Crítica do filme “The High Road”

Quem gosta de acompanhar o universo do entretenimento, como cinema e TV, já deve ter percebido uma certa onda nostálgica nos últimos tempos. Este sentimento faz com que obras realizadas no passado, com relativo sucesso, volte com uma sequência ou mesmo como um reboot.

Até mesmo gêneros que acabaram esquecidos, como os westerns e as comédias românticas, sempre sofrem uma repaginada e voltam à cena. Muito deste relançamento é para “lembrar os bons tempos”.

Os exemplos mais recentes são “Bad Boys” nos cinemas e “Drácula” no Netflix. Exemplos não faltam e podem ser citados à exaustão. Mas o que explicaria esta aposta de quem explora o universo do entretenimento resposta seria a nostalgia?

Nostalgia é um termo que descreve uma sensação de saudade idealizada (muitas vezes vezes irreal), por momentos vividos no passado associado a um desejo sentimental de regresso. Por causa desta melancolia profunda, algumas obras são refeitas ou buscadas do passado.

Em nome da nostalgia pessoas retomam relacionamentos do passado. Alguns obtêm sucesso, outros não.

O sentimento nostálgico é a melhor explicação de que a Sender Films apostasse em “The High Road” de fazer parte de seu prestigiado festival em sua edição 2020.

Não faz muito tempo, vídeos que mostravam a vida ideal de escaladores imbatíveis em seus desafios inumanos, mas que não possuíam roteiro consistente, eram o padrão dos filmes de escalada.

A época era o auge do “rock porn”, que foi alimentado pelo barateamento de microcâmeras do tipo Gopro. Um subgênero dos filmes de escalada que servia para as pessoas se reunirem na casa de amigos, pedirem uma pizza e cervejas, e ficarem discutindo amenidades.

Foi a superficialidade destas produções que fizeram com que o gênero fosse tão desprezado e tratado como “menor” por muitos críticos de cinema. Todo o cenário mudou com a própria Sender Films com suas produções mais sérias, e de roteiro consistente e mais profundo, como “First Ascent”, “Alone in The Wall” e culminou em “Valley Uprising“.

Em um ritmo de videoclipe, no melhor estilo MTV nos anos 1990, “The High Road” apresenta a escaladora Nina Williams. A norte-americana é mostrada como o melhor estilo da MTV: vida perfeita, amor ao perigo e inabalável capacidade atlética. Um roteiro, diga-se, igual à grande parte das produções feitas no início deste século e que podem ser apreciadas gratuitamente no YouTube.

A produção, felizmente, não é ruim. Porém se assemelha muito a um estilo que produtores amadores e sem muita experiência em documentários de esportes fazem aos montes na internet. “The High Road” é, à luz da razão, mais do mesmo. Um filme sem muito refinamento nem mesmo no roteiro ou na história.

Todo o background de busca por esportes de Nina Williams em sua infância, além de seu conhecido caso com a US Climbing, quando escreveu um artigo para uma revista norte-americana, foi ingorado. O filme serviria de boa oportunidade para refletir a partir dos erros do passado e dar um bom conselho a quem a assiste em ‘The High Road”.

Durante toda a exibição, os personagens são todos bidimensionais e vivendo a vida perfeita de “viver o sonho”. Mas, depois de tanto tempo de estrada o que faria a Sender Films fazer uma obra tão desleixada? A resposta, ao que parece, é mais ma vez a influência de seu maior patrocinador. Influência esta que, mais uma vez, criou um filme muito abaixo da qualidade que a produtora implementou ao longo do tempo.

Uma pena este tipo de política, pois com tantos ingredientes, além de uma personagem feminina forte e carismática, um roteiro tão “anos 90”, é apenas uma caricatura de uma visão saudosista de um gênero que amadureceu, mas os idealizadores do filme não perceberam.

Nota Revista Blog de Escalada:

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