Aconteceu na última semana, entre 30 de junho e 3 de julho, a OutDoor by Ispo, a feira de produtos outdoor mais importante da Europa e uma das mais importantes do mundo. Para quem duvidava do sucesso da feira, que aconteceu na cidade alemã de Munique, mais de mil expositores e mais de 22.000 visitantes prestigiaram o evento.
A sustentabilidade foi um dos protagonistas desta primeira edição da OutDoor by Ispo, refletindo a sensibilidade que a indústria de atividades ao ar livre tem para o meio ambiente. Durante a feira houve várias palestras, painéis de discussão e mesas redondas. Com presença maciça dos grandes nomes do esporte europeu, o painel de discussão que chamou mais atenção foi o que debateu a escalada nas olimpíadas e seu formato.
Neste painel de discussão, que foi totalmente transmitido pela internet, marcaram presença nomes de peso como Adam Ondra, considerado o escalador esportivo mais forte da atualidade, Charlotte Durif, embaixadora de atletas e atleta modelo do IFSC, Stefan Glowacz, que venceu a primeira competição profissional de escalada em 1985, Fanny Gibert, três vezes vice-campeã do mundo, Jérôme Meyer, presidente do IFSC, assim como Rachel Spry e Bram Schellekens, do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Nenhum representante sul-americano marcou presença no painel.
O que foi discutido
O principal ponto de discussão foi o formato dos Jogos Olímpicos de Tóquio, com as três disciplinas consideradas por atletas da “velha guarda” e puristas como incompatíveis entre si como vias guiadas. A principal discussão foi se o COI reuniu algo que não pertence à realidade de escaladores e se todo o formato foi apenas por causa das Olimpíadas e do comércio associado aos jogos.
O participante mais exaltado, e que não poupou adjetivos depreciativos ao formato, foi o ex-escalador Stefan Glowacz que no passado a primeira competição profissional de escalada em 1985. O veterano Glowacz, que venceu a competição olímpica de demonstração em Albertville em 1992, reclamou veementemente que a escalada da competição “não evoluiu” desde os anos 1980 e 1990. Na opinião do alemão “não há novos formatos” e acha o formato de competição olímpica de Tóquio “simplesmente ridículo, completamente estúpido”.
Palavras que fizeram a pessoa sentada ao lado de Glowacz, o presidente Jérôme Meyer um pouco desconfortável, mas que ao contrário de muitos detratores do formato, usou a diplomacia dizendo que entendia a frustração com o formato da competição, e argumentou que era normal que todas as associações esportivas quisessem mais: mais medalhas, mais competições, mais atenção.
A opinião de Glowacz, que para muitos representa a voz do conservadorismo de uma escalada que sequer existe mais (tando indoor quanto outdoor) foi rebatida e o novo formato defendido por outros dois representantes do COI: Rachel Spry e Bram Schellekens. Spry disse que as Olimpíadas ajudam a profissionalizar a escalada. Já Schellekens acrescentou que as Olimpíadas não estavam lá para mudar a escalada, mas é apenas um evento único a cada quatro anos.
Mais ponderado e menos passional que Glowacz, Adam Ondra pediu um formato mais simples, esperando que os jogos de 2028 (caso a escalada continue como esporte olímpico) distribua medalhas nas três modalidades (vias guiadas, boulder e velocidade). “Nosso esporte merece isso”, completou Ondra. O tcheco ainda emendou uma última análise na qual recomendou “não mudar muito o formato para uma audiência de massa. Devemos nos ater às nossas raízes”.
Cobertura da escalada nas Olimpíadas
A Revista Blog de Escalada esteve presente na estreia do formato olímpico nos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires 2018. O veículo, inclusive, foi o único veículo outdoor mundial a fazer a cobertura completa do evento, entrevistando técnicos, atletas e organizadores do evento.
A Revista Blog de Escalada, inclusive, prestou assessoria e consultoria a veículos de imprensa nacionais e internacionais para elucidar a jornalistas e repórteres os detalhes da competição e do esporte. Por conta da qualidade dos valores prestados, atualmente o jornal Lance!, o maior jornal esportivo brasileiro, passou a contar com a ajuda de toda a equipe para elaborar artigos sobre a escalada esportiva no veículo.
O formato olímpico, ao todo, leva em torno de 4 a 5 horas no total, sendo 45 minutos as provas de velocidade, 2:00 as provas de boulder e 2:00 as provas de vias guiadas. No painel de discussão Ondra relatou que acha o formato das competições olímpicas muito complicado e também muito longo para os espectadores: “Isso leva três horas e meia. Talvez fosse melhor se concentrar em uma disciplina, por exemplo vias guiadas. Isso seria muito mais fácil para entender”. Pois o formato olímpico é exatamente “recortado” para não tornar cansativo os dias de competição.
Em Buenos Aires, as provas de velocidade começavam às 8:00, as de boulder às 10:30 e as de vias guiadas às 16:00. As categorias masculinas e femininas alternam os dias de competição e não acontecem concomitantemente como nas provas da Copa do Mundo de Escalada.
A resposta do público, ao menos nos Jogos Olímpicos da Juventude, foi bastante positiva e contou com lotação esgotada durante as provas de boulder e vias guiadas.

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.