Cruce de Los Andes: A história de um dos trekkings mais tradicionais da América do Sul

Quem aprecia a prática de trekking que una história, relevo e desafio, tem no Cruce de Los Andes, um dos mais tradicionais da América do Sul. A travessia realizada pelo General José Francisco de San Martín y Matorras é considerada histórica e mudou os rumos do continente que vivemos.

Realizar este trekking de incalculável beleza e valor histórico, atravessando os Andes Centrais pelo mesmo caminho que fez o General José San Martin, é também reviver a história da libertação dos territórios da América do Sul da Coroa Espanhola.

Muito mais que um simples trajeto de trekking, o Cruce de Los Andes (referenciado como Travessia dos Andes em português) é considerado um dos grandes marcos da história da Argentina e um dos maiores feitos da história militar mundial.

Revolución de Mayo

Para quem não está familiarizado com a história de país vizinho Argentina, é necessário lembrar que da mesma maneira que o Brasil era uma colônia de Portugal, a Argentina era da Espanha. No início do século XIX, as colônias das Américas estavam se revoltando e procurando tornassem independentes de seus colonizadores.

A primeira das colônias a ficarem independentes foi os EUA no ano de 1776. A partir disso, muitos generais, cansados dos desmandos e da maneira que a Espanha conduzia a política na América do Sul, começaram a cogitar a possibilidade de também declarar independência. Com o passar do tempo, várias tentativas de independência foram tomadas ao longo da América.

Como estamos abordando a história da Argentina, é necessário destacar a Revolución de Mayo (a qual foi precedida de outras revoluções fracassadas em 1809), que foi uma série de acontecimentos revolucionários ocorridos na cidade de Buenos Aires, então capital do Virreinato del Río de la Plata. A Revolución de Mayo foi no ano de 1810, no dia 18 de maio. A revolução foi o início do processo de formação do estado argentino.

Entretanto, estava em curso a guerra da independência argentina, que fazia parte de várias revoluções que haviam contra a monarquia espanhola, por todo o continente sul-americano. Um dos maiores líderes destas revoluções era o General José de San Martin, um militar e político cujas campanhas revolucionárias foram decisivas para a Independência de Argentina, Chile e Peru. San Martin é reconhecido como um dos Libertadores da América.

Após a Revolución de Mayo, houve permanentes lutas contra os espanhóis, que queriam recuperar a Argentina (a qual ainda Espanha chamava de Provincias Unidas del Río de la Plata). O General San Martin teve a convicção que deveria tomar a base principal do poder espanhol, que tinha a sua sede na cidade de Lima, no Peru. Com o auxílio de soldados do Chile de Las Heras, milícias mendocinas e os batalhões de infantaria de civis, preparou um exército para uma corporação que ele mesmo chamou de Ejército de los Andes.

San Martin sabia que para libertar a região dos espanhóis deveria invadir as grandes concentrações de espanhóis, e para isso teria de invadir o Chile, cruzando a cordilheira dos Andes. Desta maneira começou a planejar uma invasão por terra, cruzando as montanhas com equipamento bélico e um exército. Se antecipando a esta dificílima travessia, disponibilizou uma “guerra de zapa”, difundindo informações falsas e alarmistas em território chileno.,

Cruce de Los Andes

Históricamente falando, o Cruce de Los Andes foi uma expedição liderada pelo General San Martin para atravessar os Andes e libertar o Chile dos espanhóis. Em 1817, entre 19 de janeiro e 8 de fevereiro, o general comandou mais de 4.000 soldados e 1.200 milicianos, e usou seis passos montanhosos diferentes para surpreender os espanhóis que ocupavam o Chile. A expedição foi um sucesso e o Chile ganhou a independência.

O Ejército de los Andes iniciou a travessia por paso de Los Patos e Uspallata, chegando a uma altitude de 4.000 metros. A manobra é considerada um dos grandes marcos da história da Argentina, bem como um dos maiores feitos da história militar mundial.

Liderado por San Martín, a passagem pelos andes demorou 21 dias, utilizando 1.600 cavalos, 10.000 mulas, 22 canhões. Na Batalha, foram disparados 2.000 tiros de canhão.

O trekking Cruce de Los Andes

O Cruce de Los Andes foi muito importante para a criação dos países que hoje conhecemos como Peru, Chile e Argentina. Cruce de Los Andes de 1817 é bem conhecido para os cidadãos desses três países, mas neste século XXI nos referimos a um espetacular trekking de longa distância em montanha.

Este trekking segue os passos do grande feito que levou o General San Martin a mover várias unidades de seu exército libertador através da Cordilheira dos Andes para atravessar a Chile do Argentina.

Existem vários trajetos que se intitulam Cruce de Los Andes, o mais tradicional, consiste em uma travessia dura 7 dias, começando em Tunuyán, região de Mendoza e termina em Cajon del Maipo, Chile. Durante o trekking é possível ver guanacos, raposas, lebres, condores e outras aves e lagartos. Há ainda uma outra variante, que passa pelo Portillo Argentino (4.320 m) Paso Piuquenes (4.110 m).

A principal característica do Cruce de Los Andes é a dificuldade. Não é um trekking indicado para iniciantes, nem para quem possui forma física ruim. A travessia já inicia a 1.700 metros acima do nível do mar e chega até a 4.430 metros.

Por ser uma travessia com pouquíssima sinalização, é extremamente recomendável que se utilize um guia experiente e que conheça a região. Além disso, a questão de logística, de onde dormir como e onde comer, também é fundamental para terminar a travessia.

Na região acontece todos os anos uma corrida de montanha. O evento, que foi criado em 2002, é das provas mais cobiçadas pelos praticantes da modalidade. Esta corrida de montanha possui aproximadamente 100 km e é dividida em três dias. Em cada dia de prova é percorrido 30 a 35 km, com duração de três a nove horas de prova.

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