Dentro das grandes maldições existentes na produção de filmes é a das continuações.
Muitos diretores já se esforçaram para contornar esta “zica” de que uma sequência tem grande possibilidade
de ter uma qualidade ao seu predecessor.
Quando foi lançado o filme “Summits of my life” encantou a todos com sequência de imagens e uma história consistente que divulgou eficientemente a imagem de Kilian Jornet.
Nesta sequência intitulada de “dejame a vivir” é destacado não somente a técnica apurada de corridas de montanha de Kilian, mas também apresenta alguns personagens fazendo o papel de “sidekick”.
Documentando toda a preparação e a tentativa de superar o recorde de subida, e descida, ao Matterhorn de 4478 metros.
Nesta preparação é mostrada sua tentativa(e sucesso) a Mont Blanc de 4810 metros e Elbrus ( a montanha mais alta da Europa com 5642 metros).
Entretanto poucas tomadas de qualidade são realizadas nesta altura do filme, apesar de que de maneira mais suave procura mostrar também as diferenças entre os lugares e geografia em cada um.
O diretor entretanto opta por começar em uma velocidade compatível à de Jornet, que proporciona uma sensação de confusão devido ao ritmo intenso e excessivo.
Utilizando cortes rápidos em uma edição que muito lembra filmes de ação hollywoodianos, e sem apresentar adequadamente quaisquer um dos personagens, nem os planos de treinamento aos quais Kilian Jornet se submente para vencer o desafio, a produção prece jogar despreocupadamente cada ingrediente do filme, apenas o preparando para seu final.
Nesta velocidade alucinante imposta pelo diretor Sébastien Montaz-Rosset, personagens são apresentados de maneira incompleta, dando a entender que todos já deveriam saber quem é quem.
Próximo à conclusão de “Dejame a viver” o filme apresenta a mesma qualidade de captação de imagens, junto com um criativo uso de imagens captadas de celualares de todo o público presente.
Sem dúvida a cena de ascenção ao Matterhorn é apoteótica e inspiradora.
Entretanto ainda é pouco para apagar o que foi apresentado antetiormente que soou mais como uma tentativa de imitação ao qual não está acostumado, do que a mesma elegância apresentada no primeiro.
Há de se louvar ainda a qualidade fotográfica, especialmente a partir do terceiro ato, lembrando a exuberância que foi mostrada no primeiro filme.
Tomadas aéreas de Kilian ainda são realizadas com precisão, e a elegância de sempre, mas não é suficiente para colocar o filme em um patamar superior como o seu antecessor.
O carisma de Kilian Jornet também merece destaque, e dificilmente não inspira durante todo o decorrer do filme, especialmente a alguém que planeja (ou já pratica) o seu esporte.
Porém detalhes sobre a vida de Kilian foram deixados de lado como sua nova namorada, como está sua vida após reconhecimento internacional, e sequer tocou no assunto de seu projeto pessoal.
Próximo ao fim da produção fica evidente que é apenas mais um filme sobre atletas, iguais aos que são produzidos atualmente, não se destacando com status de imperdível.
Muito diferente de seu primeiro, que possuía um nível muito alto.
“Dejame Vivir” é um filme que ocila muito na sua exibição e que decepciona quem esperava o mesmo nível de qualidade apresentado no primeiro.
Nota da Revista Blog de Escalada:

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.