12 anos, conquistou (de maneira soberba, diga-se) o segundo lugar em um torneio festivo realizado todos os anos na capital chilena. As 4.000 pessoas presentes ficaram assombradas com o talento e força da puntana.

Mais assustador ainda quando Valentina afirma que faz apenas 6 anos que pratica o esporte (recomendada pelo seu pediatra) e o treina em um regime rígido pelo seu técnico Mauricio Javier Ho. Na cidade argentina de San Luis, localizada na região centro-oeste do país ( com pouco menos de 160.000 habitantes) mesmo sem ter nenhum ginásio suntuoso a escaladora treina duro e, sem nenhum exagero, é das grandes esperanças para um sul-americano sonhar em chegar à olimpíada de Tóquio em 2020.

Foto: Jose Tomas Labrin

Foto: Jose Tomas Labrin

Ainda sem competições oficiais do IFSC de grande envergadura na América do Sul, ostenta o bicampeonato do Master Bouldering de Chile. Pelo tamanho do potencial demonstrado diante de tantas adversárias de todas a América do Sul Valentina Aguado é séria candidata de ser a rainha da escalada esportiva de seu país e, porque não, do continente.

A Revista Blog de Escalada procurou a jovem escaladora para uma entrevista e fomos prontamente recebidos.

Valentina, hoje você é das poucas escaladoras que compete na Argentina. Por que escolheu dedicar-se a este estilo?

Acho que decidi me dedicar às competições porque ao longo dos anos percebi que é algo que posso desfrutar e me faz sentir bem comigo mesma.

Gosto dos treinamentos, dos meus amigos e na hora de competir o sentimento que isso produz é fantástico. Posso esquecer de todos os problemas que existem ao meu redor e me concentrar em uma só coisa e ser feliz fazendo.

Como foi o treinamento para participar de uma das etapas da Copa do Mundo de Escaladas?

O trenamento é constante. Ele é modificado de acordo com as datas e a importância das competições.

Para uma Copa do Mundo tentamos treinar da forma mais intensa que pudemos. Aumentamos tanto em quantidade como em qualidade e, obviamente, medimos e planificamos bem para chegar ao máximo em cada data. 

tratamos de assimilar as formas de treinamento de que seria uma competição de alto nível, esperando poder obter o necessário para estar pronta diante de qualquer situação em uma evento desta magnitude.

Foto: Douglas Cabrera

Foto: Douglas Cabrera

Na Argentina existem alguns dos melhores lugares de escalada do mundo. Que projetos teria você nestes lugares?

Ultimamente não pude sair para escalar fora do lugar onde moro. Primeiro por questões de treinamento e segundo pela escola e porque meus pais se preocupam com sua filhe, que é menor de idade, saia sozinha de casa.

E é compreensível, e eu gosto, que se preocupem mas a verdade é que morro de vontade de conhecer todos os lugares da Argentina, em especial os do sul como “Piedra Parada” ou “Valle Encantado”. 

Espero ter a possibilidade de assim sair com meu grupo de amigos escaladores para encadenar cada via que possamos.

Foto: Douglas Cabrera

Foto: Douglas Cabrera

Você é a garota que mais chamou a atenção no Master Bouldering de Chile. Como foi que aconteceu isso?

Nos últimos anos estive competindo no “Master Bouldering de Chile”. Obtive muitos bons resultados me consagrando como campeã dois anos seguidos (2015 e 2016). Me esforcei muito treinando para poder subir meu nível e dar o meu melhor.

Cheguei à conclusão de que a única forma de obter resultados é lutando e treinando muito duro, e isso é o que faço e tenho tentado fazer.

Como é a sua rotina de treinamento?

Meu treinamento consta de uma parte tanto física como técnica no muro chamado “El Desplome San Luis” onde treino com Mauricio Ho e também com outros atletas. Implementamos muitos exercícios que tem a finalidade de aumentar a força, potência, explosão, entre outras coisas, na hora de escalar.

Foto: Jose Tomas Labrin

Foto: Jose Tomas Labrin

Também neste treinamento consta uma parte onde buscamos aperfeiçoar os diferentes movimentos técnicos que existem em competições. Por outro lado também vou a um ginásio chamado “Código Lavalle” onde treino com Carlos Calvo. Lá me dedico a fazer exercícios de compensação e preventivos para prevenir lesões que me deixariam fora da escalada.

Levo esta rotina de 4 a 5 dias por semana e, se é possível, aos fins de semana aproveitamos para ir escalar na rocha ou saio para correr.

A escalada tornou-se modalidade olímpica. Como vê a possibilidade de poder ir para a Olimpíada de 2020?

Foto: Douglas Cabrera

Foto: Douglas Cabrera

Esta é uma das melhores notícias que eu poderia receber. Acredito que qualquer atleta sonharia em representar seu país em um evento como este no qual se vê o esporte em sua máxima expressão.

Adoraria poder participar e seria como realizar um sonho, mas existem várias estações no meio que levarão a selecionar os atletas.

SE tiver a possibilidade, treinaria o mais que eu possa e trataria de chegar ao mais alto dando o melhor de mim.

Seria uma experiência única e inesquecível.

Você treina com Maurício Ho, como é seu relacionamento com ele?

Meu relacionamento com Maurício é muito boa, até demasiado. Treino com ele desde que comecei a escalar e, por isso, me conhece desde que era muito pequena. Construímos uma relação sólida e temos grande confiança e poderia falar com ele sobre qualquer coisa.

Ele é muito direto e sabe como dizer as coisas. Assim, por este motivo, posso esperar que ele seja sincero na hora de falar sobre treinamento.

Acredito que ambos damos o nosso esforço no que nos gosta e tratamos de fomentar o esporte o máximo que se possa.

Foto: Jose Tomas Labrin

Foto: Jose Tomas Labrin

Como é o apoio de sua família, e amigos, na sua vida de atleta?

Por sorte tenho a possibilidade de dizer que tenho uma família maravilhosa e que me apoia dia a dia, sendo o único que querem é que eu seja feliz fazendo o que faço.

Existem as brigas como em qualquer outra família mas mesmo assim somos muito unidos, não existindo nenhuma pressão por estilo. Tenho uma família incrível.

Foto: Jose Tomas Labrin

Foto: Jose Tomas Labrin

Do outro lado estão meus amigos. Tenho amigos maravilhosos com os quais me dou muito bem e é impossível que os esqueça.

A escalada me fez formar outra família junto a eles. São inesquecíveis os momentos que desfruto com eles e esta é uma das coisas que mais gosto deste esporte. Nos permite conhecer pessoas incríveis como as que compartilha a mesma paixão. Estou totalmente agradecida às pessoas que me rodeiam.

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