A mudança climática é um dos maiores desafios do nosso tempo. Nossa geração e as gerações futuras tem a obrigação de se preocupar com este problema real. Se você, caro leitor, faz parte do grupo de pessoas que é negacionista a respeito desse tema, observe os temporais que atingem a região Sudeste do Brasil.
No início de 2020, pouco antes da pandemia fazer parte de nossa realidade, em um dia, o volume de chuvas na cidade de São Paulo em 9 de fevereiro foi suficiente para transbordar os dois principais rios da capital: o Tietê e o Pinheiros. Em apenas 24 horas, o volume de chuvas na capital paulista foi de 92,4 mm (valor equivalente a 42,6% da média para o mês).
Até a metade do mês, choveu 215,5 mm, ou 99,4% do esperado. As informações são do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), da Prefeitura de São Paulo. Este é apenas um exemplo, dos muitos que existem, de que as mudanças climáticas estão acontecendo.
Portanto, cada indivíduo da sociedade precisa exigir das empresas, governos e pessoas à sua volta, posturas reais e concretas de combater as mudanças climáticas. Algumas empresas já se mexem e procuram fazer alguma coisa.
Na indústria outdoor as duas das maiores empresas já estão se mexendo para isso: Patagonia e The North Face. As duas são as empresas líderes do mercado mundial.
Patagonia versus The North Face
Como acontece com todas grandes marcas do mundo, há um concorrente que com o tempo tenderá a ficar parecido um com o outro. Examine as lojas virtuais das marcas e verá que a Patagonia e a The North Face têm produtos muito semelhantes.
Em alguns casos, chegam a ter até mesmo preços semelhantes. Ao comparar essas duas marcas, as diferenças aparecem ao examinar os detalhes específicos de cada produto: funcionalidade, qualidade do material, recursos, conforto e estilo.
A Patagonia concentra-se em roupas, mochilas e alguns equipamentos masculinos, femininos e infantis. Além do vestuário, a The North Face oferece uma ampla variedade de opções de equipamentos, incluindo barracas, sacos de dormir, calçados e outros acessórios.
No entanto, ao escolher entre as duas marcas, o público mais atento verá algumas diferenças mais explícitas em suas respectivas opções de fabricação.
A Patagonia tem um foco dedicado na redução de sua pegada social e ambiental no que diz respeito aos materiais utilizados em seus produtos. A The North Face também toma muitas iniciativas para ajudar a mitigar seu impacto, mas ainda não atribuiu sua reputação à sustentabilidade e a causas sociais progressivas como a Patagonia.
Nos últimos anos, a The North Face começou a intensificar sua posição em questões sociais importantes, seguindo a liderança da Patagônia. Um de seus esforços mais antigos é o Explore Fund, lançado em 2010, para fornecer subsídios anuais para organizações sem fins lucrativos, apaixonadas por aumentar a atividade ao ar livre e proteger o meio ambiente.
No ano passado a The North Face lançou um de seus produtos mais populares para materiais reciclados. Toda a coleção ThermoBall foi trocada para materiais sintéticos 100% reciclados e renomeada para ThermoBall Eco.
Patagonia e o algodão orgânico regenerativo
A marca Patagonia sempre teve boas ideias e soube vendê-las. Consequentemente é um dos pioneiros da manufatura sustentável, exemplo de compromisso, apesar da contradição de que isso envolve a participação em uma indústria global.
O primeiro a saber sobre essa ironia é seu fundador, Yvon Chouinard , um lendário escalador de Yosemite e pioneiro na fabricação de equipamentos para atividades outdoor. “Nada do que fazemos nos negócios é sustentável”, afirma o empresário e ambientalista norte-americano.
A escolha entre fazer o melhor material possível para manter os entusiastas de esportes de natureza em segurança e proteger o planeta foi resolvida pela Patagonia, tornando-se líder em processos de produção que respeitam cada vez mais o meio ambiente.
Seu projeto mais recente é um daqueles que podem mudar as coisas.
“Estamos abrindo o caminho para mudar com nosso próprio solo”, diz sua última campanha. Ao todo, são 150 fazendas de pequena escala nos EUA que participam de um teste de cultivo de algodão com o objetivo de obter o Regenerative Organic Certified. Dessa maneira, a empresa está desenvolvendo um sistema de cultivo que mantém o solo saudável e retém o carbono, um movimento que, se continuar crescendo, pode ajudar a conter as mudanças climáticas.
Regenerar a terra enquanto produz parece uma mentira, mas é o que a marca norte-americana pretende demonstrar. Se fosse outra empresa, poderíamos pensar em uma manobra de greenwashing, mas, no caso da Patagonia, podemos ver mais a fundo como funciona.
Através de sua última coleção, a marca pretende ajudar a aumentar a demanda por esse tipo de algodão orgânico regenerativo. As peças de vestuário têm três certificados de acordo com a diferente fase de produção na qual o material usado é encontrado.
- “Algodão em Transição”, deve servir para apoiar os agricultores na transição de uma safra química para outra com certificação orgânica durante um período de três anos, aumentando assim a oferta global de algodão orgânico.
- “Algodão orgânico” identifica roupas feitas de algodão cultivado organicamente, usando soluções naturais para controlar pragas e desenvolver um solo saudável.
- “ROC Pilot Cotton“, Regenerative Organic Certification
Este ano, a empresa ainda lançou uma outra novidade, as camisetas Responsibili-Tee que são criadas com 50% de algodão reciclado retirado do chão de fábrica e 50% de poliéster reciclado pós-consumidor de garrafas de água descartadas.
The North Face lança a coleção Bottle Source
Diretamente das montanhas é a novidade da The North Face com a sua coleção Bottle Source. A camiseta foi fabricada com 18.000 kg de garrafas de plásticas coletadas nos Alpes. São modelos de mangas curtas ou longas, unissex e brancas que mostram o logotipo Heritage em azul, rosa ou verde.
A edição limitada da camiseta procura ostentar um senso de responsabilidade da marca, indicando que protege o meio ambiente e permite que a natureza continue sendo descoberta (preferencialmente com seus produtos, claro). Na esperança de limitar os danos causados no futuro, a nova coleção da The North Face também visa aumentar a conscientização sobre a quantidade de lixo deixado nas montanhas.
A The North Face também doará um euro à Summit Foundation por cada camiseta produzida. Summit Foundation fundação apoia limpezas nos Alpes e proteção de áreas naturais. A missão da fundação é reduzir o impacto das atividades humanas (de lazer) no meio ambiente, particularmente em locais de alto tráfego.
Isso também inclui conscientizar as instituições públicas e as empresas sobre o assunto e desenvolver soluções concretas.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.