Faz parte do ciclo da vida de todo ser vivo o envelhecimento, pois o tempo age sobre todos.
Alguns envelhecem de melhor maneira que outros, mas indubitavelmente o tempo passa para todos.
Para muitos somente a possibilidade de envelhecer assombra e aterroriza a partir de uma certa idade, tornando-se até mesmo um tabu e assunto proibido.
Saber envelhecer é uma arte que demanda acima de tudo maturidade, e também boa dose de resignação, e este tipo de sentimento somente com o tempo se adquire. Por isso é muito difícil encontrar pessoas com menos de 30 anos falando sobre o tempo de vida que resta.
Com o objetivo de trazer à reflexão sobre o envelhecimento, além de emocionar sem ser piegas, a produtora “Duct Tape than Beer” em conjunto com o site “Semi-Rad” produziram o curta “Frank and the Tower”.
O filme conta a história de Frank Sanders, um escalador de aproximadamente 70 anos, que é apaixonado pela “Devils Tower”, e que durante sua carreira de instrutor de escalada realizou, nas estatísticas dele próprio, mais de 2.000 ascensões lá.
Centrado quase que exclusivamente em que Sanders pensa sobre a rocha, e em como ela impactou seu estilo de vida, maneira de ser de de se comportar.
De maneira inteligente os produtores procuraram não seguir a linha de “velhinho radical” comum nas propagandas de celulares e sabão em pó exibidos na TV, e optam por documentar uma pessoa de idade avançada originalmente roots, e totalmente fora dos clichês utilizados em qualquer filme que tenha idosos e esportes de ação.
Claro que Frank Sanders está longe de ser um personagem comum, tanto que durante certas partes de “Frank and the Tower” seus pensamentos parece forçada em algumas partes com o claro desejo de querer fazer rir, mas não é um fator que incomoda.
Entretanto quando a conversa segue um tom mais sério a produção chega a ser impactante, especialmente quando o personagem começa a falar dos revés que teve na vida como alcoolismo, dependência de drogas e separações.
Após as decisões tomadas, e sua conclusão sobre o que passou, fica claro que são coisas que passam todos que vivem intensamente, e que somente os que possuem real maturidade conseguem encarar sem medo os fantasmas do passado.
O filme “Frank and the Tower” também revela algo que poucos percebem: a completa inexistência de quem produz filmes outdoor em documentar personagens únicos, com passado e ensinamentos muito mais interessantes do que grunhidos e gemidos que sempre os mesmos escaladores divulgam todos os anos.
Da mesma maneira que documentar pessoas que vivem em seu motorhome e que deixou a sociedade para trás (pelo menos até o dinheiro acabar), também tem relevância voltar as lentes para outros personagens que também fazem parte do esporte: os veteranos anônimos.
Assim “Frank and the Tower” termina com reflexões profundas de um Frank Sanders consciente da ação do tempo em seu corpo, e que mesmo assim vivencia o amor pelo esporte e pelo seu lugar favorito da maneira que puder.
Nota Revista Blog de Escalada:
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.