Congresso dos EUA aprova o Great Outdoors Act – O que Brasil tem a ver com isso?

Foi divulgado hoje pela imprensa mundial que a economia dos EUA sofreu uma contração recorde de 32,9% no segundo trimestre de 2020. Os números foram pelo escritório oficial de estatísticas do Bureau of Economic Analysis (BEA). No trimestre anterior, a queda havia ficado em 5%.

Mas o que isso impacta o Brasil? Simples, no país hoje os países que mais investem são no Brasil, provenientes de 22 empresas, EUA, China, Japão, França e Itália. Portanto, várias das empresas norte-americanas irão diminuir os gastos e investimentos.

Paralelo a isso, na semana passada foi muito comemorado pelas empresas da indústria outdoor norte-americana a aprovação no congresso norte-americano o Great American Outdoors Act. Ele tem dois componentes principais: financiar total e permanentemente o Land and Water Conservation Fund (LWCF) e fornecer US$ 9,5 bilhões em financiamento para atender a uma reserva de manutenção nos parques nacionais americanos.

A Associated Press (agência de notícias Independente) escreveu que seria “a legislação de conservação mais significativa promulgada em quase meio século”.

Mas como isso irá ajudar o esporte outdoor no Brasil?

De início, não haverá muito. Primeiro porque o governo brasileiro necessita administrar a pandemia, além de ter de estancar o caos econômico que inevitavelmente o país irá enfrentar no último trimestre deste ano. Além disso, já há uma pressão política e econômica para que as questões de preservação ambiental sejam levadas mais a sério.

Portanto, ao menos a médio e longo prazo, haverá um inevitável fortalecimento da cultura outdoor e dos esportes ligados às áreas naturais dos EUA. Este fortalecimento, que tende a ser “turbinado” pelo Great American Outdoors Act, fará com que a relevância da

O PEW Charitable Trusts listou maneiras pelas quais as atividades outdoor contribuirá para a economia dos EUA (que, como informado no início do texto, enfrenta sua pior recessão da história):

  • Setor de atividades outdoor: Os setores de trekking, pesca, equipamentos de camping, fabricantes de equipamentos outdoor, mountain bikes e esportes outdoor contribuem com US$ 778 bilhões em produção econômica para os EUA (equivalente a 2,2% do PIB dos EUA). Somente nos EUA, a industria de atividades outdoor nos EUA geram 5,2 milhões de empregos.
  • Turismo em parques nacionais: Nos EUA os parques geram US$ 21 bilhões em gastos diretos em hospedagem, restaurantes, gás e custos semelhantes, resultando em mais de US$ 40 bilhões em produção econômica total. Os parques empregam de 340.000 pessoas por ano. Uma análise recente do US Park Service projeta que o Great American Outdoors Act apoiará 100.000 empregos adicionais.
  • Indústrias de caça e pesca: apoiadas por 49 milhões de esportistas; essas empresas empregam 1,3 milhão de norte-americanos e contribuem com US $ 200 bilhões para a economia nacional a cada ano.
  • Criação de emprego: Um estudo da Universidade de Boston diz que cada US $ 1 milhão investido na Land and Water Conservation Fund produz 17 a 31 empregos.

Uma pequena amostra do que pode se esperar no Brasil pode ser visto pelo processo de concessão à iniciativa privada a administração de parques federais brasileiros. Para especialistas, a concessão de serviços em parques nacionais à iniciativa privada tem seu lado positivo, mas o tema ainda deve ser tratado com cautela.

Foto: allyosemite.com

O projeto chama-se Programa de Parcerias de Investimento (PPI) e foi criado pela Lei nº 13.334, de 2016. O lado positivo desta inclusão dos parques federais no PPI é o fato de que o programa de concessão de serviços em UCs ganha um status semelhante ao de outras concessões no âmbito do Governo Federal. Assim, o parque é inserido em uma governança mais ampla (leia-se administração possivelmente mais eficiente), o que pode caracterizar mais rapidez na estruturação e condução dos trabalhos.

Punições a turistas que se comportarem mal, fazendo fogueiras ou andando fora das trilhas dos parques, podem ser, inclusive, implementadas. Além disso, há um maior controle de entrada e saída de visitantes. Para quem é montanhista e praticantes de esportes outdoor, caso um parque seja concedido à iniciativa privada, torna-se fundamental ter representatividade através de alguma entidade de classe (associação ou federação).

A título de referência, nos EUA, onde os serviços de visitação é, na sua maior parte, terceirizado, registrou em 2018 aproximadamente 318 milhões de visitantes em suas unidades. Já no Brasil, foram registradas pelo ICMBio em unidades de conservação federais no mesmo ano 12,4 milhões. Ou seja, quando a indústria outdoor dos EUA crescer e gerar mais dinheiro, mais interesse em fazer o mesmo irá ser despertado por aqui.

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