Cordas

Seja em uma escalada, içamento de carga, rapel ou em uma operação de resgate a corda é, sem dúvida, o equipamento mais importante. É nela que, de maneira direta ou indireta, nós depositamos toda a nossa confiança. Muitas vezes é o único equipamento que não possibilita backup.

Até os anos quarenta utilizavam-se fibras naturais, principalmente de cânhamo. A partir de 1950 começava-se a adotar, para a fabricação das cordas, fibras sintéticas como a poliamida (Nylon). Graças a utilização destes materiais tem sido possível desenvolver e aperfeiçoar, com objetivo de ampliar a gama de utilizações e a segurança, cordas dotadas de uma estrutura diferenciada, definindo assim, um modelo de fabricação que todas as indústrias respeitam: cordas compostas de alma e capa trançadas.

Construção:

As cordas modernas são construídas seguindo a metodologia Kermantle que significa alma protegida por capa.

A alma é a parte interna da corda. Elemento que define a flexibilidade, elasticidade e capacidade das cordas. Geralmente possui uma única cor (branca ou preta).

Fios paralelos = Menor elasticidade.

Fios torcidos entre si e em conjunto = Maior elasticidade.

A capa é o revestimento externo da corda. É trançada ao redor da alma e tem a função de protegê-la contra a abrasão e outras influências externas tais como:
penetração de objetos (areia, espinhos, …), arestas cortantes e raios ultra-violeta. Pode ser impregnada com líquidos impermeabilizantes (no caso das cordas de
escalada em gelo).

Métodos de utilização

Simples (single rope). – 10 a 11 mm.
Devem ser usadas únicas. São utilizadas em vias de uma enfiada de corda.

Duplas (double ou half rope) – 8 a 9 mm.
Devem ser usadas aos pares. Devem ser alternadas entre os pontos de ancoragem pois, dessa forma, o atrito das cordas nas costuras é consideravelmente reduzido.
São ideais para vias que possuem mais de uma enfiada de corda, para a segurança numa cordada de 3 escaladores, em vias com proteções móveis e onde se faz
necessário duas cordas para rapel. São muito seguras para vias que possuem risco de corte de corda, avalanches de pedras, …

Gêmeas (twin rope). 6 a 7 mm.
Devem ser usadas aos pares. Possuem as mesmas características de utilização das cordas simples aliada a leveza das cordas duplas. Devem ser conectadas em todos os pontos de ancoragem. São adequadas para longas vias, que possuem poucas proteções, onde a cordada precisa ser leve para ser rápida.

As cordas são “aposentadas” por três motivos:

1° Seguindo a tabela abaixo.

Uso intenso. 5 dias / semana. 1 ano.
Uso regular. 7 dias / mês. 3 anos.
Uso ocasional. 1 dia / ano. máximo 5 anos.

2° Se você encontrar:
– Capa e/ou alma danificada.
– Pontos duros sob a capa indicando danos locais.
– Fibras da capa derretidas.
Nestes casos você deve cortar a corda na região do dano.

3° Após ultrapassar o n° de quedas UIAA estipulado pelo fabricante.
Como padrão técnico estabelecido pela U.I.A.A., é o número de quedas que a corda deve resistir em um teste específico. Neste teste a corda de escalada deve suportar um peso de, no mínimo, 80 Kg em 5 quedas de fator 2 realizadas em intervalos de 5 minutos. Este é um teste rigoroso, pois dificilmente um escalador cai com esta freqüência. O importante a saber é que a matéria prima das cordas, a Poliamida, sofre uma ligeira redução de sua carga de ruptura a medida que ela é submetida a esforços sucessivos. No entanto, quando a corda não está sendo utilizada, ela recupera quase completamente a sua característica original. Se tal teste fosse realizado com intervalos mais longos entre as quedas a corda suportaria um número de quedas fator 2 maior.

Sua corda não serve para a sua segurança se:
– Possuir mais de 5 anos após a data de fabricação.
– Tiver contato com produtos químicos (orgânicos, óleos, ácidos ou bases).
– Tiver contato com fogo.
– Se, após molhá-la, ela congelar.

Cuidados:

As cordas não devem atritar com arestas afiadas. Guie a sua escalada tendo em mente uma possível queda.

Não guarde as suas cordas perto de fontes de calor ou sob incidência direta de sol ou umidade. Valores recomendados: 60% / 25ºC.

Cordas sujas devem ser lavadas em água pouco morna (quase fria ou fria) com pequena quantidade de sabão neutro. Após isto, enxágüe cuidadosamente com água e deixe secar à sombra.

Primeiramente é importante verificar se, realmente, este procedimento é necessário. Se a corda encontra-se empoeirada, embarrada ou muito ressecada.

Evite ao máximo que sua corda seja pisoteada, tenha contato com pedras, areia ou barro. Isso evitará que pequenos cristais de rocha danifiquem a alma da sua corda.

Toda corda deve ter um histórico de utilização.

Sempre inspecione tátil e visualmente sua corda.

Ao descer de rapel, reduza a velocidade de descida danos à capa causados por descidas desnecessárias rápidas que superaquecem o freio.

Não deixe sua corda por um longo tempo sob forte tensão.

Mantenha sua corda sempre limpa. Quando necessário lave em água corrente ou em máquinas e seque a sombra.

Evite a exposição direta ao Sol.

Evite o contato corda – corda ou corda – fita.

Quando não estiver em uso, desfaça todos os nós e pendure-a em voltas frouxas à sombra em local arejado.

Lembre-se, sua corda foi projetada para lhe oferecer segurança e não para outros fins.

Sua vida vale muito mais que uma corda nova.

Outras considerações:

Comprimento

O comprimento “padrão” de uma corda para escalada é 50 m. Se você possuir uma corda de 60 m (por exemplo) você:

– Ganha peso para transportar.

– Pode ter a possibilidade de escalar duas enfiadas de uma só vez = ganho de velocidade.

– Pode montar top ropes de 30m.

– Pode, em caso de dano devido às sucessivas quedas, cortar 5 m de cada ponta e ainda ficar com uma corda “quase nova” de 50 m.

Número de quedas
Como próprio nome diz é o número máximo de quedas fator 2 (explicado adiante) que uma corda suporta antes de se romper. O teste é realizado com três metros de corda que devem suportar quedas (5 para simples e 12 para as duplas) de 6 metros de um peso de 80 kg.

Resistência a muitas quedas, baixa força de impacto, boa elasticidade, flexibilidade para a execução dos nós, resistência a abrasão e baixo deslizamento da capa sobre a alma são características técnicas que temos que avaliar na eleição de uma corda de escalada.

Dicas:

– Analise todas as opções antes de comprar.
– Cordas mais duras resistem mais às rochas brasileiras (granito, arenito, …).
– Leia os manuais.
– Monitore o seu desgaste constantemente.

Fonte: http://www.mundovertical.com/tecnica/cordas.htm

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