Crítica do filme “Broad Peak” – Uma história cativante e atraente sobre eventos reais

O filme Broad Peak esteou na plataforma de streaming Netflix e era uma das produções originais da plataforma mais aguardados do ano de 2022. Filmes sobre montanhismo tendem a traçar, às vezes de maneira apelativa e exagerada, as lutas de vida ou morte dos montanhistas e sua batalha para conquistar os picos em questão.

Portanto, Broad Peak está de olho em uma narrativa que tenta rapidamente abranger décadas, para contar a história do montanhista polonês Maciej Berbeka, cuja vida terminou de maneira trágica. Fatos sobre o montanhista polonês já foram contados aqui mesmo na Revista Blog de Escalada quando divulgou a publicação do trailer e a data de lançamento.

Broad PeakA produção polonesa focou a história no retorno do protagonista Maciej Berbeka ao Broad Peak, que fica na fronteira com o Paquistão, e nas decisões difíceis que teve de tomar à época. Com a produção, a Netflix é nítido que a plataforma leva produções sobre montanhismo a um novo nível, combinando histórias reais, imagens inspiradoras das montanhas do Nepal e um elenco talentoso.

Importante salientar que o filme sobre Berbeka é também um lembrete de quão longe um montanhista é capaz de ultrapassar os limites em busca de aventura e novas experiências.

Ao mesmo tempo, Broad Peak é também um lembrete instigante dos riscos envolvidos no montanhismo por meio de uma história emocionante que abre nossos olhos para o custo físico e emocional que o esporte cobra dos atletas. Quando muitos montanhistas escolhem vias seguras e fáceis, Broad Peak (8.047 metros) inspirou a equipe polonesa a enfrentar uma perigosa escalada de paredão.

Broad Peak é uma história moderna do montanhismo polonês, que não é contada com frequência. Este filme não é um documentário e está claro que seu objetivo é procurar entender e explicar a natureza da expedição, com suas muitas voltas e reviravoltas e, em seguida, mostrar como depois de chegar ao cume ambos os montanhistas decidiram continuar em outra aventura descendo a Face Norte.

Assim o filme oferece ao público uma visão do que é preciso para ter sucesso em tais expedições caracterizadas pelo mau tempo. Em linhas gerais a produção é um drama emocionante, dirigido por personagens, com um olhar divertido e introspectivo sobre amizade, escalada, morte e destino.

A representação do sofrimento e do montanhismo raiz fará o expectador querer sair e escalar uma montanha. Quando a produção termina, o público, quem sabe, poderá entender melhor como as coisas são no montanhismo profissional e como isso se encaixa na vida de quem é apaixonado pela atividade.

Broad Peak

Assistir ao filme também requer um esforço consciente, além de conhecimentos básicos de história (principalmente em saber o que foi a Guerra Fria) para retornar à década de 1980, aparentemente não muito tempo atrás e ainda assim distante da realidade atual.

Nessa época os eventos se desenrolaram muito mais lentamente, montanhas eram escaladas na solidão e uma expedição paralela interior ocorre dentro das almas dos homens presos nas suas barracas.

Broad Peak foi filmado a 5.600 m

A tom azulado em que o filme utiliza, muito parecido com fotografias dos anos 198, funciona como uma lembrança antiga que evoca essa visão distante. Os diálogos são breves e objetivos, sem uma palavra a mais e, felizmente, sem serem expositivos. Os significados são expressos através de olhares. As imagens são bastante realistas, com acampamentos invernais varridos pelo vendaval.

O filme dirigido por Leszek Dawid, que estava em produção desde 2014, se baseou em muitas e muitas horas de entrevistas, milhares de páginas de documentação e filmagens em dezenas de locais, dos Alpes ao próprio Broad Peak. Não há uso chroma key na produção, apenas imagens reais de lugares em condições extremas, com montanhistas de verdade envolvidos na produção.

Broad Peak

Para a produção do filme a equipe de filmagem (auxiliada por montanhistas profissionais, claro) foi até 5.600 metros acima do nível do mar filmar. A essa altitude, usaram drones e helicópteros com câmeras equipadas com giroscópio. Tudo isso para contar uma história sobre uma escalada épica que supera qualquer filme de ficção.

O resultado obtido foi que a atmosfera é fiel à época: as barracas, os equipamentos, gorros de lã e óculos de esqui honram um figurino realista. Há personagens desgastados com rostos magros, olhos encovados e barbas congeladas.

Broad Peak

Apesar de algumas pequenas licenças artísticas (que a comunidade de montanhismo odeia), o filme retrata a história de uma escalada invernal no Broad Peak como e quando aconteceu, além de destacar como pano de fundo a queda da Cortina de Ferro nos anos 1980, e como ficou tudo nos anos 2010.

No geral, a sensação de autenticidade é impressionante, especialmente se levarmos em conta que estamos em uma época de vídeos no Instagram com chavões motivacionais e selfies de cume abundam na internet.

Nota Revista Blog de Escalada:

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