Conhecimento básicos sobre avalanches que todo montanhista deveria saber

Uma avalanche (também chamado tecnicamente de alude) é, em linhas gerais, quando uma massa acumulada de neve de repente começa a se movimentar de maneira rápida, e bastante violenta, deslocando-se em direção ao vale. Durante esta descida, a massa inicial agrega um volume maior de neve arrastando o que existir no caminho: árvores, rochas e construções, chegando a atingir impressionantes 160 quilômetros por hora.

Apenas a título de curiosidade, se você estiver a 1 km no caminho de uma avalanche que esteja a “modestos” 100 km/h (27,7 m/s), ela irá atingir você em aproximadamente 35 segundos.

Tudo o que existir no caminho de uma avalanche fica com um rastro de destruição impressionante.

Foto: Tunk Findik | http://www.dailymail.co.uk/

Foto: Tunk Findik | http://www.dailymail.co.uk/

As avalanches são produzidas quando a sustentação para a massa de neve perde sustentação com a montanha, podendo ser espontânea ou provocada por ação humana.

Qualquer escalador apino, praticante de alta montanha e escritor conhece muitas histórias de avalanches que mataram vários escaladores ao longo do tempo. Qualquer pessoa que seja interessada em montanhismo já leu, ou viu em algum filme, sobre uma avalanche.

Normalmente a cena de filme mais clichê sobre avalanches é mostrado quando um esquiador acaba soterrado por uma avalanche, e sempre algum herói aparece para desenterrar o personagem.

Porém na vida real não é bem assim que funciona (como tudo referente aos filmes), ainda mais para praticantes de alta montanha, pois normalmente não há estações de esqui com regatistas nas proximidades, que poderia ajudar no socorro está esgotado por conta do mal de altitude, e muito provavelmente se o montanhista for surpreendido por uma avalanche tem pouquíssima chance de sobreviver.

Tipos de Avalanche

Tecnicamente qualquer coisa que estiver depositada em um terreno inclinado, e cair repentinamente esta inclinação abaixo (no caso a encosta da montanha), desce sob o efeito de uma avalanche: areia, lama, rochas, gelo, neve, etc.

Por isso trataremos abaixo de dois tipos de avalanche mais comuns em alta montanha: Avalanches de Rocha, Avalanches de Gelo e Avalanches de Neve.

  • Avalanches de Rocha

queda_de_blocosApesar de parecer bastante raro o fenômeno de avalanches de rocha, o aquecimento global fez com que este tipo de acontecimento fosse cada vez mais comum nas escaladas em alta montanha.

O aquecimento global faz com que o gelo existente em altas montanhas derretessem com a mudança climática, e assim rochas que antes ficavam sob neve constante, agora estejam livres para descer montanha abaixo.

Até mesmo a incidência mais constante de sol na superfície das rochas, que antes estavam cobertas por neve, colabora para que haja desprendimentos de rochas.

Locais que estão vivenciando grandes variações de temperatura, as quais não aconteciam antes, têm de enfrentar esta realidade, e conviver com o perigo destes desprendimentos de rocha.

Qualquer abalo sísmico também ajuda a provocar este desprendimento de rocha, em maior ou menor grau, causando a avalanche.

  • Avalanches de Gelo

São avalanches formadas por blocos de gelo com milhares de toneladas que desprendem-se de uma massa maior e desabam percorrendo grandes distâncias.

As distâncias percorridas por uma avalanche de gelo é superior às de neve, causando muito mais estragos por onde passa, pois a área abrangência é muito maior.

As avalanches de gelo são de origem glaciária (originado de uma geleira), e junto com o volume de gelo deslocado, também é transportado um considerável volume de rochas, que aumenta consideravelmente o seu poder destrutivo.

Alguns estudos concluíram que avalanches glaciárias iniciam quando os primeiros raios solares do dia incidem sobre a sua superfície.

Entretanto este não é um conceito consolidado 100% entre os estudiosos, pois há uma outra vertente que afirma que estas avalanches são fruto de pequenos abalos sísmicos.

  • Avalanches de Neve

Apesar de serem as mais conhecidas, documentadas e estudadas, as avalanches de neve são as mais complexas de todas as existentes por existirem tantas variáveis na sua ocorrência que as tornam muito difíceis uma previsão precisa do fenômeno.

Porém para a observação da periculosidade de avalanches é relativamente simples: Nas montanhas a neve acumula na face oposta à incidência do vento e em terrenos com inclinação inferior a 60º.

Foto: http://www.cearaagora.com.br

Foto: http://www.summitpost.org

Assim a formação de várias camadas de neve, cada qual com uma densidade diferente (devido à compressão dos pesos de cada camada) pode fazer com que as camadas mais superiores se deslizem pelo peso e de atrito. As camadas externas não são tão coesas como as internas, assim este deslizamento mínimo causa a avalanche.

Mas em terrenos com inclinação inferior a 25º a camada de neve superior compacta as inferiores em vez de simplesmente deslizar sobre elas.

Como o o clima de alta montanha é bastante seco, sempre com baixas temperaturas, a neve sedimenta-se em forma de pó nas encostas (de onde vem a expressão powder dos esquiadores) preenchendo qualquer espaço vazio, até mesmo em inclinações próximo a 90º.

Entretanto é muito importante que o montanhista saiba também os tipos de neve que existem (dependem do formato do floco), para saber identificar na nevasca que tipo de neve está sendo depositada na montanha e concluir sobre a periculosidade de avalanches.

Foto: http://www.its.caltech.edu/

Foto: http://www.its.caltech.edu/

As camadas de neve necessita de condições especiais para deslizar, sendo o tempo de sedimentação de camadas é determinante para isso, pois se um volume muito grande for depositado em pouco tempo sobre uma já existente (e de preferência mais antiga), provavelmente  que haverá deslizamento.

Isso porque não houve tempo para que as duas camadas se consolidassem, aumentando assim o atrito existente entre as duas, pois quanto maior for o floco de neve, maior a possibilidade de deslizamento em relação a outro.

A existência de gelo, e até mesmo granizo, apresenta um sinal característico de que uma avalanche está próxima de acontecer.

A água da chuva pode também atuar como lubrificante das camadas de neve, fazendo com que uma deslize sobre a outra, sendo assim na alta montanha quando um dia com calor seguido de tempestade à noite também é indício de uma iminente avalanche.

Por isso, montanhistas experientes afirma que 95% das avalanches acontecem durante, ou após, uma forte nevasca.

Como prevenir de uma avalanche

Foto: http://www.cearaagora.com.br

Foto: http://www.cearaagora.com.br

Todo e qualquer montanhista, não importando a modalidade que pratica, deve consultar sempre a previsão meteorológica antes de programar a sua atividade, e em alta montanha não poderia ser diferente.

Procurar sempre escalar com guias e companheiros experientes também é uma boa prática a quem quer evitar de ser pego de surpresa por uma avalanche. Um montanhista experiente saberá ficar longe de cornijas ou cornisas de neve.

As cornijas de neve são formadas pelo acúmulo de neve no lado oposto ao que o vento sopra numa crista da montanha. Este acúmulo de neve nas cristas não possuem resistência para suportar o peso de uma pessoa. Quando é submetido a algum peso, tende a ceder, e ser o provocador de uma avalanche.

Uma boa prática também é ficar evitar seracs com inclinações negativas, e por isso o planejamento do ataque ao cume deve ser criterioso e preciso..

Um serac é um bloco de gelo de grandes dimensões, fragmentado e pertencente a um glaciar, sendo perigosos para os montanhistas, porque são quebradiços e instáveis.

Evitar de escalar no centro de canaletas (que devem ser escaladas transversalmente  ou em zigue-zague) também é uma boa prática do montanhista prudente, e uma técnica clássica de evitar ser surpreendido por avalanches.

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