Todo e qualquer equipamento, seja ele esportivo, de informática, da construção ou mesmo de agricultura. São termos que designam a qualidade, funcionalidade e durabilidade de um determinado produto.
Por exemplo em informática, designações como bug ( erros de programação existentes em um software), cluster (diversos processadores em paralelo), gigabyte (tamanho de arquivo que equivale a cerca de 1 milhão de bytes), nickname (nome de usuário utilizado como identificação), entre outros tantos.
Na construção civil, já são outros termos como adobe (tijolo maciço realizado com argila crua não cozida), demão (cada camada de tinta aplicada), pilar (elemento estrutural de eixo vertical), reboco (argamassa com que se alisa as paredes), viga (elemento estrutural de eixo horizontal), entre outros tantos.
Na indústria da moda, a qual todo e qualquer indumentária outdoor faz parte, avant-garde (vanguarda e ruptura nos padrões), hype (moderno, da última moda, que está em destaque), low-profile (algo muito discreto, com estilo simples), patchwork (técnica que utiliza retalhos de tecido para criar vestimentas do zero) , mas também Thread Count, denier e cuin. Você sabe o que são estes termos?
Esses termos surgem da necessidade de diferenciar as qualidades, e também a longevidade, de um mesmo material. Em outras palavras, quando exploramos as diferentes opções de compra existentes no mercado, podemos não perceber qual a verdadeira justificação para um casaco de plumas custar entre R$ 250 ou de R$ 1.500.
Além da qualidade do material há ainda a agregação de termos modernos que englobam conceitos como a origem ética do material e as condições de trabalho dos trabalhadores. O montanhismo no século XXI exige cada vez mais um equipamento que permita enfrentar desafios cada vez mais difíceis, mas seja respeitoso com o meio ambiente e com o tratamento ético dos animais.
A explicação para essa discrepância está nestes termos técnicos. Neste artigo falaremos sobre os principais dados que se pode encontrar ao escolher roupas ou materiais para sair para a montanha.
Cuin
Em resumo, o cuin (também conhecido como Fill Power – FP) é o volume ocupado por uma onça (28,3495 gramas) de plumas não pressurizadas, medido em polegadas cúbicas. Uma polegada cúbica equivale a 16,38 cm³ (0,0163871 litros). O cuin (acrônimo de CUbic INches, polegadas cúbicas) é a unidade de medida do poder de preenchimento (Fill Power) ou capacidade de expansão.
É um termo usado para equipamentos com enchimento de penugem, geralmente jaquetas e sacos de dormir. É essencialmente a qualidade da penugem. Também em macacões de expedição e outras vestimentas como coletes ou botas.
Uma classificação de 600, por exemplo, significa que uma onça de penugem pode cobrir 600 polegadas cúbicas. Ou, para unidades de medidas do Sistema Internacional de Unidades, 17 kg de plumas podem cobrir 16,3871 cm³.
O uso de unidades imperiais (sistema anglo-saxão) tem sua explicação no poder e influência da indústria norte-americana no mundo têxtil. A equivalência no sistema métrico ou sistema internacional de unidades para a potência de preenchimento (Fill Power – FP) mais comum é a seguinte:
- FP600 cuin: 29 gramas de plumas ocupa quase 10 litros.
- FP700 cuin: 29 gramas de plumas ocupa quase 11 litros e meio.
- FP800 cuin: 29 gramas de plumas ocupa pouco mais de 13 litros.
- FP900 cuin: 29 gramas de plumas ocupa pouco mais de 14 litros e meio.
É importante observar que o poder de preenchimento (Fill Power) é medido de forma diferente nos EUA e na Europa devido aos diferentes tipos de cilindros usados. Nos EUA, o cilindro tem diâmetro de 241 milímetros e pesa em torno de 68,3 gramas. Na Europa, o cilindro é maior com 289 milímetros e pesa mais 94,25 gramas.
A classificação do poder de enchimento pode variar de 300 a acima de 900. Os produtos de plumas mais comuns têm uma classificação de 400 a 500. Estes são considerados de qualidade relativamente baixa, pois vêm de gansos e patos imaturos e, portanto, são feitos de aglomerados menores de penugem.
Ao comprar uma jaqueta de plumas de alta qualidade, o usuário deve procurar uma classificação de poder de preenchimento de pelo menos 550. Uma jaqueta deste calibre será mais quente e mais confortável.
A qualidade do isolamento térmico de uma peça de roupa é dada pela sua capacidade de conservar o ar que o corpo aqueceu. Normalmente, roupas muito grossas e pesadas como couro são bastante quentes, mas se tornam impraticáveis nas montanhas devido à sua baixa respirabilidade, compressibilidade e leveza.
É por isso que nas montanhas optamos por um dos materiais mais leves disponíveis: plumas de pássaros, geralmente ganso e pato. A plumagem, também conhecida como duvet, é uma pena sem a haste central, cuja origem está no peito e no pescoço das aves.
Devido à sua estrutura em flocos, a penugem ocupa um grande volume com pouco peso, conseguindo reter muito ar em sua estrutura. Como não possui haste central, também não tem a capacidade de passar pelo tecido externo e, portanto, não se perde na vestimenta.
O resumo de todas essas medidas é que quanto maior o poder de preenchimento ou mais cuin por vestimenta, a qualidade da pluma será maior, com capacidade de inchar maior e seu desempenho para conservar o calor corporal será melhor.
Valor Clo
Valor Clo (vem de CLOthing) é a unidade de isolamento térmico de uma peça de roupa que permite que a temperatura corporal estável de uma pessoa seja mantida por 8 horas em repouso a 21°C de temperatura ambiente à sombra com umidade relativa de 50%. É um conceito que, embora tenha sido criado em 1941, nos últimos anos e aos poucos vai sendo introduzido nas especificações dos equipamentos de montanha e seria o equivalente a cuin em roupas de plumas.
O forro sintético, geralmente feitos de fibras de poliéster, ao contrário das plumas que deve ser compartimentada em divisórias para não se depositar na parte inferior da vestimenta, possui uma estrutura estável que, permite preservar a forma em aquele que foi fabricado, mas não permite atingir a capacidade de expansão do braço.
A definição exata é 1 clo = 0,155 m² x K / W, ou seja, leva em consideração a superfície do material, a temperatura (em graus Kelvin) e a transferência de energia (em Watts). Quanto maior o calor obteremos melhor isolamento. Considere que zero seja uma pessoa nua, 1 um paletó e o 4 o equivalente a uma jaqueta de expedição completa.
Essa definição de clo é insuficiente quando o que queremos saber é o isolamento de uma vestimenta usada por alguém que se exercita.
Quanto maior for o valor, maior será a capacidade deste enchimento sintético isolar do frio. As unidades usadas para o clo são:
- Gramas por metro quadrado g/m² (expresso em GSM – Grams per Square Meters)
- Onças por jarda quadrada: oz/y² (expresso em OSY – Ouces Square Yards)
Podemos fazer uma equivalência entre cuin e clo? Bem, a equivalência em valores clo e cuin não é padronizada, embora seja comumente aceito que a proporção aumenta aproximadamente 0,2 clo (quando medido em oz/y² para cada 50 cuin de poder de preenchimento. Assim, a tabela abaixo pode ser equivalente:
- FP550 cuin = 0,7 clo (oz/y²)
- FP600 cuin = 0,9 clo (oz/y²)
- FP650 cuin = 1,1 clo (oz/y²)
- FP700 cuin = 1,3 clo (oz/y²)
Valor R (Fator R)
O valor R, ou Fator R, é a capacidade de isolamento de um material ou estrutura bidimensional e é usado largamente para medir a eficiência dos isolantes térmicos infláveis. Como as diferenças de material e estrutura podem significar uma mudança significativa, os fabricantes de isolantes térmicos decidiram indicar com o Valor R para estabelecer o quão isolados está um campista em cada modelo.
Para maiores detalhes, o Valor R, também chamado de Fator R, já foi tema de artigos mais detalhados aqui na Revista Blog de Escalada. A fórmula completa que mede a resistência (Resistence) à perda térmica tem como variáveis a temperatura, a superfície e o fluxo de calor através do isolamento. Desta fórmula obtém-se um resultado que é o Fator R e que indica que quanto maior for este valor, melhor nos isolará das superfícies frias.
Normalmente, o Fator de R dependerá basicamente de duas variáveis do isolante térmico: material e espessura.
- O material: fundamental que seja um mau condutor térmico, utilizando mantas de espuma de polietileno e poliéster ou náilon com algum tipo de interior aluminizado para reter o calor do corpo por radiação.
- A espessura: Quanto maior a quantidade de material, melhor a capacidade de isolamento.
Denier
Denier é a resistência de uma determinada linha (conhecido industrialmente como fibra) no comprimento de 9.000 metros. Em termos práticos significa dizer que uma fibra com 500 D, significa dizer que 9 km dessa fibra pesa 500 gramas.
Portanto, quanto mais grossa é a linha, maior o valor DEN (dando maior robustez ao tecido) e maior peso por m2. Fios mais grossos farão os tecidos mais grossos e resistentes e os fios mais finos farão o mesmo na direção oposta.
Dentro do sistema internacional há uma unidade de medida que também mede a densidade linear de um tecido e que é muito semelhante ao denier: decitex (gramas de peso por 10.000 metros de fibra). Essa unidade não é adotada pela indústria de equipamentos outdoor.
Em termos práticos, se o peso de 9.000 metros de uma determinada fibra é de 10 gramas, diz-se que é um tecido de 10 denier (10 D), algo extremamente fino. Um tecido 600 denier (expresso como 600 D) nos diz que 9.000 metros dessa fibra pesam 600 gramas. O 10 D é usado em roupas ultraleves e o 600 D em mochilas.
Thread Count
O Thread Count (número de fios ou densidade de fios) é abreviado como T e expressa a densidade de fios com o qual um tecido foi tecido. O valor nos dá informações sobre sua resistência à abrasão ou sua respirabilidade.
A contagem de fios (Thread Count) é uma medida do número de fios tecidos em uma polegada quadrada de tecido. Essencialmente, é uma medida de quão firmemente tecido é um tecido. É calculado somando o número de fios longitudinais (urdidura) e longitudinais (trama) dentro de uma determinada área.
Por exemplo, um lençol de algodão com 100 fios de urdidura e 100 fios de trama em cada polegada quadrada de tecido teria um Thread Count 200.
Normalmente acompanha os dados de denier do tecido e cada vez mais marcas estão incorporando este conceito nas especificações técnicas de seus produtos, geralmente em reforços têxteis, barracas ou nas mochilas.
O denier e Thread Count são duas unidades de medida que não são intercambiáveis. Se sua necessidade for um tecido grosso e forte, o denier é o número a ser considerado, pois trata da espessura e, portanto, normalmente da resistência das fibras.
Mas você também deve lidar com o conteúdo de fibra. Os fios de algodão grossos não são tão fortes quanto os fios de náilon, mas o denier do fio indicaria que o náilon é mais pesado e, portanto, provavelmente mais forte. Se quiser um tecido fino e forte, considere o Thread Count se você souber a dobra dos fios.

Argentina de nascimento e brasileira de coração, é apaixonada pela Patagônia e Serra da Mantiqueira.
Entusiasta de escalada, trekking e camping.
Tem como formação e profissão designer de produto e desenvolve produtos para esportes de natureza.