Dean Potter e outras histórias de escaladores que perderam patrocínios por mau comportamento

Apesar de ser óbvio, ser um atleta de esportes outdoor patrocinado é um privilégio. Porém, como já explicado no MontanhaCast sobre patrocínios esportivos, o valor ganho não é mesada. Junto com o valor recebido há também uma boa dose de responsabilidade.

Ninguém, seja ele patrocinado ou não, está acima da lei nem deve passar por cima da sociedade. Todo atleta já deveria saber disso desde o primeiro dia. Tempos de atletas irresponsáveis e que fazem o que tiver vontade não existem mais.

Exemplos de atletas, que se julgam acima de qualquer pessoa, não faltam. Na escalada mesmo, há muitos. No Brasil inclusive. O caso mais icônico, mas não isolado, é o do escalador norte-americano Dean Potter.

Delicate Arch

Delicate Arch é o monumento natural mais famoso do estado norte-americano de Utah. O monumento está situado no Parque Nacional Arches. O arco não é só um dos símbolos mais conhecidos do parque, mas também de todo o estado do Utah. A sua imagem pode encontrar-se nos símbolos do Estado.

O arco é de arenito e sofre um contínuo processo de erosão. Tem altura de 16 metros e no ponto mais estreito tem uma espessura de 2 metros.

No ano de 2005, o escalador norte-americano Dean Potter provocou uma tempestade de controvérsia nos EUA quando escalou este arco. Os regulamentos do Serviço Nacional de Parques dos EUA proíbem todas as escaladas de arcos ‘tombados’ no Parque Nacional Arches.,

Tomando uma atitude cínica diante dos protestos, Potter na época alegou que ele não usou proteções fixas ou qualquer equipamento para escalar. Na cabeça do escalador, sua contravenção podia ser realizada por solar o local e filmar para fazer propaganda.

O National Park Service, o Access Fund, além de diversas autoridades de conservação dos EUA, obviamente, pensaram o contrário. A comunidade de escaladas nos EUA ficou dividida, especialmente entre quem respeita as leis e determinações de autoridades e as pessoas que não acham este hábito necessário.

Uma controvérsia mais ou menos parecida com a que vivemos hoje com as medidas de combate à pandemia. É possível ver discussões com argumentos rasos e raivosos entre pessoas que obedecem o afastamento social e aquelas que insistem sair para praticar um trekking ou mesmo uma escalada.

Quando surgiram notícias de que a escalada era ilegal, a Patagonia, seu patrocinador à época, publicou um comunicado de imprensa que dizia: “Como política, a Patagonia não endossa nem condena as atividades individuais de nossos embaixadores. Confiamos que nossos atletas são o melhor juiz de suas próprias ações e confiamos neles para agir com cuidado consigo mesmo e com o meio ambiente”.

Poucos dias depois, a Patagonia rompeu o contrato entre Potter e de sua então namorada Steph Davis. Ambos ficaram quase uma década sem conseguir outro contrato de patrocínio. Davis, inclusive, cita o seu arrependimento de não ter removido a ideia de Dean Potter à época em um de seus filmes mais recentes.

Dean Potter foi considerado um pária (pessoa mantida à margem da sociedade ou excluída do convívio social), considerado persona non grata em vários eventos, incluindo a Outdoor Retailer, que era organizada no estado de Utah até 2018.

O cyberbullying

Conhecido por seu espírito brincalhão, Joe Kinder pagou caro por seu descaso com as outras pessoas. Por causa de seu comportamento constante de cyberbullying, A escaladora norte-americana Sasha DiGiulian fez uma reclamação pública a respeito de seu comportamento.

Depois disso, foi um turbilhão de confusões que custaram caro para o escalador que, aparentemente, se achava acima dos demais indivíduos. O escalador norte-americano Joe Kinder, de 37 anos, perdeu o patrocínio que tinha com a marca de sapatilhas de escalada La Sportiva e com a americana Black Diamond. A marca italiana, tomou a decisão, após grande polêmica que se alastrou nas redes sociais na semana passada.

A marca norte-americana alegou tolerância zero com a prática de cyberbullying (conhecido formalmente como assédio virtual) e encerrou o patrocínio na última sexta-feira. Joe Kinder, que à época vivia na Espanha, teve retornar ao seu país para tentar remediar a situação e salvar os outros patrocínios e apoios que possui.

Assim como Dean Potter, Kinder tornou-se tóxico para qualquer patrocinador.

Marcas brasileiras não se importam?

 

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No ano de 2014, Potter estava novamente no centro de um desagravo público, mas desta vez com a Clif Bar. Juntando-se a Potter estavam Timmy O’Neill, Steph Davis, Cedar Wright e Alex Honnold. Todos foram dispensados ​​porque a empresa Clif Bar decidiu que não queria patrocinar escaladores individuais e BASE jump.

Ao contrário das marcas norte-americanas, as brasileiras, principalmente as que exploram o nicho de mercado que são os esportes outdoor, preferem ignorar qualquer tipo de má conduta de seus apoiados e/ou patrocinados.

Mesmo com vários atletas (praticando largamente o cyberbullying) apoiados por marcas e ostentando seus logotipos em participações de torneios e eventos, as empresas aqui no Brasil se esquivam de exigir respeito ao público consumidor.

Basta uma rápida pesquisa por redes sociais para verificar que a prática é largamente realizada, à revelia dos patrocinados das marcas. Mesmo os representantes nacionais de marcas estrangeiras, a exigência de postura diplomática e educada de um atleta.

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