Crítica de “127 horas”

Depois de esperar muito tempo parar ver, e se esquivar de oportunidades de ver a versão disponível na internet, pude ver o tão falado filme “127 horas”.

Para resumir muito afirmo: 127 horas é um filme explêndido.

Deveriam haver mais filmes como este sobre o ambiente outdoor, e como é o espírito da pessoa praticante de esportes de natureza.

Há tomadas em ângulos que nunca tinha visto em qualquer filme de representação de universo outdoor.

A visão do diretor sobre como vivem as pessoas que “respiram atividades outdoor” foi muito interessante. Até mesmo o ato de beber água de seu camelback ou nalgene tiveram tomadas que não se vê todos os dias.

Antes de mais nada, a polêmica de que há cenas fortes que causariam convulsão e etc pode ser verdade. Há sim cenas fortes, e quem tem perfil de se impressionar com isso vai se sentir desconfortável. Porém acredito que seja apenas reações pontuais, nada que seja uma grande comoção coletiva.

Fica evidente em quem pratica atividades ao ar livre, tanto quem não vive o ambiente, ao sair do cinema fica a pergunta: “Como o cara não avisou ninguém onde estava indo”.

Quem escala sabe que vez ou outra, no sentimento de “oba oba”, mudamos planos em cima da hora e saímos por aí para realizar as atividades que nos der na cabeça.

O sentimento de querer fazer uma trilha, escalar uma via longa ou o que seja é nos isolarmos daquela correria que nos tira a paciência no dia a dia de quem vive em cidade grande.

A tendência é muita gente acreditar que “não dar satisfação a ninguém” é o mesmo de que sumir no mundo. Somado a isso como sempre arriscamos em algumas ocasiões temos uma sensação de que temos um certo risco está controlado.

Esquecemos que algumas vezes as coisas dão certo, mas algumas vezes da errado.

Escalar, fazer trekking, praticar atividades de montanhismo faz muito bem para a auto-estima do praticante. Faz bem ao corpo e à alma. Porém algumas pessoas se enbriagam com este sentimento, e se acham indestrutíveis e auto-suficientes.

Foi de posse deste sentimento de onipotência que o personagem do filme resolveu sumir no mundo.

Com o sentimento de que queria sumir no mundo, e air a lugares isolados, saiu de casa e do trabalho sem avisar ninguém de onde ia. O próprio personagem cita que este foi um dos erros mais crônicos que resultaram na história principal do filme.

Ele saiu para um final de semana de aventuras, e não disse a ninguém. Nem mesmo às pessoas que sempre estavam à sua volta.

O filme mostra uma pessoa entusiasmada com o universo outdoor. Há ali marcas que não vemos todo o tempo em filmes como petzl, vitorinox, leatherman, osprey, nalgene, entre outras.

Porém a parte outdoor fica por conta de apenas 20 minutos iniciais do filme.

O restante é a angustiante tentativa do personagem se livrar do incômodo de ter seu braço entalado entre duas rochas maciças. O tempo vai passando, e não vai aparecendo ninguém para ajuda-lo. Para piorar a situação, como ninguém sabe onde ele estaria e tinha o hábito de sumir nos finais de semana, se encontrou em situação delicada.

São cenas muito bem gravadas, em que a ausência total de música em sua maioria deixa mais tenso os momentos. Vale a pena assistir.

Para mim, como escalador fica a lição: vai escalar, ou vai se aventurar sozinho? Avise alguém.

Namorada, amigo, parceiro, o que seja. Mesmo que vá acompanhado, deixe avisado também. Pode ser muito confortável ficar sozinho na natureza, mas é péssima a sensação de que todos ignoram a sua falta, porque todos estão acostumados com a sua ausência e falta de notícias.

Na minha opinião é um filme obrigatório a toda e qualquer pessoa que se ache invulnerável a roubadas, e que tem por prática deixar de dar notícias às pessoas que o cercam. Acidentes acontecem.

Se você não viu, não deixe de ver, é uma verdadeira obra prima sobre o mundo outdoor

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