Como treinar força dos dedos com uma lesão de polia

A lesão de polia dos dedos é uma das mais frequentes dentro do universo da escalada. Uma lesão assim significa semanas, ou até mesmo meses, parado (a) sem poder escalar. O desespero toma conta da pessoa quando percebe que perderá perder tudo o que ganhou com força, voltando à estaca zero.

Mas o conselho, como médico e especializado em treinamentos de escalada, que posso dar é que não se desespere nem perca as esperanças de evoluir, pois, diferentemente da tendinite, é possível seguir treinando as mãos e dedos sem fazer uso das polias.

Lembro também que tomar remédio veterinário para fortalecer os tendões irá apenas piorar. As polias são os ligamentos que mantêm o tendão na ponta do dedo quando há um arqueamento. Sua lesão é frequente quando se usa, ou mesmo abusa, da posição de arqueio completo, ou mesmo o semi-arqueio, no momento de escalar.

A polia com a mão em arqueio oferece uma porcentagem mais à fricção do tendão e no mantenimento dos dedos em qualquer agarre. É por isso que o arqueio é usado para gerar mais força nos dedos. A partir deste ponto de vista, a agarrada com a mão aberta gera menor força, pois não usa as polias como meio de fricção sobre o tendão.

Ou seja, o efeito de corda de arco é menor ou quase nula em mãos abertas, abaulados ou mesmo em pegada primata. A polia em pegada primata possui um trabalho passivo, ou mesmo nulo, em manter o tendão na sua posição. Abaixo está os cuidados que devem ser feitos para treinamento em estado de recuperação de uma lesão de polia. Ele pode ser o que irá salvar qualquer escalador que deseja não ficar parado durante o período parado.

Mas antes aproveito para lembrar que, após consultar um médico (não confie em análise superficiais de amigos), se a sua polia está com ruptura total, nem se preocupe em seguir este texto. Para estes casos o melhor é o repouso.

Porém, se a sua polia possui somente uma inflamação, é possível seguir treinando os dedos em fingerboard (mas não escalando!) e assim não perder a força das mãos. Deve escolher uma agarra que possa segurar com as mãos estendidas (abertas). Me refiro a três dedos, pois quando agarras com a mão aberta com 20 a 25 milímetros, o dedinho fica “sobrando”. Algo assim, usando um tridedo, é baixa a possibilidade de arquear.

Uma boa proporção dos escaladores com lesão na polia dos dedos, no momento que pendurar em agarras com a mão abertas não sente dor na parte afetada. Este é o melhor indicador de que pode seguir treinando força muscular e tendinosa nas mãos.

Portanto, deve evitar que a polia afetada tenha contato direto com a agarra escolhida. Mesmo sendo uma abaulado de duas falanges e a lesão ser de polias distais (verifique com seu médico que tipo de lesão possui). Uma boa medida para saber isso, é colocar esparadrapo no dedo comprometido, somente para proteger a polia, mas não para manter ela no lugar.

Se ao pendurar-se com uma agarra de mão aberta, ainda assim a polia incomoda, seja por apenas pendurar-se ou mesmo pelo atrito, você fará parte da porcentagem de pessoas que não pode fazer treinamento em fingerboard. Este é um mal sinal e que significa meses de espera (insistir apenas irá aumentar seu tempo afastado).

Foto; http://rockandice.com

O treinamento em fingerboard será o mesmo que qualquer um outro, com períodos de 48 horas de descanso e em posições que não force a lesão. O ideal, em todo caso, é trabalhar força e resistência em fingerboard mais que a força força máxima.

É ideal também que comece a recuperação ao mesmo tempo que os trabalhos de força. Faça exercícios de semi-arqueio, mas muito bem controlado e com baixas cargas desde o início, para estimular a polia e fortalecer-se para um trabalho de escalada.

Escalar em um muro, tratando de somente usar as agarras abertas é uma ideia ruim, porque o semi-arqueio e o arqueio completo sempre é usado e, por isso, é quase impossível evita-los. Isso porque se não é bem controlado, como um fingerboard, irá apenas piorar a lesão.

Pode evitar perder força com esta metodologia diante de sua lesão de polias de dedo, mas também poderá colaborar para adquirir força e destreza em agarras com mão aberta. Desta maneira, no futuro sem lesão, deixará de abusar de movimentos com arqueio completo e regletar tudo, tendo menos propensão a lesionar novamente nas polias dos dedos.

Use estes “conselhos”, com muita parcimônia e lembre-se que toda dor é na verdade sua amiga, pois ela é quem avisa o momento de parar.

Tradução autorizada: http://rocanbolt.com

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