Pouco conhecido, o filme “First Ascent” é um verdadeiro clássico e considerado pela crítica especializada como das melhores produções de escalada da história do gênero. A produção ajudou a consolidar eventos já considerados tradicionais como o Reel Rock Tour e estabeleceu a Sender Films como referência em filmes outdoor.
Na produção, é destacada a busca de um escalador suíço por realizar a primeira ascensão da via de escalada “Cobra Crack”. A via é tida como uma das fendas mais difíceis de ser escalada em todo o mundo. Acentuadamente negativa e sobre um granito bastante liso.
A primeira ascensão da via, que tem dificuldade de 5.14d norte-americano (11c brasileiro), foi feita pelo escalador Sonnie Trotter em 2006.
Didier Berthod
A jornada “vertical” de Didier começou quando ele tem 14 anos, quando então vive em Sion, no coração dos Alpes Valais suíços. Apaixonado pela grandeza das rochas e pelo esporte, devorava revistas de escalada e, como qualquer adolescente de sua idade, encontra seus modelos a seguir: “escaladores que partem para uma aventura no outro extremo do mundo”.
Didier Berthod tornou-se um escalador suíço que sempre protagonizava muitos filmes de escalada, incluindo o já citado “First Ascent”. O suíço era especialista em escaladas de fenda e abriu muitas vias nesse estilo. Aos 21 anos, já alcançava recordes incomparáveis.
No início do século XXI, mais precisamente no ano de 2003, escalou a via “Greenspit” (8b+ francês) no Val d’Orco, na Itália, que é considerada uma das fendas mais difíceis do mundo.
No ano de 2006, segue os esforços de Didier para fazer a primeira subida da “Cobra Crack”, uma rachadura em Squamish, no Canadá. O filme também lista algumas de suas escaladas na Europa e enaltece seu estilo de vida simples e estilo de escalada elegante.
Didier Berthod costumava trabalhar em albergues entre suas tentativas de economizar dinheiro. Porém, Berthod não possuía seguro de saúde. A opção era para conter os seus gastos e mantê-lo sempre escalando. Próximo ao final de “First Ascent”, Didier sentiu uma lesão no joelho que dificultava ele continuar escalando.
A lesão o fez retornar para a Suíça, que tem um dos sistemas de saúde mais caros do mundo. O sistema de saúde suíço é uma mistura entre setores público e privado: as companhias de seguros de saúde privados operaram num mercado altamente regulado.
Portanto, Didier com seu estilo de vida Dirtbag, sentiu dificuldades para tratar de sua lesão.
La fraternité Eucharistein
Sua mãe o educou de maneira cristã. Didier continua participando das missas aos domingos, mesmo durante suas viagens.
O mosteiro La fraternité Eucharistein foi fundada em 1996 em Saint-Maurice-en-Valais, uma pequena cidade na Suíça fundada a 200 d.C. Para buscar uma cura, Didier Berthod acabou tornando-se uma pessoa mais religiosa e sua fé no cristianismo o levou para a Eucharistein.
Eucharistein significa “dar graças”: “Em todo o tempo e em todos os assuntos, dê graças a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” . ( Carta aos Efésios 5,20).
Didier Berthod parou completamente de escalar e se dedicou à prática da religião em Eucharistein. Desde então se dedicou a 100% ao catolicismo. No ano de 2018, aos 36 anos, Berthod foi condecorado a sacerdote, estando habilitado para praticar o catolicismo em igrejas do mundo inteiro.
O agora ex-escalador foi condecorado em uma cerimônia considerada rara (Só houve uma na diocese de Sion desde o início de 2014.) para os padrões do monastério. Didier foi condecorado junto de Johannes, da Áustria, descendente direto dos Habsburgos, a família que governava a Áustria e a Hungria.
Os dois novos ordenados, no mesmo ano, celebraram uma missa presidida pelo Papa Francisco em 21 de junho de 2018 em Genebra.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.