Todo praticante de seu esporte possui uma visão particular sobre ele, e em algumas vezes não corresponde à realidade.
Com esportes de montanha acontece com bastante constância, o que colabora para que a mídia televisiva acabe abraçando o esporte.
Para que cada pessoa possa refletir a maneira com a qual praticamos, divulgamos e vivenciamos o esporte é necessário ir e perguntar a quem está começando que tipo de impressão está tendo.
Foi exatamente isso que resolvemos fazer e procuramos a mineira Liza Cicuto, escaladora iniciante e produtora da série televisiva “Colecionador de Lugares”.
A série foi das poucas no Brasil divulgando os lugares e pessoas que habitam o universo outdoor.
Por isso procuramos Liza Cicuto para um conversa para saber que tipo de imagem a escalada possui para quem está entrando nela agora.
Liza escalar exige grande dedicação de quem pratica. Como tem sido esta dedicação para você?
Escalo há quase 04 anos, gostaria de me dedicar mais.
Para mim hoje se tornou uma terapia onde posso descarregar a energia do dia-a-dia.
Busco com o esporte mais qualidade de vida e posso afirmar que a prática contínua me faz uma pessoa melhor em todos os sentidos.
Muito se fala que a escalada é um mundo machista. Você concorda com esta afirmação?
Não concordo, pois vejo que profissionais da área a cada dia mais buscam novos adeptos para a prática, entre eles mulheres.
Divulgar e tornar a escalada mais “popular” pelo que me parece tem sido o objetivo de muitos escaladores no qual convivo.
Eu mesma sou muito motivada pelos meus colegas e me sinto acolhida sempre que nos encontramos.
Existe uma discussão crescente sobre a necessidade de abrir vias de escalada que não sejam de grau elevado. Qual a sua opinião a respeito disso?
Acho ótimo, pois por não ter uma prática constante quanto mais vias com grau moderado, mais consigo ter possibilidades de escalar, desenvolvendo com isso técnica e resistência para novos desafios.
Abrir vias que não sejam de grau elevado é uma forma de inclusão.
Muitas federações e associações reclamam que não possuem muitos sócios. Na sua opinião, você Acha necessário que escaladores façam parte de federações? Por que?
Os que tem espírito de liderança e curtem esse tipo de política devem se associar, mas não acho que deva ser uma regra.
Muitos gostam de praticar apenas para contemplar.
As competições de escalada estão voltando a aparecer no Brasil. Qual a sua opinião a respeito disso?
Desafiador para atletas, um espetáculo para quem assiste, além de ser uma das melhores formas de interação.
Espero que cresçam mais a cada dia.
A produção de webséries sobre escalada e montanhismo no Brasil está engatinhando. Você saberia apontar o motivo desta escassez?
Diretamente proporcional, quanto maior o número de pessoas praticando o esporte maior o público.
Quanto maior o público mais pessoas começarão a produzir.
Eu mesma como profissional da área de audiovisual tive a possibilidade de criar “O Colecionador de Lugares”, um projeto com objetivo de apresentar para o telespectador roteiros ligados a escalada.
Qual seriam os conselhos que daria para uma pessoa que está começando a escalar?
Nunca pare.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.