A segunda etapa da Copa do Mundo de Escalada, realizada no final de semana em Moscou, confirmou a atual superioridade dos atletas da Eslovênia. A etapa não contou com os principais escaladores da seleção japonesa, que se concentra para a próxima etapa daqui a 15 dias na China. Desta maneira atletas como Janja Garnbret e Jernej Kruder, além da supressa da competição Lucka Rakovec, de 17 anos e que já tinha participado dos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires, fizeram o time esloveno dominar as finais.
Enquanto na primeira etapa não houve polêmicas em relação ao estilo implementado pelos route setters, a de Moscou não ficou sem reclamações.
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A grande surpresa do evento ficou pelo segundo lugar de Adam Ondra, atualmente considerado o maior escalador esportivo da atualidade. Com uma performance impecável, o esloveno Jernej Kruder mostrou que não há escalador considerado invencível.
Aliás, Jernej se classificou em último nas semifinais e surpreendeu a todos com uma escalada quase perfeita. O destaque no masculino também ficou por conta de um escalador de apenas 15 anos chegando à final: Rei Kawamata. O japonês embora tenha se classificado para as semifinais em segundo, acabou ficando com a quinta colocação.
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Explosive: Adam ONDRA (CZE) after topping the 4 Semis boulders (he has been the only one). #IFSCwc
No feminino não houve muitas supressas, já que Janja Garnbret confirmou ser o grande nome da atualidade e a grande favorita da temporada. A eslovena conseguiu fazer uma escalada na final perfeita, com quatro tops em apenas quatro tentativas. Algo digno de cinema.
A grande surpresa foi sua compatriota Lucka Rakovec, de apenas 17 anos de idade, chegar a quase figurar no pódio. A escaladora Shauna Coxsey mostrou que está recuperada da lesão que teve no ano passado, chegando ao segundo lugar com boa performance, mesclando um estilo mais técnico e menos de força.
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Quem assistiu a etapa da Rússia teve a impressão de que as linhas da semifinal, especialmente as das mulheres, estavam muito mais exigentes do que as das finais. A final feminina, por exemplo, grande parte das competidoras fizeram quase todos os tops.
A vencedora Janja Garnbret, por exemplo, teve um rendimento razoável nas semifinais, mas conseguiu escalar facilmente todas as linhas da final à vista. O mesmo pode-se dizer de Jernej Kruder que nas semifinais classificou-se em sexto, porém nas finais chegou a desbancar o favoritíssimo Adam Ondra.
Sul-americanos
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Os sul-americanos tiveram um rendimento satisfatório. A argentina Valentina Aguado foi quem obteve a melhor classificação entre as mulheres sul-americanas: 39º (de um total de 91). Aguado ficou a uma distância relativamente pequena da “zona das semifinais” (20 primeiros classificados), demonstrando que ela possui chances reais de sonhar com a olimpíada. A equatoriana Andrea Rojas, que tinha se saído muito bem na velocidade, ficou em 83ª (de um total de 91).
O equatoriano Danny Valencia também ficou abaixo do que já rendeu em outras etapas: 83º (de um total de 107). O escalador Carlos Granja foi o melhor sul-americano classificado: 39º, ficando a uma boa distância da “zona das semifinais”. O brasileiro César Grosso também competiu em Moscou, ficando em 71º (de um total de 107).
Polêmicas no Route Setter
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Entretanto, analisando friamente os classificados e sua performance nas finais, é fácil creditar a uma espécie de estratégia dos eslovenos, assim como intuir que existem níveis diferentes de concentração e determinação.
Como existem três provas (classificatórias, semifinais e finais), é possível imaginar que cada atleta adota estratégias diferentes para poupar-se. Além disso, as semifinais e finais, são disputadas no mesmo dia o que, embora não pareça, há um desgaste físico. Portanto, quem “escalou para o gasto” nas semifinais, parece que sobrou nas finais.
Na final da categoria feminina ficou com Janja Garnbret (Eslovênia), Shauna Coxsey (Inglaterra), Fanny Gibert (França), Lucka Rakovec (Eslovenia), Jéssica Piltz (Áustria) e Futaba Ito (Japão).
Na final da categoria masculina ficou com Jernej Kruder (Eslovênia), Andam Ondra (República Tcheca), Yushiyuki Ogata (Japão), Anze Peharc (Eslovênia), Rei Kawamata (Japão) e Vadim Timonov (Rússia).

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.