Conservacionismo e preservacionismo: Qual a diferença entre as duas filosofias?

Quem pratica esportes de natureza sabe que quanto mais preservado é uma área, melhor a experiência no esporte. A preservação do meio ambiente é o conjunto de práticas para proteger a natureza das ações que provocam danos ao meio ambiente.

Quais ações são danosas ao meio ambiente? Exemplos não faltam: Poluição, degradação de florestas, extinção de animais, aquecimento global, descarte inadequado de lixo, consumo exagerado de recursos naturais, desperdício de água, etc.

Com uma população mundial chegando próximo de 7,753 bilhões de pessoas, é quase que consenso comum que é necessário preservar a natureza. A partir desta problemática surgiu duas frentes filosóficas: conservacionismo e preservacionismo.

Duas filosofias que parecem ser iguais nas ideias, que é preservar o meio ambiente, mas são totalmente diferentes na sua execução.

De maneira resumida, o conservacionismo é uma abordagem ampla para preservar o que já existe e o devido cuidado e atenção para protegê-lo para o futuro. Por outro lado o preservacionismo afirma que para a proteção da natureza é necessário considerar o ser humano como o causador do desequilíbrio que existe.

Ambas tem origem no fim do século XIX, nos EUA, em contraponto aos preceitos desenvolvimentistas.

A história do Conservacionismo

Muitos consideram o movimento convervacionista como uma “ideia nova” (início do século XX), mas seus princípios foram abordados em estudos sobre natureza no início da revolução industrial. Os recursos de madeira na Inglaterra, principal país da Revolução Industrial, estavam se esgotando perigosamente em 1662, quando o escritor inglês, proprietário de terras e jardineiro John Evelyn publicou um estudo que defendia a importância de conservar as florestas, gerenciando a taxa de esgotamento, e garantir que as árvores cortadas fossem reabastecidas.

Evelyn foi membro fundador da Royal Society, em 1660, que é uma sociedade erudita do Reino Unido que cumpre uma série de papéis, entre eles de promover a ciência e seus benefícios e reconhecer a excelência na ciência. Seu trabalho Sylva, ou A Discourse of Forest -Trees and the Propagation of Timber, publicado em 1664 foi muito inflexível em seu apelo aos proprietários de terras para plantar árvores.

Posteriormente, na Europa, principalmente em países como Prússia e França, diversos trabalhos científicos sobre florestas e reflorestamento foram publicados e, como iam contra o pensamento desenvolvimentista e colonizador, geraram controvérsia. Como muitos dos países ainda viviam em plena era do colonialismo, preservar uma área parecia absurdo para as pessoas da época, que acreditavam que os recursos naturais eram infinitos (sobretudo nas colônias).

Conservacionismo era até então uma ideia de academia, mas sequer foi adotada por políticos, escritores, jornalistas e população. Somente em meados do século XIX, com a primeira aplicação prática dos princípios científicos de conservação às florestas da Índia que o movimento convervacionista começou a tornar-se realidade.

Entretanto, um marco considerado decisivo para o movimento convervacionista, sobretudo no continente americano, foi a publicação do livro “Walden”, de Henry Thoreau, que fazia importantes contribuições filosóficas que exaltavam a natureza. Thoreau estava interessado na relação das pessoas com a natureza e estudou isso vivendo perto da natureza em uma vida simples.

Com a filosofia do conservacionismo “virando moda”, foi necessário encontrar uma pessoa influente que a adotasse e implentasse. Esta pessoa foi Gifford Pinchot, um engenheiro florestal e político norte-americano que após se formar em 1889 e estudar na Europa, em 1892 iniciou o primeiro trabalho florestal sistemático nos EUA. Em 1896 foi nomeado membro da Comissão Nacional de Florestas da Academia Nacional de Ciências, que elaborou o plano de reservas florestais dos EUA.

Não demorou muito para Pinchot conseguir convencer de suas ideias conservacionistas outra pessoa “peso pesado” para o time: o presidente norte-americano Theodore Roosevelt. Liderados por Roosevelt e Pinchot, foi implementado uma filosofia política que tinha como objetivo tirar a exploração de recursos naturais das mãos de corporações e grupos econômicos específicos para que fossem geridos no interesse da coletividade.

Com o tempo, instituições de governo, como o instituto florestal dos EUA, foram criadas para gerir e conservar a natureza e minimizar os impactos no país.

A temática conservacionista só teve notoriedade no Brasil em meados da década de 1970. O motivo era óbvio: a política desenvolvimentista da ditadura militar, a qual datava do século XIX, à época mostrava sinais de ser um grande equívoco (como na realidade foi). Escândalos econômicos, que escancararam a falta de preocupação com a natureza, como a rodovia transamazônica e a Ponte Rio-Niterói, colaboraram para uma maior preocupação da sociedade com a natureza e sua preservação.

Antes disso, a degradação do meio ambiente era visto pela sociedade brasileira apenas uma etapa para se construir usinas e rodovias, entre outros empreendimentos de pequeno a grande porte. Por volta do final da ditadura militar, meados dos anos 1980, é que surgiram discussões relevantes, maduras e, às vezes, realistas sobre temas ambientais graças a pressões do movimento ambientalista já mundialmente difundido.

A história do preservacionismo

O movimento de preservação, ou preservacionismo, contrastava com o movimento de conservação, ou conservacionismo, por ser uma vertente mais radical e quase que utópica. Enquanto o conservacionismo era um movimento que visava o uso planejado dos recursos naturais, o movimento de preservação visava impedir a espoliação de áreas naturais.

Por causa dessa diferença de abordagem, o movimento de preservação e o movimento de conservação às vezes estavam em conflito um com o outro. O pai dessa filosofia radical era John Muir e ela evoluiu da necessidade de manter os recursos naturais, como pesca, manejo da vida selvagem, água, solo, bem como conservação e recursos naturais sustentável.

O movimento preservacionista, fundado por John Muir, era sem dúvida mais radical, por acreditar que a interferência humana é essencialmente nociva à natureza. Protegendo a natureza, isolando-a, contra o desenvolvimento industrial e urbano era essencial para o conservacionismo. Para o movimento de conservação, os animais, plantas e ecossistemas teriam um valor em si mesmos, independentemente da utilidade que pudessem ter para o homem.

Theodore Roosevelt apoiou tanto a conservação quanto a preservação, e agiu vigorosamente para expandir o sistema de parques nacionais e monumentos dos EUA, a fim de impedir a exploração comercial e privada de importantes áreas naturais intocadas.

As diferenças entre conservação e preservação foram talvez menos acirradas nos primeiros anos do século XX do que se tornariam depois que a população dos EUA cresceu exponencialmente, principalmente após a II Guerra Mundial.

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